'Floresta viva tem que valer mais do que floresta morta': Helder Barbalho propõe nova lógica econômica na Amazônia

Governador do Pará apresenta plano robusto de economia verde e justiça climática no Fórum LIDE COP30, realizado em Bonito (MS) pelo LIDE em parceria com a FIEMS.

Helder Barbado, governador do Pará.Foto_Evandro Macedo_LIDE (2)Helder Barbalho, Governador do Pará, propõe novo modelo de desenvolvimento sustentável durante o evento. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

“Floresta viva tem que valer mais do que floresta morta.” Com essa afirmação direta e simbólica, o governador do Pará, Helder Barbalho, sintetizou sua defesa por um novo modelo de desenvolvimento sustentável no Fórum LIDE COP30. Em Bonito (MS), diante de empresários e autoridades, ele propôs transformar a biodiversidade da Amazônia em ativo econômico, com justiça social, bioeconomia, rastreabilidade da pecuária e mercado de carbono como pilares de uma economia verde e inclusiva. O evento é uma realização do LIDE em parceria com a FIEMS.

Amazônia como protagonista da COP30

Barbalho reforçou que a Conferência das Partes da ONU (COP30), que será realizada em Belém, representa um marco para o reposicionamento do Brasil na liderança da agenda climática internacional.

“A COP deve ser vista como uma propriedade do nosso país. [...] Não podemos ser capturados por uma minoria que insiste no negacionismo ambiental.”

Segundo ele, o debate climático não pode excluir a população amazônica. “Nós só teremos justiça climática se houver justiça social. Na Amazônia vivem 29 milhões de pessoas que precisam comer, trabalhar, viver com dignidade.”

Bioeconomia para gerar valor com preservação

O governador detalhou o Plano Estadual de Bioeconomia, elaborado com base em 42 cadeias produtivas ligadas à biodiversidade amazônica. O projeto prevê o uso combinado de tecnologia e saberes tradicionais para escalar bionegócios.

“Queremos transformar biodiversidade em bioeconomia, gerar escala com conteúdo comercial e valorizar os conhecimentos ancestrais.”

Entre os marcos desse plano está a inauguração, ainda este ano, do Parque Estadual de Bioeconomia da Amazônia, que será um centro de inovação e negócios sustentáveis.

Carbono como moeda da conservação

O Pará também tem avançado em políticas de carbono. Barbalho anunciou que o estado já tem 300 milhões de toneladas projetadas para comercialização até 2027 e que, em 2024, realizou a maior venda de carbono jurisdicional do mundo: 12 milhões de toneladas, por R$ 1 bilhão, na Semana do Clima de Nova York.

“Esse recurso não vai para os cofres públicos. Vai para os guardiões da floresta: indígenas, quilombolas e produtores sustentáveis.”

O dinheiro, segundo ele, será distribuído diretamente às comunidades e proprietários rurais que mantêm boas práticas ambientais, monetizando a floresta em pé.

Rastreabilidade da pecuária e concessão de áreas de restauro

Barbalho também apontou a rastreabilidade individual da pecuária como solução para alinhar produção e preservação. O Pará pretende rastrear 100% do rebanho bovino até 2026.

“Isso é fundamental para a indústria da carne, para que ela saiba que está comprando de quem pratica atividade sustentável.”

A estratégia já resultou em um acordo com o Carrefour, que passou a priorizar carne rastreada do Pará — revertendo pressões internacionais contra a carne brasileira.

Além disso, o estado concedeu, na B3, 12 mil hectares de áreas griladas para projetos de restauração e reflorestamento, com contratos de até 40 anos para o setor privado.

O novo paradigma amazônico

Ao final, Barbalho destacou que a COP30 será a “COP da implementação”, com foco em resultados concretos, e convidou os presentes a participarem do encontro em Belém.

“Vamos juntos fazer a mais extraordinária COP, porque será a COP na floresta, a COP da Amazônia. Precisamos mostrar ao mundo o que estamos fazendo de forma correta.”

Com o apoio do LIDE e da FIEMS, o Fórum antecipa os debates que moldarão o Brasil verde do futuro — um país que quer provar que é possível crescer sem desmatar e incluir sem destruir.