Maioria dos investidores recorre mais a informações ESG do que no último ano
Esse movimento apontado por estudo da EY indica o crescimento do reporte corporativo de sustentabilidade, que municia o mercado com mais informações do que nunca para guiar suas decisões de investimento.
Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO da EY para América Latina, avalia a relação entre informação e iniciativas das empresas no âmbito do ESG. (Foto: Divulgação)
A imensa maioria dos investidores (88%) diz que aumentou, ao analisar as empresas, um pouco ou substancialmente o uso de informações ESG no último ano, de acordo com o estudo EY Global Institutional Investor Survey 2024. Esse movimento demonstra o crescimento do reporte corporativo de sustentabilidade, que municia o mercado com mais informações do que nunca para guiar suas decisões de investimento. No entanto, apesar de terem essas informações, 92% dos investidores consideram que os riscos de curto prazo para o desempenho financeiro das empresas superam os benefícios a longo prazo de muitos investimentos e iniciativas relacionados a ESG.
Entre esses riscos de curto prazo estão conflitos geopolíticos e relações entre governos; mudanças no ciclo de negócios, como imposição de tarifas que restringem o comércio internacional e custo do capital; e incerteza política dentro dos países.
“Há um entendimento já consolidado de que o valor de longo prazo é gerado pelas companhias na transição para modelos mais sustentáveis de negócio. No entanto, as pressões imediatas vindas da macroeconomia e da geopolítica fazem com que a tomada de decisão de investimento esteja frequentemente orientada para os objetivos de curto prazo, que por vezes não dialogam com os de ESG", avalia Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina.
Ainda que as preocupações com os desafios da economia sejam maiores, os investidores ouvidos afirmam que estão priorizando a sustentabilidade. Mais da metade (55%) diz que o impacto das mudanças climáticas vai afetar muito suas estratégias de investimento no curto prazo. Os investidores da Europa e da América do Norte estão mais propensos do que seus pares em outras partes do mundo a ver a mudança climática como um driver para suas estratégias de investimento. O levantamento EY Institutional Investor Survey 2024 entrevistou 350 investidores tomadores de decisão de instituições em todo o mundo, incluindo empresas de gestão de ativos, de patrimônio, seguradoras e fundos de pensão.
Investidores são agentes importantes para a sustentabilidade
Apesar da piora da crise climática e das preocupações crescentes sobre os desafios de sustentabilidade, 66% dos investidores entrevistados acreditam que suas instituições devem reduzir a consideração de fatores ESG na decisão de investimento. Na avaliação do estudo, esse cenário é preocupante, considerando que os investidores têm papel relevante na transição para uma economia mais sustentável.
O combate às mudanças climáticas é cada vez mais urgente. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) alerta que, sem uma ação mais efetiva, o mundo caminha para um aumento da temperatura entre 2,6ºC e 3,1ºC até o fim deste século – bem acima do 1,5ºC de elevação definido como meta no Acordo de Paris. A Comissão de Transição Energética (ETC, na sigla em inglês) estima que, em média, será necessário investimento global de US$ 3,5 trilhões anuais em transição energética para viabilizar a economia carbono zero no meio deste século.