Crescimento populacional impõe novos desafios ao agronegócio brasileiro

Agronegócio enfrenta o desafio de atender à crescente demanda por alimentos sem comprometer o meio ambiente.

Alex_Carreteiro_Presidente_da_PepsiCo_Brasil_Alimentos_reduzidaAlex Carreteiro, presidente da PepsiCo Brasil. (Foto: Divulgação)

Com a previsão de aumento de 2 bilhões de pessoas na população global nos próximos 50 anos, o agronegócio enfrenta o desafio de atender à crescente demanda por alimentos sem comprometer o meio ambiente. Neste cenário, a produção sustentável se apresenta como uma alternativa estratégica para evitar a degradação planetária.

“A agricultura familiar, os pequenos produtores e as cooperativas serão fundamentais para garantir a segurança alimentar. Ao mesmo tempo, os grandes produtores e a produção extensiva de soja, milho e proteína animal também devem desempenhar um papel importante para atender a essa demanda crescente de maneira sustentável", afirma Gustavo Loiola, especialista em sustentabilidade e ESG, membro do Faculty Consortium em Sustainable Finance da Kellogg Busines School e da UN Global Compact através do PRME – iniciativa da ONU voltada para educação executiva responsável.

Tecnologias inovadoras, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), e práticas sustentáveis, como reuso de água, agricultura regenerativa e agricultura de precisão, são algumas das mudanças em andamento no setor. No entanto, a transição para práticas mais sustentáveis exige investimento, recursos e um comprometimento coletivo para garantir que o agronegócio continue a prosperar de maneira responsável.  “O acesso a recursos financeiros, como os oferecidos pelo Plano Safra e Plano ABC, facilita a vida dos produtores que possuem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em dia e adotam práticas para minimizar seus impactos ambientais e emissões de gases de efeito estufa”, aponta.

Inovar é preciso

Com incremento de 10%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, no início do julho, o Plano Safra 2024/2025 para o financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país, que somam recursos totais de R$ 400,59 bilhões. No Renovagro, voltado à recuperação e conversão de pastagens e práticas agropecuárias ambientalmente sustentáveis, os juros serão de 7%, mesmo percentual para os produtores que quiserem financiar a construção e armazéns de até 6 mil toneladas. “Estamos trabalhando para que a agropecuária continue sendo uma força na propulsão da agricultura brasileira”, pontuou o ministro da Agricultura. Carlos Fávaro.

"Esse Plano Safra é completamente aderente ao plano de transformação ecológica do Brasil. Essa ideia de financiar, a juros baixos, a recuperação de terra degradada e recolocar essa terra à serviço da produção, é uma das principais demandas do mundo em relação ao Brasil, no que diz respeito a questão agropecuária”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Francisco Matturro, presidente do LIDE Agronegócios, destaca que o agro precisa de reconhecimento. “O único setor da economia do país que disponibiliza 20% a 80% do seu patrimônio para preservação ambiental é o agro. Nós fazemos isso primeiro por lei, mas principalmente por consciência do produtor. Precisamos falar bem do Brasil no exterior, somos um exemplo”, enfatiza.

Novo hub

A iniciativa privada se movimenta para atender as exigências globais por maior produtividade alinhada com o uso de tecnologias sustentáveis. A PepsiCo acaba de lançar no Brasil, o PepsiCo Labs, hub global de inovação que visa propor soluções a desafios comuns da indústria de alimentos. O Brasil foi escolhido para sediar, na América Latina, o hub global que tem mais de 100 projetos-piloto ao redor do mundo e está presente em 70 países onde a companhia atua.

A escolha se dá pelo país ser um mercado estratégico para a PepsiCo, ter um ecossistema de inovação forte e maduro, além de ter escala continental, com riqueza em biodiversidade, criatividade e abundância de talentos com soluções inovadoras. A intenção é identificar iniciativas que atuem na prevenção de perdas no processo agrícola de batatas, com a identificação precoce de anomalias; monitoramento da qualidade e do beneficiamento até a fábrica; além de provocar uma comunicação mais ágil e sistêmica com produtores.

“Diante desses desafios, a PepsiCo vai priorizar uma agenda de impacto positivo, focando na promoção de soluções conectadas ao meio-ambiente e impacto social, em alinhamento com o nosso direcionamento global de PepsiCo Positive (pep+), nossa agenda ESG. Por meio dessas soluções, com uma ênfase especial nas pessoas, chegaremos em toda a nossa cadeia”, explica Alex Carreteiro, presidente da PepsiCo Brasil. “Nossa missão é transformar o futuro e fomentar a inovação em benefício de todos, convertendo os desafios de hoje em oportunidades para o amanhã”, completa.

Genética

Como resultado de investimentos em novas tecnologias que impactam diretamente a produtividade do campo, a Cooperativa Frísia – que completará um século de história em 2025 – alcançou no mês de julho a média de 1 milhão de litros de leite produzidos por dia. É a primeira vez na história da cooperativa que esse número é atingido. A produção de leite dos cooperados da Frísia apresenta crescimento médio de 7% ao ano, mas a expectativa é que nos próximos anos possa chegar a 10%.

Por meio da genética, foi iniciada há décadas a introdução da raça holandês importada e, com o passar dos anos, a melhoria dos animais com inseminação artificial. Depois, a tecnologia de transferência de embriões e, atualmente, a genotipagem das vacas - método consiste em verificar o DNA dos animais e, de acordo com essas informações, definir os melhores cruzamentos.

“Temos muito orgulho de tudo que criamos nesses 99 anos, com trabalho, respeito e compromisso. Os nossos cooperados sempre produzem com excelência. Quando alguém consome o que produzimos, pode ter certeza que terá algo de extrema qualidade em mãos”, afirma o presidente da Cooperativa Frísia, Renato Greidanus.