Grazielle Parenti, VP e head da Syngenta Group: 'priorizamos a sustentabilidade e as práticas que promovam a valorização dessa agenda'

Grazielle Parenti avalia que este novo momento representa uma oportunidade de expandir as iniciativas da companhia em sustentabilidade com um forte foco de negócios em escala global.

Grazielle Parenti - 01Grazielle Parenti, VP de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Syngenta e Head de Alianças da Cadeia de Valor Global do Syngenta Group. (Foto: Divulgação)

Uma pesquisa divulgada pela CropLife Brasil mostra que o mercado de bioinsumos cresceu 15% na safra 2023/2024, em comparação à anterior. O estudo demonstra ainda que, nos últimos três anos, o segmento evoluiu a uma taxa média anual de 21%, percentual quatro vezes acima da média global. Isto reforça que o mercado de biológicos no Brasil está em um momento de expansão acelerada, refletindo a abertura do agricultor brasileiro para o uso combinado de tecnologias químicas e biológicas, mirando em produtividade e sustentabilidade.

Neste mercado promissor, a Syngenta Proteção de Cultivos, empresa sediada na Basileia, na Suíça, e parte do Syngenta Group, se destaca como a multinacional líder em inovação agrícola, com um portfólio de tecnologias e soluções que viabilizam alta produtividade e sustentabilidade. Com quase 18 mil profissionais, a companhia foca em avançar a agricultura em mais de 90 países.

Comunicação clara

Com mais de 30 anos de experiência em reputação corporativa, assuntos governamentais, sustentabilidade, relações comunitárias e internacionais, Grazielle Parenti é uma líder apaixonada e comprometida no setor do agronegócio. Tendo assumido recentemente a vice-presidência de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Syngenta e a posição de Head de Alianças da Cadeia de Valor Global do Syngenta Group, a executiva avalia que este novo momento representa uma oportunidade de expandir as iniciativas da companhia em sustentabilidade com um forte foco de negócios em escala global. “Juntos às minhas equipes dedicadas no Brasil e pelo mundo, trabalharemos para ampliar nosso impacto e promover um crescimento sustentável em toda a cadeia de valor”, garante.

Uma das executivas mais admiradas em relações institucionais no Brasil, Grazielle também foi head de sustentabilidade e relações institucionais LATAM da Syngenta, entre 2022 e 2024. Nesta função, a executiva aproveitou sua experiência em agenda ESG, comércio internacional, indústria de alimentos e bebidas, marketing, diversidade e inclusão, governança corporativa, conformidade e assuntos corporativos para gerar impacto positivo e crescimento para a multinacional.

“Estamos buscando integrar nossas estratégias globais com as necessidades locais, garantindo que nossas soluções sejam relevantes e eficazes para os agricultores em diferentes regiões do mundo. Nesse cenário, o Brasil e todos os desafios enfrentados pela nossa agricultura têm um papel vital para essa integração global”, afirma Grazielle.

Ponto de vista

Como a empresa tem investido em pesquisa e tecnologia?

O Syngenta Group investe globalmente cerca de US$ 1,4 bilhão por ano no desenvolvimento de soluções inovadoras para a agricultura. Está no DNA da Syngenta criar soluções disruptivas que apoiem o agricultor em seus desafios diários. Recentemente, por exemplo, aportamos R$ 65 milhões no desenvolvimento do primeiro centro de tecnologia de produto da companhia na América Latina, localizado em Paulínia (SP), e prevemos desembolsar mais R$ 40 milhões nos próximos anos para ampliar o espaço.

Com esse novo local, a Syngenta amplia, ainda, a capacidade de gerar inovações e acelera a chegada das soluções ao mercado, trazendo para o país mais protagonismo no desenvolvimento de produtos que irão robustecer o nosso portfólio direcionado à agricultura tropical brasileira.

Só para se ter uma ideia, para o desenvolvimento de uma molécula, que pode dar origem a um novo ingrediente ativo, em média, são investidos US$ 200 milhões, ao longo de 10 anos. Isto porque é preciso estudar a nova tecnologia, caracterizá-la e testá-la para comprovar efetivamente para qual finalidade ela é indicada. Apenas após todo esse processo é que se segue à etapa de desenvolvimento de formulação. Agora com o centro, todo esse processo será otimizado. Isso significa que pretendemos acelerar a chegada de novas tecnologias para os agricultores.

