KPMG: 95% das empresas pesquisadas apresentam riscos relacionados aos direitos humanos
Principais problemas estão associados à relação com terceiros e trabalhadores diretos.
André Winter, sócio-diretor de ESG da KPMG no Brasil. (Foto: Divulgação)
Um estudo realizado pela KPMG revelou que 95% dos entrevistados sinalizaram que as empresas, da qual eles fazem parte, apresentam algum nível de riscos relacionados aos direitos humanos, com destaque para aqueles associados à relação com terceiros (88%) e trabalhadores diretos (52%). Esses são os principais resultados do recorte Brasil, da segunda edição da pesquisa “Direitos Humanos nos Negócios”. O levantamento foi feito, no final do ano passado, com 80 profissionais de diferentes cargos de organizações de oito setores, entre eles, consumo e varejo, energia e recursos naturais, infraestrutura, governo, serviços e instituições financeiras.
“Esses percentuais sugerem que as organizações estão altamente expostas a esse tipo de risco em suas interações com seus fornecedores, evidenciando a crescente pressão para que as cadeias de suprimentos adotem práticas éticas e sustentáveis. Além disso, há desafios internos, como condições laborais, prevenção ao assédio, diversidade e inclusão, bem como saúde, segurança e bem-estar dos funcionários, ainda são questões centrais na agenda corporativa”, analisa o sócio-diretor de ESG da KPMG no Brasil, André Winter.
Compromisso, transparência e prestação de contas
O levantamento mostrou ainda que apenas 45% dos participantes declararam que as organizações têm compromissos públicos alinhados aos impactos nas pessoas e direitos humanos - como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Outro ponto crítico apontado pelo levantamento está na transparência e prestação de contas: embora 93% das empresas tenham canal de denúncia, 21% delas não apresentam mecanismos estruturados e formalizados internamente para tratar tais informações, garantindo uma abordagem mais eficaz para resolver incidentes.
Além disso, a inclusão de informações sobre direitos humanos nos relatórios corporativos se mostrou da seguinte forma: 46% das empresas incluem esses dados; 19% não abordam o tema; 30% não divulgam relatórios; e 5% não souberam informar.
“O estudo reforçou que, apesar dos progressos, as empresas no país estão em uma jornada de adequação das atividades de controle para fortalecer os controles e mitigar impactos sobre os direitos humanos de maneira abrangente no ambiente corporativo brasileiro. A incorporação de boas práticas globais, a ampliação do monitoramento e o fortalecimento da transparência são passos fundamentais para consolidar um modelo de negócios mais ético e sustentável”, esclarece a sócia-diretora de forense da KPMG no Brasil, Tamara Oliveira.
Política interna e treinamento
A maioria das empresas (85%) mantém algum tipo de governança formal sobre o tema, seja por meio de uma política de direitos humanos específica (53%), seja pela menção ao assunto no código de conduta ou ética (32%). Esses documentos abordam em geral, uma ampla gama de riscos relacionados ao tema, com destaques para assédio (74%), discriminação (70%), saúde e segurança no trabalho (68%), condições de trabalho (64%), trabalho escravo (63%) e trabalho infantil (58%).
Embora 40% das empresas tornem os treinamentos sobre direitos humanos obrigatórios para todos os funcionários, outras 34% não realizam capacitação e 11% desconhecem essa informação. Com relação à destinação de recursos para ações deste tipo, 41% das organizações deslocam orçamento para tais iniciativas e 34% sequer dispõem de recursos específicos para tratar desses desafios.