Nelmara Arbex: 'Não há como termos conversas de qualidade sobre práticas empresariais ESG se os dados não são confiáveis'
KPMG alerta para a importância da gestão de dados no combate ao green, blue e outros washings.
Nelmara Arbex, sócia líder de ESG da KPMG. (Foto: Divulgação)
A má gestão desses dados combinada com uma comunicação que muitas vezes não está apoiada em evidências robustas, leva à disseminação de práticas corporativas questionáveis conhecidas como washings. Essa é a avaliação da sócia líder de ESG da KPMG, Nelmara Arbex. Segundo ela, greenwashing trata-se do ato de comunicar, de forma intencional ou não, algo que leva o público a conclusões mais positivas sobre a performance do que as que podem ser realmente confirmadas por dados e evidências.
Esse tipo de fraude - de supervalorização de esforços corporativos para obter uma impressão favorável e sem comprovação objetiva de resultado - vem se propagando nos últimos anos. Com isso, novos conceitos surgiram como o greenwashing (ambiental) e outros “washings”(aspectos sociais, gestão hidrica, regeneração, etc.).
“Com os reguladores, investidores e a sociedade pressionado as empresas e exigindo que se posicionem com relação às suas práticas nesses temas (ESG), algumas acabam fazendo comunicações e gerando informações que parecem mais positivas do que realmente são. Um dos fatores que pode levar aos washings é a má qualidade dos dados que a empresa utiliza para basear a sua comunicação interna e externa. As empresas que não resolverem isso vão ficar de fora da discussão sobre geração de valor na proxima decada. Pois, não há como termos conversas de qualidade sobre práticas empresariais ESG se os dados não são confiáveis ou suas limitações não sejam bem conhecidas.”, analisa a sócia.
Na avaliação da sócia, assim como esperamos dos dados financeiros que são reportados ao mercado, os de sustentabilidade precisam estar bem estruturados, estarem apoiados em sistemas de gestão e governança robustos.
“Os dados precisam ser coletados e registrados em sistemas que garantam a qualidade deles, e deixe claras as suas limitações. Para isso, é preciso que toda empresa invista em sua gestão de dados em ESG.”, finaliza.
Saiba o que significa cada uma das cores das fraudes dos washings:
· Greenwashing - Refere-se à prática de enganar o público sobre iniciativas ambientais, mas sem o compromisso verdadeiramente sustentável.
· Carbonwashing - Trata-se de uma espécie de greenwashing que remete apenas à alteração do real cenário de redução de emissões de carbono ou de crédito de compensação de carbono.
· Pinkwashing ou rainbowwashing - Diz respeito a uma falsa defesa e apoio aos direitos da comunidade LGBTQIAP+, mas sem o compromisso com a implementação de projetos inclusivos dentro da organização.
· Purplewashing - Quando as empresas anunciam mensagens sobre diversidade e inclusão de mulheres, mas na verdade aplicam práticas internas inconsistentes.
· Bluewashing - Usado no contexto ESG, acontece quando a ética social e corporativa não está alinhada aos compromissos de sustentabilidade.
· Brownwashing - A empresa cria uma imagem pública de apoio às comunidades negras, pardas e indígenas, mas não garante que os próprios funcionários estejam protegidos contra discriminação, preconceito ou assédio.
· Redwashing - Esta prática é realizada não só por empresas, mas por governos que dão apoio público às causas indígenas como forma de desviar a atenção de atividades ilegais como contaminação ambiental ou apropriação de terras.