Acordo de livre comércio trará benefícios bilionários para o Brasil e França

Emanuel Lanin, embaixador da França no Brasil. (Foto: Divulgação)

A concretização de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia pode gerar ganho acumulado ao Brasil de US$ 11,6 bilhões até 2040 . O entendimento cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras públicas, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.

De acordo com estudo realizado pelo Ipea, as exportações brasileira aumentariam continuamente. O resultado positivo traria três possíveis efeitos: a queda das tarifas de importação na UE; o aumento das quantidades exportadas em alguns setores, em função das cotas de exportação concedidas pela UE; e a redução do custo doméstico de insumos e de bens de capital propiciado pela queda das tarifas no país, tornando os produtos brasileiros mais baratos e competitivos no mercado internacional.

As simulações do Ipea revelaram ainda que o acordo Mercosul-União Europeia aumentaria os investimentos no Brasil em 1,49%, na comparação com o cenário sem a parceria. Ricardo Neiva Tavares, embaixador do Brasil na França, acredita na expansão do comércio, quando entrar em vigor.

“Será fundamental superar o protecionismo de alguns países europeus na área agrícola, para que o instrumento passe a vigorar”. Tavares também considera que a cooperação em questões ambientais, com o enfrentamento das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento sustentável, poderá influenciar positivamente o comércio com a França.

Avanços

Em março deste ano, o presidente francês, Emmanuel Macron fez uma visita de Estado ao Brasil que levou à assinatura do “Novo Plano de Ação para a Parceria Estratégica França-Brasil”, que inclui compromissos em várias áreas de cooperação, entre eles relacionados a questão ambiental. Neste sentido, Pedro Antonio Gouvêa, presidente do LIDE França, classifica o atual momento das relações diplomáticas entre os dois países simbolizada principalmente pela visita do presidente Macron–, como uma grande chance para o fomento de novas parcerias nesta área.

“O Brasil tem hoje uma oportunidade única para se inserir de maneira definitivamente no clube de países avançados e liderar o processo de transformação energética”, afirma.

Gouvêa alerta sobre a necessidade de criarmos uma política de Estado para temas como a proteção da Amazônia, um ativo fundamental para o mundo que conhecemos hoje e indispensável para o futuro.

“Precisamos aproveitar esse potencial e mostrar que é possível crescer economicamente preservando o meio ambiente”, aponta.

Negócios

Stéphane Engelhard, CEO do LIDE França, lembra que a presença das empresas francesas no Brasil vem se consolidando ao longo dos últimos 50 anos.

“O Brasil pela proximidade cultural e pelo mercado interno grande, se tornou realmente um dos países onde as empresas francesas fizeram muito sucesso nas últimas décadas e onde ainda tem oportunidades para suprir as demandas dos consumidores brasileiros”, pontua.

Quanto as empresas brasileiras, Engelhard avalia que elas enxergam cada vez mais as oportunidades no mercado francês.

“O agronegócio é o setor de atividade que mais tem potencial em crescer na França e na Comunidade Europeia. O Brasil se tornou ao longo dos últimos anos o celeiro do mundo com exportações recordes de grãos e carne. O desafio, entretanto, é não ser só mais um exportador de commodities, mas sim de produtos do campo transformados e processados no Brasil”, completa o executivo.

Sinergia política

Em sua visita ao Brasil, em março, o presidente francês elogiou a maneira como o Brasil tem atuado para manter e revigorar a democracia.

“Ninguém está a salvo de forças de sistemas quevenham a estremecer a democracia. A força democrática do Brasil venceu”. Macron reiterou que seu país “ama e acredita no Brasil”, e que há muito ser comemorado no ano que vem, quando os doispaíses completam dois séculos de relações.

Emanuel Lanin, embaixador da França no Brasil, enfatiza que devemos lembrar que nossos antepassados lutaram para conquistar direitos que, ainda hoje, estão sendo ameaçados pelo aumento do extremismo contra a Europa, contra a América Latina.

“Esses ideais democráticos que a França e o Brasil compartilham são o pilar da nossa amizade”, afirma.

Para João Doria, co-chairman do LIDE, Macron tem se destacado como um líder proativo na cena internacional ao posicionar a França como uma potência mediadora em questões globais.

“O soft power característico da diplomacia brasileira aliada ao poder geopolítico estratégico francês podem criar um eixo capaz de influenciar diretamente nos grandes conflitos e embates”, diz.

O visionário

Exemplo de empreendedorismo e da integração cultural entre França e Brasil, o empresário francês Alexandre Allard é fundador da Cidade Matarazzo, o maior projeto privado de restauração com preservação do patrimônio histórico do Brasil.

O Matarazzo combina regeneração e sofisticação em um espaço que reúne experiências de cultura, gastronomia, hospitalidade, longevidade, moda e negócios. Allard é também cofundador da AYA Earth Partners, um ecossistema dedicado à aceleração da economia de baixo carbono.

Acumulando também experiências em tecnologia e moda, Allard foi premiado 43 vezes e foi o primeiro estrangeiro a receber o prêmio de Empreendedor do Ano 2022 pelo Estado de São Paulo, em 137 anos. Em janeiro de 2024, recebeu o prêmio Cidade de São Paulo (2024) pela segunda vez.

Arte e Cultura

O Bradesco e a Cidade Matarazzo acabam de inaugurar a Casa Bradesco, um centro de criatividade na região da Avenida Paulista, com o objetivo de democratizar e potencializar expressões artísticas, promovendo uma nova forma não só de apreciar as artes, mas de criá-las. Com uma infraestrutura única, integrada à natureza e à tecnologia, o espaço reflete a sinergia entre as marcas, que buscam promover o acesso aos mais diversos tipos de manifestações culturais na cidade de São Paulo.

Para Alexandre Allard, a Casa Bradesco complementará as demais experiências oferecidas no Matarazzo que também impulsionam a economia criativa.

“Arte criatividade sempre foram o fio condutor do projeto e cada parceiro que está aqui foi escolhido a dedo para compor o nosso ecossistema. Queremos fortalecer e expandir o acesso à cultura em uma das regiões mais vibrantes de São Paulo, incorporando o mesmo princípio regenerativo que inspirou a criação da Cidade Matarazzo”, destaca.

“Após um longo período se afastando da natureza é hora de criar coragem para se reinventar e se regenerar o crédito que a criatividade é um antídoto para reconectar o ser humano à sua origem e reequilibrar o seu estilo de vida. A Casa Bradesco surgiu dessa urgência de promover a criatividade celebrando todas as formas de arte e acolhendo criadores de todos os estilos e origens”, completa Allard.