A beleza de Tarsila no coração de Paris

Com 150 obras, uma retrospectiva da artista Tarsila do Amaral destaca o modernismo brasileiro na capital francesa.

img_1298_JPGAutorretrato de 1923.

Se o cinza invernal domina a paisagem parisiense neste final de ano, no Musée du Luxembourg, dentro do jardim, é o colorido vibrante das obras da artista brasileira Tarsila do Amaral que reina absoluto.

Saudada pela imprensa francesa como uma das mais importantes do ano, a exposição Tarsila do Amaral: Pintando o Brasil Moderno tem recebido elogios da crítica e atraído franceses e turistas para uma imersão nas paisagens coloridas habitadas por figuras que parecem saídas de um sonho tropical. Com a curadoria apurada de Cecilia Braschi, a mostra traz 150 obras e explora a relação de Tarsila com Paris – onde a artista morou e absorveu influências do cubismo e surrealismo – e a forma como transformou essas referências em um estilo único, profundamente arraigado à cultura brasileira.

abaporu-tarsila-do-amaral_JPGO Abaporu, a obra mais icônica de Tarsila. 

A exposição destaca o papel de Tarsila como figura central do movimento antropofágico, que buscava “devorar” influências estrangeiras para criar algo brasileiro. Além de quadros famosos como O Abaporu, Autorretrato, A Negra, A Cuca, estão em exibição obras inéditas dos anos 1940-1960 e arquivos pessoais da artista, como rascunhos, anotações e um álbum de viagens.

img_1332_A NEGRA_JPGEntre as obras em exposição está A Negra.

Os loucos anos 1920

Foi durante os efervescentes anos 1920 que Tarsila morou em Paris, onde formou laços que moldariam seu estilo e sua carreira. Assim que se instalou na capital francesa, a artista foi estudar na Academia Julian, uma das mais prestigiadas instituições da época.

img_1323_JPGCarnaval em Madureira, de 1924.

A cidade luz não apenas ofereceu a ela uma base sólida em técnicas clássicas, mas também a exposição ao movimento modernista que estava revolucionando o mundo das artes. Nos anos que passou na cidade, ela conviveu com artistas influentes como Fernand Léger, André Lhote e Albert Gleizes, conexões que a introduziram ao cubismo e à abstração, laços fortes para suas obras futuras. A retrospectiva acontece quase um século depois da primeira. Ver a obra de uma das mais importantes artistas brasileiras ser celebrada no coração da capital francesa é motivo de orgulho.