Marcelo Noronha: 'O banco pretende ampliar o uso de IA generativa para a concessão de crédito'
Bancos digitais, Pix, super apps: como a digitalização financeira impulsiona o setor bancário brasileiro.
Marcelo Noronha, CEO do banco Bradesco. (Foto: Divulgação)
O mercado financeiro assiste a um longo e acelerado movimento de transformação digital. Nos últimos anos, viu-se uma extensa lista de recursos e soluções para simplificar processos e rotinas.
“Desde o seu lançamento, o Pix tem se mostrado uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais e também se tornou uma importante ferramenta para impulsionar a bancarização no país, trazendo novos clientes para o sistema financeiro. Suas operações continuam em ascensão e batem consecutivos recordes”, avalia WalterFaria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban. De acordo com o Banco Central, o Pix foi responsável por incluir 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro.
A ascensão entre os brasileiros foi tanta que deixou o país na 21ª posição no Índice de Inclusão Financeira Mundial, como aponta um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais do Reino Unido. Neste sentido, o O novo CEO do banco Bradesco, Marcelo Noronha, que tomou posse em novembro do ano passado, destacou o tema digitalização durante a apresentação do novo Plano Estratégico da instituição.
"O banco pretende ampliar o uso de Inteligência Artificial generativa para a concessão de crédito. Serão contratadas entre 2 mil e 3 mil pessoas na área de tecnologia. “Muitas iniciativas já estavam em andamento no banco e serão continuadas. Disputaremos a liderança dos principais segmentos de mercado”.
Novo público
Mesmo com os evidentes benefícios dos novos recursos, a digitalização do sistema bancário ainda encontra ressalvas entre os usuários; especialmente a população mais velha, que preza as instituições tradicionais. Mas, quando comparamos com o público mais jovem, o cenário muda. Um estudo recente do instituto Quantas e Liga Pesquisa, encomendado pelo Google, revelou que 59% dos jovens entre 25 e 34 anos cogitam mudar seu banco principal.
O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, destacou que o avanço do mercado de capitais brasileiro trouxe crescimento, renda e desenvolvimento para o país. “Isso serve como um termômetro para os tomadores de decisões políticas e econômicas fazerem as melhores escolhas para o Brasil”.
O executivo explicou esses pontos na abertura do Z Summit, maior congresso de investimentos para jovens da Geração Z do Brasil. Ao abordar a relação entre o jovem, o tempo e o mercado dentro da proposta de conectar a Geração Z a profissionais experientes do merca do financeiro, Sallouti destacou que o Brasil tem o mercado de capitais mais desenvolvido da América Latina. O que ajuda no desenvolvimento do país e oferece aos jovens o benefício dos juros compostos com uma operação facilitada.
“Hoje vocês podem investir pelo próprio smartphone, por exemplo - e, em 30 anos, podem ter retorno de 20% ao ano”. De acordo com o executivo, quanto antes os jovens identificarem instituições, plataformas e pessoas nas quais possam confiar, mais fácil ficará tomar decisões mais assertivas.
Plataformas
O sucesso das contas digitais, os descontos oferecidos nas transações com o Pix Parcelado e a agilidade dos Super Apps dos bancos, aplicativos que possuem várias funções em um único local por meio de uma interface própria, trazem uma série de vantagens para a população.
“Aos poucos, as barreiras vão cedendo entre as gerações. Por isso, devemos olhar com atenção para as novidades daqui e do mundo, pois o saldo é quase sempre positivo em todas as pontas”, lembra Roberto Monfort, diretor da vertical de mercado financeiro da multinacional brasileira FCamara.
O Banco BRB acaba de apresentar mais uma novidade para seus clientes: o Portal de Imóveis BRB. A nova plataforma oferece uma experiência 100% digital e foi desenvolvida em parceria com a Resale, startup especializada em venda de imóveis de leilão para o mercado financeiro, grandes empresas, governo e público em geral.
Com o novo modelo de venda, os clientes acessam o portfólio de imóveis disponíveis em um único lugar, tornando a experiência mais rápida, cômoda e segura. De forma remota, os usuários podem realizar todo o processo de compra, inclusive a escrituração e o registro, que ficam por conta da plataforma.
Para o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, a nova plataforma de venda de imóveis está alinhada com as estratégias digitais do Banco. “Ao longo dos últimos anos, temos busca do alternativas para ampliar o acesso a bons negócios e, ainda, oferecer as melhores experiências para nossos clientes. A parceria com a startup é uma dessas iniciativas, aliando o que há de melhor e mais inovador no mercado para a potencialização dos nossos resultados”, afirmou o presidente.
Mais segurança
Em um mercado financeiro cada vez mais digital, a prevenção de fraudes tornou-se uma prioridade crucial para empresas, governos e instituições financeiras. A evolução tecnológica oferece tanto oportunidades quanto desafios no combate a fraudes, tornando essencial a adoção de soluções inovadoras.
Para Adriana Saluceste, diretora de Tecnologia da Tecnobank, certificada com a ISO 27001 e com a recém conquistada ISO 27701, a tecnologia tem desempenhado um papel significativo na detecção e prevenção de fraudes.
“Inteligência Artificial e Machine Learning são ferramentas que nos permitem analisar grandes volumes de transações em tempo real, identificando aqueles que se desviam dos padrões normais. Redes neurais auxiliam na identificação de padrões complexos que podem não ser imediatamente claros, apontando para riscos de fraudes”, explica.
Negócios
O processo de inserção digital no mercado financeiro também tem potencializado as fusões e aquisições. O Banco Master anunciou no final de fevereiro a compra do will bank, banco digital em rápido crescimento com uma base de mais de 6 milhões de clientes, especialmente no nordeste do Brasil. O Banco Master passa agora a ser majoritário no will bank, consolidando sua presença no mercado de varejo e fortalecendo a oferta de serviços digitais.
Além disso, o Banco Master torna-se sócio do fundo de private equity da XP Inc., solidificando ainda mais a parceria estratégica entre as instituições. Com um patrimônio líquido projetado de R$ 5 bilhões até o fim do ano, a companhia atende mais de 10,5 milhões de clientes no varejo em todo o Brasil, preparando-se para expandir sua base de clientes e mercados com a oferta de produtos como cartão de crédito, produtos de seguro e outros serviços financeiros.
Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, enfatiza que com a aquisição do will bank, a companhia passa a ter um ecossistema digital completo, com tecnologia robusta e capilaridade na distribuição de produtos financeiros. “Vamos oferecer produtos de crédito para nossos clientes do Credcesta e produtos de seguro e outros para os atuais clientes do will. Existe grande possibilidade de sinergia, além de um novo plano de expansão que vamos implementar no banco digital”, afirma.