Jorge Gerdau: o empresário que transformou a indústria nacional
Bisneto do fundador do Grupo Gerdau, o empresário começou a trabalhar cedo na empresa da família, desde os 16 anos, operando máquinas e ajudando no escritório com notas fiscais.
Jorge Gerdau, chairman do Grupo Gerdau, e presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo. (Foto: Divulgação)
Tornar-se um dos maiores empresários do aço do mundo não é algo que se consiga simplesmente com sorte e muito trabalho. Há muito mais envolvido: a trajetória e a postura de Jorge Gerdau Johannpeter, de 87 anos, nos dá um forte indício de que a construção de um grupo empresarial de alcance global está para além dos interesses pessoais. Tamanho poder e influência podem ser usados para o bem do maior número de pessoas, alcançando, numa perspectiva mais ampla, toda a sociedade por meio de um legado moral e da promoção de valores éticos.
Atual chairman do Grupo Gerdau, além de presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, Jorge, que nasceu no Rio de Janeiro e cresceu em meio à cultura alemã, revelou ao longo de décadas quais valores regeram a sua vida e carreira de sucesso, e que ainda o guiam a envolver-se em ações e projetos que têm beneficiado milhares de pessoas. Bisneto do fundador do Grupo Gerdau, o empresário começou a trabalhar cedo na empresa da família, desde os 16 anos, operando máquinas e ajudando no escritório com notas fiscais. Em 1983, foi empossado como presidente do Grupo, deixando o cargo em 2006. Sob sua gestão, em conjunto com os irmãos da quarta geração nos negócios, a empresa se tornou uma das maiores companhias siderúrgicas do planeta.
“Vivemos no melhor país do mundo. Somos a soma de uma herança portuguesa de trabalho e tolerância, da imigração empreendedora e de tantas culturas, como a africana e a asiática, que nos fazem únicos. Sei que talvez pareça exagero, mas acredito que falta pouco para que essa certeza se consolide de forma ampla. Temos condições naturais, uma população plural e com atitude positiva, atividade empresarial pujante. Nosso setor primário alcançou liderança mundial e conquistas fantásticas. Então, o que nos falta é extremamente pequeno, mas depende essencialmente de uma competência profissional de governança, que passa pelo aprimoramento do processo político. Vejo a modernização do setor público como decisiva para o crescimento e desenvolvimento do Brasil, visão que adquiri pela vivência intensa na minha atividade dentro da Gerdau”, analisa o empresário.
Cidadão
Gerdau mantém um intenso envolvimento comunitário em mais de uma dezena de instituições. Foi fundador do Movimento Brasil Competitivo e da ONG Todos pela Educação. É membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e do Conselho de Governança do Instituto Millenium. Integra o Conselho da Parceiros Voluntários. Também foi o primeiro brasileiro indicado para o Global Business Hall of Fame da Junior Achievement Worldwide.
“Tudo que fiz e continuo fazendo é fruto desse legado extraordinário. Difícil definir, na minha vida, o que é empresa e o que é família, já que os alicerces e as vigas de sustentação são os mesmos e, por isso, inseparáveis. O resto é apenas a tentativa de levar adiante as lições, os valores e a memória, no sentido da continuidade da família na integração com a comunidade em que vivemos. Essa é a essência de um sonho”, pontua.
“Os meus cinco filhos são fator de enorme satisfação. De uma forma ou de outra, o Carlos, a Marta, o André, a Beatriz e a Karina absorveram a filosofia de valores de família, do mesmo modo que os meus sobrinhos. Cada um dos meus filhos tem uma certa vocação que se acentua, seja na gestão, na responsabilidade social, no esporte ou em outras áreas. Com orgulho, vejo que eles estão realizados, com os netos e bisnetos vivendo os valores que são um legado familiar”, completa o empresário.
