Fernanda Hoe, Elanco Brasil: 'Não se trata apenas de reduzir as emissões, mas de alimentar uma população global crescente'

Melhoria de produtividade é um dos caminhos para o aumento na produção de alimentos saudáveis e redução da emissão de gases.

Fernanda Hoe-7Fernanda Hoe, diretora geral da Elanco Brasil. (Foto: Divulgação)

No mundo todo, são 735 milhões de pessoas passando fome e 2,3 bilhões em situação de insegurança alimentar. Com o aumento da população global, é necessário rever os métodos de produção.

Soluções como a captura e conversão de metano em energia renovável mostraram uma grande promessa na abertura de uma nova fronteira de valor para fazendas, prometendo ser o próximo passo no avanço econômico para o setor. Além disso, os avanços na produção de aditivos e rações resultaram em maiores rendimentos de proteína de rebanhos de tamanhos iguais ou menores, reduzindo emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“Esse ponto é importante: não se trata apenas de reduzir as emissões. Trata-se também de alimentar uma população global crescente com a nutrição de que ela precisa. Aproveitando ao máximo cada inovação promissora, o que engloba aceitar que os animais são parte da solução e devemos permitir – não restringir – toda e qualquer ideia que pode tornar isso uma realidade”, evidencia Fernanda Hoe, diretora geral da Elanco Brasil, empresa líder no setor em todo o mundo e terceira maior no Brasil.

Em campo

A Elanco Saúde Animal participa de uma série de projetos, nacionais e globais, com o propósito de fomentar novos estudos, práticas e tecnologias capazes de aumentar a produtividade no campo e, consequentemente, promover redução de emissões de gases.

Além disso, desde 2021, com um aporte total de US$ 450 mil, a empresa vem apoiando, por meio da Elanco Foundation, o Projeto RestaurAmazônia, uma das iniciativas selecionadas para receber investimentos do Fundo JBS pela Amazônia. Neste projeto, a Fundação Solidaridad, organização internacional da sociedade civil, lidera a implementação do cultivo do cacau com a pecuária no Pará, com o objetivo de incrementar a renda das famílias produtoras, conservar áreas de floresta e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

“A iniciativa envolve cerca de 1.500 pequenos produtores na região da Transamazônica, onde a pecuária intensificada com sistemas rotacionados convive com plantações agroflorestais de cacau. O aumento de produtividade chega a cinco vezes. Com isso, as famílias percebem um aumento de renda significativo que pode ultrapassar os 30%. Este modelo pode ser escalado e se tornar referência em pecuária de baixo carbono na Amazônia”, afirma Joanita Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia.

O norte da solução

Para Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), empresa com atuação em cinco estados da região Norte, a data precisa trazer uma reflexão sobre a importância do desenvolvimento sustentável na região, como forma de manter a floresta em pé e trazer qualidade de vida para os mais de 29 milhões de amazônidas.

A chave para isso, segundo Steagall, está na bioeconomia, que consiste em um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos e que oferece soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção, com o objetivo de substituir os recursos fósseis. De acordo com a Associação Brasileira da Bioinovação (BBI), a implementação da bioeconomia no Brasil pode gerar faturamento anual de US$ 284 bilhões por ano. “É um negócio excelente, que alia preservação ambiental, melhoria da qualidade de vida das pessoas e desenvolvimento socioeconômico”, afirma Steagall.

Equilíbrio

Paulo Sousa - CARGILLPaulo Sousa, presidente da Cargill. (Foto: Divulgação)

O aumento da população mundial vem acompanhado da importância de uma produção de alimentos cada vez mais sustentável. O Brasil não fica de fora disso. Em 2022, a Cargill anunciou um compromisso inédito: apoiar a restauração de 100 mil hectares de áreas nos próximos cinco anos. Para atingir a meta, a empresa criou e reforçou uma série de parcerias com produtores, governos, entidades setoriais e outros atores sociais para apoiar os produtores na regularização ambiental e na restauração de áreas alteradas, contribuindo para o cumprimento do Código Florestal Brasileiro.

A Cargill no Brasil encerrou 2022 com receita operacional líquida de R$ 125,8 bilhões, o que representa um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. O lucro líquido de 2022 foi em R$ 1,2 bilhões, inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior, impactado principalmente pelo aumento de custos de produção e de logística.

Na visão do presidente da empresa no Brasil, Paulo Sousa, o resultado conquistado em 2022 mais uma vez está fortemente marcado pelo empenho e expertise dos mais de 11 mil funcionários da empresa no país e pela relevância das operações brasileiras no mapa global da Cargill. “Nós temos o orgulho de contar com pessoas que se identificam com o nosso propósito de alimentar o mundo de forma segura, responsável e sustentável. O Brasil desempenha um papel extremamente importante para a alimentação mundial e, na Cargill, temos certeza de que podemos contribuir para a segurança alimentar mundial, ao conectar os produtores de grãos e alimentos até os consumidores finais”, analisa Sousa.

Compromisso

DSC03310Elias José Zydek, presidente Executivo da Frimesa Cooperativa Central. (Foto: Divulgação)

A Frimesa Cooperativa Central, uma das principais referências na indústria de alimentos e agronegócio, também segue avançando em sua jornada com a sustentabilidade. A Companhia anunciou recentemente seus compromissos para impulsionar os princípios ESG (Ambiental, Social e de Governança Corporativa) em todas as suas operações até o ano de 2040.

Mas essa jornada teve seu início muito antes. E um exemplo dos esforços da Frimesa para auxiliar no alcance de um futuro mais sustentável foi a implementação de biodigestores em 2022, uma inovação no campo do agronegócio. Os biodigestores desempenham um papel crucial na estratégia da empresa, impulsionando a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa em suas operações.

Atualmente, a companhia realiza a disposição agrícola desse biofertilizante em áreas previamente cadastradas e regulamentadas por órgãos ambientais. A aplicação é cuidadosamente monitorada e rastreada, garantindo o controle total da cadeia de produção e minimizando qualquer risco ambiental, como a proximidade de nascentes e condições climáticas adversas. "Na Frimesa, estamos comprometidos em liderar a transformação em direção a um futuro mais sustentável para a nossa indústria", diz Elias José Zydek, presidente Executivo da Frimesa Cooperativa Central.