Definir modelo de trabalho é necessidade, aponta pesquisa
“EY Work Reimagined 2022” ouviu mais de 17 mil pessoas em 22 países, incluindo o Brasil.
Definir modelo de trabalho é necessidade, aponta pesquisa. (Foto: Agência EY)
Empregadores e empregados reconhecem que fazer provisões para o trabalho híbrido e flexível é uma necessidade, mas nem todas as empresas criaram e divulgaram uma política e diretrizes formais e claras. Esta é uma das constatações da pesquisa EY Work Reimagined 2022, realizada pela consultoria com mais de 17 mil colaboradores e 1.575 empregadores, em 22 países e 26 setores. No Brasil, foram cerca de 600 respondentes.
De acordo com Oliver Kamakura, sócio de Consultoria em Gestão de Pessoas da EY Brasil, a pesquisa aponta outras duas dificuldades relevantes no país: turnover (demissões) e modelo de liderança. “No aspecto da liderança, historicamente, a grande maioria das empresas segue um modelo de gestão muito visual. O time tem de estar na frente do gestor. E aí tem o desafio em ajustar esse modelo de acompanhamento de times.”
Os dilemas relacionados ao futuro do trabalho são os mesmos em todas as indústrias e todos os perfis de empresas. De modo geral, há um quadro de incerteza para os colaboradores, que não sabem ao certo qual é a política de trabalho híbrido da empresa. Há também dissonância entre as lideranças, que, em algumas ocasiões, divergem sobre como lidar com esse tema.
Dados da pesquisa apontam que, no Brasil, alguns números são superiores ao do cenário global em algumas categorias. Quando questionados sobre o número de dias por semana em que gostariam de trabalhar de forma remota, 53% disseram preferir trabalhar entre 3 e 4 dias, contra 38% no cenário global. E apenas 9% optam por trabalhar de zero a 1 dia por semana no modelo remoto, contra 20% no cenário global.
Para Oliver, as empresas não têm referência histórica pré-pandemia de Covid-19 para se inspirar e agir. Um dos pontos que estão sendo tratados pela agenda de futuro do trabalho é que as empresas precisam ajustar intervenções a partir de reconhecimento de individualidades que têm dentro da organização.
“O direcionamento na agenda do trabalho remoto segue a seguinte linha: acomoda a sua necessidade e defina quantos dias você quer ficar em casa. As empresas devem captar o que os funcionários precisam para construir intervenções que possam impactar a percepção de valor, mas ao mesmo tempo é preciso qualificar essa conversa. Flexibilidade é o conceito que precisa ser defendido. Mas não se pode deixar que cada um defina o que é flexibilidade para si. Porque é disfuncional para produção de resultados organizacionais, construção de times e inovação”, explica.
Rotatividade
Segundo 68% dos empregadores entrevistados, a rotatividade dos empregados aumentou nos últimos 12 meses, com 43% dos empregados dizendo ser provável que deixem seu atual empregador no próximo ano, sendo a remuneração o principal fator motivador para esse movimento - no Brasil, esse percentual aumenta para 50%.
Trata-se de um aumento significativo em relação ao ano passado, quando apenas 7% dos empregados disseram que seria improvável que eles ficassem. Os grupos que mais esperam deixar seus empregos identificados como sendo Gen Z ou millennials nos Estados Unidos (53%) e trabalhando no setor de tecnologia/hardware (60%).
“Salário aparece como fator de peso na saída. Como esse funcionário não sabe como será a política de trabalho híbrido da empresa, ele faz sua movimentação com base no que sabe. Se a proposta é de uma remuneração maior, ele usa esse dado para a troca de emprego”, explica Oliver.
Ainda sobre a questão salarial, 20% dos colaboradores disseram que a abordagem da equidade salarial é a única decisão mais importante que uma empresa deve tomar para melhorar a diversidade, a equidade e a inclusão, enquanto, para 17% dos empregadores, a ação mais importante é a revisão dos critérios de contratação.
O levantamento também aponta que 83% dos empregadores concordam que a pandemia acelerou a necessidade de mudanças amplas em uma política de recompensas que engloba remuneração, bem-estar, benefícios flexíveis, tempo livre, entre outras.
Com uma força de trabalho se sentindo mais capacitada, muitos empregadores mostram níveis decrescentes de confiança sobre como suas organizações estão desenvolvendo suas culturas. Apenas 57% dos empregadores dizem concordar que sua cultura melhorou desde o início da pandemia, em comparação com os 77% do ano passado. Para os empregados, 61% dizem concordar que a cultura da empresa melhorou desde o início da pandemia, em comparação com 48% em 2021.