Wilson Ferreira: 'Seremos o país de matriz energética mais limpa do mundo'
Atual CEO da Vibra, que está em transição para a Eletrobras, defendeu o equilíbrio da matriz energética do Brasil como maneira de alavancar desenvolvimento socioeconômico. Executivo participou do Fórum LIDE de Infraestrutura e Logística, com empresários, autoridades e especialistas, em São Paulo.
10ª edição do Fórum LIDE de Infraestrutura e Logística aconteceu em São Paulo. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
Autoridades, empresários e especialistas defenderam os investimentos em produção de energia renovável e limpa como maneira de alavancar o desenvolvimento e posicionar o Brasil como exemplo de nação no segmento em âmbito global. A conclusão ocorreu durante a 10ª edição do Fórum LIDE de Infraestrutura e Logística, que aconteceu em São Paulo, nesta terça-feira (9).
Na abertura do evento, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), anunciou investimentos de R$ 45 bilhões na matriz energética renovável no estado pelos próximos quatro anos. "O RN tem um governo que reconhece o papel do setor empresarial na economia e queremos manter o protagonismo no setor para contribuir com a descarbonização no planeta", disse.
Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
O chairman do LIDE, Luiz Fernando Furlan, disse que a temática da 10ª edição do fórum pauta a preparação do país para o futuro socio sustentável. O curador do evento e presidente do LIDE Energia, Roberto Giannetti da Fonseca, disse que os três pilares do encontro (infraestrutura, logística e energia) estão diretamente ligadas ao crescimento e ao desenvolvimento do país.
Energia limpa
O presidente da Vibra Energia, Wilson Ferreira, que a partir de setembro volta a liderar a Eletrobras, afirmou que a transição energética oferece oportunidades. O executivo refere-se ao biometano, etanol, que são biocombustíveis, além da construção de refinarias verdes para produzir o diesel vegetal e combustível sustentável para a aviação.
"Nós seremos ou já somos um país na matriz mais limpa do mundo em valores absolutos, e nós somos o segundo maior do mundo. Eu acho que a gente tem uma chance muito grande de continuar a crescer nessa área. Com essa questão ligada à transição energética, a importância de descarbonizar a economia. O Brasil renasce, tem um potencial gigantesco. Estamos no chamado ciclo virtuoso desse tema climático e o Brasil novamente vai ser o grande exemplo mundial".
O sócio da Prática de Óleo e Gás e Avaliação de Conselhos da Odgers Berndtson, José Lima de Andrade Neto, lembrou que o desafio está em encontrar soluções e ideias que viabilizem desafios como oportunidades para crescimento no setor. "Existe uma vontade grande. Precisamos pegar o ritmo de outros países. A grandeza do Brasil exige soluções grandiosas".
Sócio da Prática de Óleo e Gás e Avaliação de Conselhos da Odgers Berndtson, José Lima de Andrade Neto. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
Evolução tecnológica
O diretor-país da Acciona Brasil, André de Angelo, defendeu a troca de tecnologia entre países para contribuir com a iniciativa privada de modo a tornar mais célere as evoluções no setor. "Cada projeto novo requer novas tecnologias. A evolução passa pela sustentabilidade associada à tecnologia, por meio das coletas e análises de dados - e não é uma solução única".
CFO e Diretor de Relações com Investidores da JSL, Guilherme Sampaio avaliou que unir a tecnologia para trazer eficiência direta ao processo logístico diante dos atuais entraves de infraestrutura. "Nós adquirimos startups pensando nisso. A inovação está aí e estamos atentos. A intermodalidade precisa integrar rodovia, hidrovia e outros modais".
CFO e Diretor de Relações com Investidores da JSL, Guilherme Sampaio. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
O vice-presidente de Expansão e Regulação da Rumo, Guilherme Penin, afirmou que o segmento gera oportunidades para o Brasil, principalmente no que diz respeito ao modal ferroviário. "Quando olhamos o investimento e discussão de marcos legais, estamos vendo uma discussão de infraestrutura, e uma oportunidade de ter atratividade de empresas".
