Fusões e aquisições: setores de tecnologia, infraestrutura, energias renováveis e indústria farmacêutica são os que mais vão fechar novos negócios no Brasil este ano

Após dois anos de queda no volume de fusões e aquisições (M&A), a expectativa é que as transações voltem a crescer ao longo de 2024.

José-Diaz-1200x1200_LatinLawyerJosé Setti Diaz, sócio das áreas de Fusões e Aquisições e Comércio Internacional e Aduaneiro do Demarest. (Foto: Divulgação)

Após dois anos de queda no volume de fusões e aquisições (M&A), a expectativa é que as transações voltem a crescer ao longo de 2024, com aumento entre 10 e 15% em relação a 2023 no Brasil. É o que aponta uma projeção realizada pela  Redirection International, empresa especializada em assessoria de fusões & aquisições.

“O estresse geopolítico, a inflação alta e as incertezas políticas impactaram de forma negativa o mercado de M&A no Brasil nos últimos dois anos e isso após uma movimentação recorde de transações registradas em 2021.Agora, seguindo uma melhora das perspectivas econômicas local e global, devemos alcançar em 2024 o terceiro maior resultado desde 2018”, explica o economista Adam Patterson, sócio da Redirection International e um dos responsáveis pelo estudo.

Seguindo a tendência do mercado global, os setores que mais devem movimentar as atividades de fusões e aquisições no Brasil em 2024 são o de tecnologia, infraestrutura, energias renováveis e da indústria farmacêutica. O estudo aponta ainda para uma maior presença das empresas de médio porte (Middle Market) no volume total de transações e destaca que entre 2021 e 2023, elas aumentaram em 60% a sua participação no mercado de M&A, respondendo atualmente por cerca de 20% dos valores transacionados no país.

Análise

Para José Setti Diaz, sócio das áreas de Fusões e Aquisições e Comércio Internacional e Aduaneiro do Demarest, o mercado de M&A está se provando muito mais robusto em 2024 em relação a 2023, com desempenho positivo, especialmente em setores chave da economia brasileira como agronegócios, energia, mineração, tecnologia e telecomunicações, serviços financeiros, saúde e educação.

“A tendência é que este ano apresente crescimento do volume de fusões e aquisições em relação a 2023, na casa de dois dígitos, já que o ano passado foi marcado por uma redução de aproximadamente 20% em relação a 2022. Há condições para que o crescimento atinja esses 20% retomando tal período, mas para isso não podemos ter surpresas negativas até o final des te ano”, avalia o advogado.

Mercado

A Aon, líder global em serviços profissionais, divulgou o mais recente relatório feito em conjunto com a TTR Data, em que o Brasil lidera o ranking de países mais ativos da América Latina em fusões e aquisições (M&A) durante o primeiro trimestre de 2024. Foram 376 transações, representando uma queda de 22% em relação ao mesmo período de 2023, movimentando um capital de US$ 8,066 bilhões, redução de 2% comparada ao mesmo período do ano passado. “Um aspecto importante é o número de transações domésticas, que aponta para estratégias de crescimento inorgânicos.

Por essa razão, o capital movimentado teve uma queda muito menor que o número de transações. Entretanto, a maior transação no setor financeiro do trimestre ocorreu no Brasil, indicando a retomada de investimentos por parte das empresas”, explicou Pedro Costa, líder de M&A e Transaction Solutions para Aon no Brasil. Co m u m a o p e r a ç ã o a v a l i a d a e m US$ 1,177 bilhão, a empresa de serviços financeiros Cielo passou por uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) executada por seus controladores. Esta transação ainda carece de aprovações regulatórias
para sua conclusão. Em segundo lugar, a Arezzo&Co fez a aquisição do Grupo Moda Soma, com uma transação avaliada em US$ 1,148 bilhão.

Transações internacionais

No cenário externo, os Estados Unidos continuam sendo o principal investidor no Brasil, com 41 negociações que geraram um valor aproximado de US$ 1,465 bilhão. Singapura segue com 10 transações avaliadas em US$ 1,050 bilhão e Canadá com cinco transações que representaram US$ 723 milhões. No caminho inverso, o Brasil focou seus investimentos nos Estados Unidos com quatro transações e em países da região como Colômbia (quatro negociações) e Argentina (duas).

À medida que as empresas buscam expandir suas operações globalmente, as fusões e aquisições (M&A) emergem como uma abordagem estratégica fundamental. A internacionalização não apenas abre portas para novos mercados, mas também oferece oportunidades para uma rápida consolidação e crescimento sustentável. Essa é a avaliação de Marcelo Serro Azul, sócio da Unio Partners, boutique de assessoria financeira com prática de M&A.

“Neste contexto, a consideração cuidadosa de um M&A assume um papel central nas estratégias de expansão global das empresas. A internacionalização através de M&A proporciona à empresa acesso imediato a novos mercados e clientes, sem a necessidade de construir gradualmente uma presença local. Isso acelera o processo de entrada e estabelecimento nos mercados-alvo”, diz