Memória
Em seu livro recém-lançado, “A Busca: Os aprendizados de uma jornada de inquietações e realizações*”*, Jorge Gerdau aborda um aspecto pouco conhecido de sua personalidade: a espiritualidade. Ele conta sobre a importância dessa dimensão e como ela vem ganhando cada vez mais relevância nos últimos anos. A narrativa é conduzida por sua voz. Ao longo das páginas, o autor conecta momentos importantes de sua jornada com os aprendizados que podem ser úteis para a formação de propósitos de vida de quem lê. Relatos como o envolvimento para trazer o surfe ao Rio Grande do Sul e a construção da Fundação Iberê Camargo dão base para a obra - um resultado da avaliação profunda sobre os assuntos que o motivam, sem pretensão de esgotar todos os aspectos de sua existência.
“Depois de muito tempo conversando com amigos e familiares, foi esse sentido de legado que me motivou a escrever um livro. Eu não tinha grandes pretensões nessa área, pelo constrangimento de parecer pretensioso, querer saber mais, saber melhor, querer ensinar ou impor minhas opiniões e visões. Mas a reflexão e os debates me possibilitaram encontrar uma justificativa razoável. Decidi transmitir um pouco da minha vida, da minha experiência e das minhas inquietações, organizadas em temas que pudessem ser úteis a quem os lesse, dentro da perspectiva de formação de propósitos, definições filosóficas de vida, decisões e aprendizados que a vida me trouxe e que penso ser o momento apropriado de compartilhar”, detalha.
A empresa
Com o propósito de empoderar pessoas que constroem o futuro, a Gerdau está presente em vários países e conta com mais de 30 mil colaboradores diretos e indiretos em todas as suas operações. Maior recicladora da América Latina, a Gerdau tem na sucata uma importante matéria-prima: cerca de 70% do aço que produz é feito a partir desse material. Todo ano, 11 milhões de toneladas de sucata são transformadas em diversos produtos de aço. A companhia também é a maior produtora de carvão vegetal do mundo, com mais de 250 mil hectares de base florestal no estado de Minas Gerais.
Como resultado de sua matriz produtiva sustentável, a Gerdau possui, atualmente, uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa — de 0,91 t de CO₂e por tonelada de aço — o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91 t de CO₂e por tonelada de aço. Para 2031, a meta da Gerdau é diminuir as emissões de carbono para 0,82 t de CO₂e por tonelada de aço. As ações da empresa estão listadas nas bolsas de valores de São Paulo (B3) e Nova Iorque (NYSE).
“A Gerdau, em seus 123 anos de vida, é uma história de continuidade e transformação, de raízes familiares e visão de futuro. Represento a quarta geração dessa jornada, iniciada pelo meu bisavô João Gerdau, em 1901. Essa trajetória é marcada pelo compromisso de cada colaborador da Gerdau com a excelência, com a sociedade mais ampla e com a sustentabilidade, em todas as suas dimensões. Cada capítulo da nossa história é um legado de respeito e de construção, sempre em prol de um Brasil mais empreendedor e justo”, conclui Jorge Gerdau Johannpeter.
Box
A Busca, termo escolhido para o título do livro, traduz a necessidade de Jorge Gerdau Johannpeter de compreender e perseguir a excelência, não apenas como um fim, mas como jornada que nunca termina. A obra é concluída com as 23 palavras que definem e norteiam seu modo de pensar e agir. Entre elas o respeito, austeridade, busca, família, humildade, simplicidade, transparência, para finalizar com o amor - escolha que carrega também um significado importante para a narrativa e é entendida por ele como a grande questão da humanidade.
“Costumo dizer que a nota máxima possível para qualquer projeto ou realização é nove. Dez é o que farei melhor, amanhã. A palavra “busca” dá a dimensão exata da minha atitude de inquietação, que me move e move o mundo permanentemente na procura pelos melhores valores e atitudes, pelas melhores práticas sociais e pelos melhores investimentos. Em resumo, pelas melhores soluções”.
A Busca: Os Aprendizados de uma Jornada de Inquietações e Realizações
Citadel Editora
176 páginas