A Syngenta tem investido muito em pesquisa e tecnologia, como isso tende a aproximar a companhia de importantes parcerias globais?

A Syngenta enxerga a sustentabilidade e a inovação como parte de sua estratégia de negócio, por isso já temos importantes parcerias que nos ajudam a fomentar uma agricultura cada vez mais sustentável.

Junto ao nosso parceiro financeiro Itaú BBA, temos impulsionado o nosso programa Reverte, atualmente presente em mais de 233 mil hectares e que já superou o marco de mais de R$ 1,5 bilhão em créditos liberados aos agricultores signatários, que têm apostado na recuperação de áreas degradadas para o avanço da agricultura sustentável. Importante destacar que a TNC – The Nature Conservancy – também é nossa parceria na expansão do Reverte na região do Cerrado. Outro exemplo: Recentemente, a Syngenta Digital firmou uma nova parceria com a Perfect Flight com o objetivo de atender com o máximo de qualidade mais uma demanda de mercado: a pulverização aérea. Com isso, vamos aumentar o portfólio disponível dentro da nossa plataforma de agricultura digital, a Cropwise, oferecendo ao produtor uma tecnologia de baixa complexidade, alto valor agregado e que permite maior controle de suas operações.

Outros exemplos de parcerias que temos realizado e que são fundamentais para a agricultura sustentável é o projeto Coexistência – iniciativa que busca promover boas práticas e a coexistência harmônica entre a apicultura e a agricultura nas lavouras de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo. A partir da plataforma digital GeoApis, é realizado o georreferenciamento das áreas apícolas e agrícolas, com o objetivo de conectar apicultores e agricultores. Além disso, no campo, uma equipe de técnicos apoia os apicultores com o compartilhamento de boas práticas no manejo das colmeias.

Outra parceria de destaque é a Rede ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), da qual fazemos parte e incentivamos a adoção por pequenos, médios e grandes agricultores, independentemente do bioma, para aumentar a produtividade, reduzir os riscos de produção, agregar valor aos produtos e melhorar a qualidade ambiental, pois reduz a necessidade de abertura de novas áreas e reduz as emissões de gases de efeito estufa. O estado de São Paulo possui cerca de 1,3 milhão de hectares de áreas com integração, o que representa 8,8% da área total sob uso agropecuário no estado.

Como tem avaliado a evolução da presença feminina no agronegócio nos últimos anos?

Ao longo dos meus 30 anos de carreira, percebi que muitas mulheres no agro (e fora dele) ainda enfrentam o desafio da evolução lenta. A minha expectativa sempre foi que as próximas gerações tivessem um caminho mais fácil, mas ainda esbarramos na realidade de que a transformação leva tempo.

Mas não podemos deixar de reconhecer os avanços significativos que já ocorreram. Me recordo que quando iniciei como trainee, precisávamos nos assemelhar aos homens para sermos aceitas. Hoje, há mais espaço para que as profissionais mantenham suas identidades, o que reflete mudanças culturais importantes e contínuas no setor.

Particularmente, eu sempre acreditei que meu esforço e mérito seriam suficientes para alcançar o que eu queria na carreira e as coisas aconteceriam. No entanto, pude ver que mesmo que eu tivesse feito muito, havia sim uma diferença entre os homens da minha geração e nós mulheres.

Ter gestores homens e mulheres que sempre esperaram de mim até mais do que eu achava que podia fazer também foi chave para meu desenvolvimento como profissional. Percebi também que estar preparada era importante, mas que gente menos preparada e com habilidades sociais se saía bem. Aprendi que ser autêntica tem muitos benefícios na construção de relações de confiança e que em situações em que nos vemos como única mulher na sala, temos que falar por todas.

Hoje, como uma mulher de 50 anos e vendo minhas filhas entrando no mercado de trabalho, só quero que possamos seguir acreditando em nossos potenciais e nos firmando em quaisquer espaços que desejemos ocupar.

Qual será o impacto e importância da COP30 e sua realização no Brasil?

