Grupo BBF reforça que mercado global precisa entender a sustentabilidade da produção brasileira do óleo de palma
Em evento na Suíça, CEO do Grupo BBF explicou a diferença da produção do Brasil e do Sudeste Asiático da palma.
Em evento na Suíça, CEO do Grupo BBF explicou a diferença da produção do Brasil e do Sudeste Asiático da palma. (Foto: Rogerio Cajui/LIDE)
A sustentabilidade da produção brasileira de palma de óleo – planta que dá origem ao óleo vegetal mais consumido no mundo, o óleo de palma – e a rigidez da legislação nacional para esse setor precisam ser mostradas para o mercado americano, europeu e asiático, de acordo com Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels). O executivo fez a defesa da produção sustentável da palma de óleo durante o painel “Os compromissos do Brasil com o ESG”, que integra a programação do “Brazil Economic Forum”, evento organizado pelo LIDE em Zurique, na Suíça, nesta sexta-feira (19).
Ao lado de nomes como o do ministro e presidente do STF, Luis Roberto Barroso, e do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, lideranças e empresários do Brasil e do exterior, Steagall explicou que o óleo de palma é uma peça-chave para a descarbonização, por poder ser utilizado na produção de biocombustíveis e de energia elétrica para regiões remotas da Amazônia brasileira, que estão ligadas aos Sistemas Isolados.
O grande desafio do setor, porém, é explicar para o mundo que o modelo de produção brasileira do óleo de palma é completamente diferente do Sudeste Asiático, região que abriga os maiores produtores mundiais da cultura, e que a palma brasileira é produzida de forma ambientalmente sustentável e socialmente justa.
“O grande desafio hoje para a cultura prosperar é a financiabilidade e a gente conseguir mostrar para comunidade dos Estados Unidos, União Europeia e Ásia que a produção brasileira é diferente da praticada no Sudeste Asiático. A Europa, por exemplo, baniu o óleo de palma de suas relações comerciais porque hoje 90% do óleo de palma é produzido no Sudeste Asiático e eles desflorestaram para ter essa produção, ou seja, a origem desse óleo é contaminada. O caso do Brasil é diferente, porque temos uma legislação muito robusta [que impede o desmatamento]”, explica.
De acordo com o empresário, o cultivo sustentável da palma, popularmente conhecida como dendê, segue uma legislação do Governo Federal de 2010, chamada de Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo (Decreto 7.172), que é considerada uma das mais rígidas do mundo. Segundo a legislação, a palma de óleo só pode ser cultivada no país em áreas degradadas da região amazônica até dezembro de 2007, o que impede a derrubada de floresta para novos plantios.
A partir de um robusto estudo conduzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram mapeados 31 milhões de hectares na região amazônica em que a palma pode ser cultivada de forma totalmente sustentável. Hoje, cerca de 300 mil hectares são cultivados no Brasil com a cultura, sendo 75 mil deles pelo Grupo BBF em Roraima e no Pará.
“Nós temos a condição de tomar a liderança da Indonésia e da Malásia, maiores produtores mundiais e que juntos cultivam a palma em 22 milhões de hectares. O Brasil pode plantar essa cultura em 31 milhões de hectares, sem derrubar uma árvore”, explicou.
Emprego e renda para reduzir o desmatamento
O empresário brasileiro também defendeu que a preservação da floresta amazônica depende da geração de oportunidades de emprego e renda para a população local, estimada pelo IBGE em 30 milhões de pessoas. “Nós só vamos parar o desmatamento da floresta quando formos capazes de oferecer emprego digno para essa população”, afirmou.
Para ele, a produção da palma também contribui nessa área, já que o cultivo da planta não pode ser mecanizado, o que gera emprego e renda para as comunidades locais. Hoje, o Grupo BBF emprega cerca de 6 mil colaboradores diretos e 18 mil indiretos nos cinco estados em que atua: Pará, Roraima, Rondônia, Amazonas e Acre.
Descarbonização do setor de aviação
Steagall costuma dizer que o Grupo BBF atua “da semente ao megawatt”, isso porque a companhia além de plantar a palma, faz o processamento do óleo e o transforma em biocombustíveis para geração de energia renovável em regiões remotas da Amazônia e ainda produz insumos que substituem petroquímicos em produtos de diversos setores, como farmacêutico, de beleza, do agronegócio e de limpeza.
A partir de 2026, a empresa deverá iniciar o fornecimento de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e Diesel Verde (RD) para a Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) – em contrato de offtaker. A matéria-prima para os biocombustíveis avançados será o óleo de palma cultivado pelo Grupo BBF na região Amazônica. Já o refino será feito na primeira biorrefinaria do País a produzir os inéditos biocombustíveis em escala industrial. Devem ser investidos mais de R$ 2,2 bilhões na nova planta, que terá a capacidade de produzir cerca de 500 milhões de litros anualmente de SAF e Diesel Verde.