Indústria da mineração deve caminhar para construção de legado de valor e transição energética justa

Um importante passo para a indústria no Brasil é colocar o propósito no centro da mineração e dos metais, criando uma dinâmica social e tomando para si a narrativa de uma mineração responsável.

Patricia Muricy, sócia líder da Indústria de Mineração da Deloitte. Patricia Muricy, sócia líder da Indústria de Mineração da Deloitte. (Foto: Divulgação)

Nos próximos 18 meses, a indústria brasileira de mineração e metais será impactada por tendências essenciais: centralização no propósito, adaptação à disrupção, liderança na transição energética, revisão das regulamentações, investimento em formação especializada e expansão da infraestrutura, como adesão da Inteligência Artificial Generativa (Gen AI). Essas conclusões são destacadas no relatório anual ‘Tracking the Trends’, da Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. O estudo oferece insights práticos para auxiliar as empresas do setor a superarem desafios e capitalizarem em novas oportunidades.

“Ao entrarmos em 2025, a indústria encontra-se no centro de uma matriz complexa de desafios e possibilidades. A pesquisa traz insights sobre como o setor está lidando com questões críticas, como escassez de oferta, desenvolvimento de capacidades e estratégias ESG, tecnologia emergente e a incerteza da economia global. Cada uma dessas tendências tem um papel a desempenhar na orientação das organizações para atingirem os seus objetivos, à medida que procuram capturar e transmitir o valor que a indústria gera para toda a sociedade”, explica Patricia Muricy, sócia líder da Indústria de Mineração da Deloitte. 

O propósito no centro 

Um importante passo para a indústria no Brasil é colocar o propósito no centro da mineração e dos metais, criando uma dinâmica social e tomando para si a narrativa de uma mineração responsável. Com a procura de determinados metais críticos a ultrapassar a oferta no curto prazo, a indústria necessitará, provavelmente, buscar maior capacidade em regiões anteriormente não minadas. Diante dessa expectativa, é necessário que as organizações insiram propósito em todas as ações e gerar valor a todas as partes interessadas, sobretudo os povos originários.

“O crescimento orientado por propósitos para construir confiança será mais importante do que nunca. Não se trata apenas de criar valor para os acionistas, mas de gerar valor para todos os stakeholders, incluindo empregados, consumidores, comunidades ao redor, governo e sociedade como um todo, além da importância do respeito aos povos originários. A verdadeira transformação ocorre quando se incorpora um propósito significativo em cada ação realizada, seja na exploração de uma mina ou em qualquer empreendimento. A abordagem vai além de gerar impactos positivos com ações de curto ou médio prazo, é um compromisso com a construção de um legado”, explica Daniel Almeida, diretor de Gestão de Riscos na Deloitte.

Desenvolvimento

A mineração do Brasil avançou nestes últimos anos para se afirmar perante a sociedade como um ator absolutamente essencial ao desenvolvimento sustentável do país, bem como para contribuir e propor soluções a questões relevantes para o futuro, como o combate às mudanças climáticas e aos seus efeitos que prejudicam a todos. Esse é um resultado da promoção de ações institucionais mais assertivas adotadas nos últimos dois anos e meio pelo representante da indústria mineral, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

De acordo com o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, a atual gestão do procurou fortalecer a estrutura do Instituto para oferecer respostas mais sólidas aos anseios da indústria mineral e tornar sua presença, valores e benefícios que gera com sua atividade mais perceptíveis pela sociedade, o que a fortalece e contribui decisivamente para aprimorar sua reputação.

Sustentabilidade

Como diferencial de mercado, a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, possui certificação de suas operações de aços especiais e aços longos na América do Norte, incluindo ativos nos Estados Unidos e Canadá, como uma Empresa B, sendo a primeira na indústria do aço a obter esse reconhecimento na região. As divisões norte-americanas se juntam à Gerdau Summit, sua joint-venture com as japonesas Sumitomo Corporation e Japan Steel Works, dedicada ao fornecimento de peças para a geração de energia eólica, e à Siderperu, a operação de produção de aço da companhia no Peru. Essas duas foram as primeiras produtoras de aço a receberem a certificação de Empresa B no mundo.

A certificação é parte integrante da agenda de sustentabilidade da empresa e reconhece suas iniciativas e boas práticas nesse campo, conectando eficazmente o negócio de produção de aço com o propósito de capacitar as pessoas que constroem o futuro, deixando um legado positivo para a sociedade.

“A certificação das operações da Gerdau nos Estados Unidos e Canadá reafirma o compromisso centenário da companhia em contribuir para resolver os desafios e dilemas da sociedade, promovendo um impacto positivo nas regiões onde está presente”, afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. “Nossos ativos na América do Norte, cuja matriz de produção é 100% baseada na reciclagem de sucata metálica, garantindo a produção de aço com baixa emissão de carbono, são parte crucial do crescimento estratégico da Companhia”.