A COP 30 será bastante relevante para o nosso País por uma série de fatores, dentre eles:

Reconhecimento do papel da agricultura na sustentabilidade: esperamos que os integrantes da COP 30 reconheçam a agricultura como uma parte fundamental no combate às mudanças climáticas, enfatizando práticas sustentáveis e inovações que possam reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Discussão sobre Agricultura Regenerativa: há uma expectativa crescente de que as discussões incluam a agricultura regenerativa, que visa restaurar a saúde do solo e aumentar a biodiversidade. E que representa um modelo de produção mais sustentável. Até porque, só assim vamos conseguir atender à demanda da população mundial que só aumenta e que vai precisar de mais alimentos. Ou seja, só com uma agricultura sustentável é possível alinhar produção agrícola e cuidado ao meio ambiente.

Financiamento e incentivos: os representantes do setor agrícola brasileiro esperam por compromissos internacionais que garantam financiamento e incentivos para a adoção de tecnologias e práticas agrícolas sustentáveis, permitindo que os produtores se adaptem às exigências ambientais.

Fortalecimento de parcerias: esperamos que a COP 30 promova parcerias entre países, empresas e organizações para impulsionar a inovação e a troca de conhecimento em práticas agrícolas sustentáveis.

Políticas públicas favoráveis: o setor agrícola espera que sejam discutidas políticas públicas que incentivem a sustentabilidade, como subsídios e incentivos fiscais para práticas que beneficiem o meio ambiente.

Visibilidade para o agronegócio brasileiro: espera-se que a realização da COP 30, no Pará, ajude a elevar a visibilidade do Brasil e de sua agricultura tropical como um líder em práticas sustentáveis, reforçando a imagem do país no cenário global.

Foco em segurança alimentar: nossa expectativa é que a segurança alimentar seja um tema central nas discussões, ressaltando como práticas agrícolas sustentáveis podem contribuir para a produção de alimentos de forma responsável e acessível.

Resposta às críticas internacionais: a COP 30 também será fundamental para que nosso setor possa ter a oportunidade de responder a críticas sobre a agricultura brasileira, apresentando dados e exemplos de iniciativas sustentáveis já em andamento. Temos que ter como prioridade mostrar que o Brasil é referência na adoção de boas práticas agronômicas.

Qual a mensagem que a operação brasileira da Syngenta e seus produtos querem passar ao mundo?

A Syngenta é o resultado da fusão entre expertise e tecnologias desenvolvidas há centenas de anos por reconhecidas empresas agroquímicas. Somos líderes em desenvolvimento de tecnologias para o mercado agrícola no mundo e desempenhamos um papel vital na cadeia de alimentos para nutrir e cuidar do nosso planeta. Trabalhamos para ser a equipe mais colaborativa e confiável do setor agrícola, fornecendo as melhores sementes e inovações em proteção de cultivos.

A sustentabilidade é o cerne da nossa estratégia de negócios e recentemente tornamos públicas as nossas novas prioridades globais de sustentabilidade, que são focadas em: mais produtividade com menos impacto; regeneração do solo e da natureza; aumento da prosperidade rural; e operações sustentáveis. Neste sentido, o Brasil e sua agricultura tropical representam um mercado prioritário para nós.

Como é a integração dos profissionais brasileiros com a matriz da companhia em Basileia, na Suíça?

Como em uma empresa global e que valoriza muito a conexão entre seus colaboradores, a integração entre os profissionais brasileiros e da matriz da Syngenta em Basel, na Suíça, é de extrema importância para o sucesso global da organização e acontece por meio de trocas constantes. Nossa cultura organizacional valoriza a colaboração e o intercâmbio de conhecimento e boas práticas entre as diferentes unidades de negócio e departamentos ao redor do mundo.

As funções corporativas baseadas na Basileia desempenham um papel crucial no suporte às operações das regiões, incluindo o Brasil. Seja fornecendo diretrizes estratégicas, compartilhando práticas globais ou oferecendo apoios diversos para as equipes locais. Esta estrutura permite que aproveitemos a expertise da companhia em seus diversos negócios e as adaptemos, conforme aplicável, levando em considerando as particularidades do agronegócio brasileiro e sua agricultura tropical.