O senador e Membro da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal, Jean Paul Prates (PT), avaliou sobre a carga tributária, a desburocratização do setor e a preocupação no que diz respeito à segurança jurídica. "Precisamos pensar num sistema de estabilização, numa política estoques estratégicos e de previsibilidade para todo o setor produtivo".
Saneamento
Paulo Uebel, fundador e vice-presidente da Cristalina Saneamento, alertou que a falta de saneamento afeta, diretamente, o desenvolvimento do país. Para o executivo, o novo marco legal do saneamento básico (PL 4.162/2019) é uma oportunidade para que a universalização do serviço de água e esgoto ocorra de maneira eficiente, efetiva e rápida pelo país.
"O Brasil precisa combater anos de descaso e os impactos de falta de saneamento que interferem em cidadania. O setor vive um momento único. O novo marco foi um avanço substancial e começa a dar resultados. Temos de dar importância à regionalização: protagonismo local, competição, metas e prazos e melhoria das competências das reguladoras".
Paulo Uebel, fundador e vice-presidente da Cristalina Saneamento. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
O secretário de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, disse que a concessão no estado ofertará serviço a 13 milhões de pessoas. "Um projeto que foi absoluto exemplo de sucesso no Brasil, desbloqueia o marco legal do saneamento. Um projeto que, só de investimentos obrigatórios, serão mais de R$ 30 bilhões, e também visa a despoluição da Baía de Guanabara".
Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV-SP, lembrou da geração de resíduos: os dados mostram que os 100 municípios mais populosos do país são dramáticos. "O esforço de investimento é muito pequeno. Há um potencial de geração de energia que poderia abastecer milhares e não é aproveitado. Apenas 2% do que são coletados são reciclados".
Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV-SP. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
Transição
Alessandra Amaral, diretora de Regulação, Energia e Comercialização da Light, afirmou que as empresas devem pensar no consumidor - o "novo" ou do "futuro". "Na era transformação e da reinvenção, temos de pensar nos em 5 'Des'. Digitalização, democratização, descarbonização, desregulamentação e descentralização. Toda a cadeia tem que se reinventar", disse.
"O consumidor de energia valoriza a energia verde, a clareza, enxerga oportunidades de aprendizado. O elo mais afetado é a distribuidora - ela tem que recuperar o investimento na rede, formar novas oportunidades de monetização. A regulação deve ser flexível e ágil para gerar um ponto de equilíbrio".
Alessandra Amaral, diretora de Regulação, Energia e Comercialização da Light. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
O senador e Membro da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal, Jean Paul Prates (PT), retornou ao debate para lembrar sobre a liderança no processo de transição. "A universalização é o maior fator de segurança de mercado de todos. Se você não tem pessoas acessando o serviço, você não tem mercado".
Políticas públicas
Fernando Chucre, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, afirmou que cabe ao estado garantir a segurança hídrica, de infraestrutura, assim como de logística e serviços correlatos. "É preciso ter essa noção de responsabilidade e entender o nossos papel como gestores para fazer acontecer de modo a não atrapalhar o desenvolvimento".
"O estado de São Paulo tem essa preocupação, iniciada pelo então governador João Doria (PSDB), em implementar inovação, sustentabilidade. Quem aqui acreditou que em uma gestão chegaria nos índices de despoluição do rio Pinheiros? Isso mostra a articulação para que empresas se debruçassem neste problema", lembrou Chucre.
Fernando Chucre, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. (Foto: Anderson Timoteo/LIDE)
Fernando Marcato, secretário de Infraestrutura e Mobilidade do Estado de Minas Gerais, disse que a criação de planos estratégicos ajudou a mapear a demanda de infraestrutura e logística para solução de entraves. "Conseguimos priorizar, pelo menos, 25 novos projetos para o setor, justamente para acelerar os investimentos e estreitar laços com o Governo Federal".