Brasil precisa separar 'gestão de crise' e 'risco climático', diz ex-ministra do Meio Ambiente
Ex-ministra do Meio Ambiente defendeu a urgência de discutir os riscos climáticos e o papel relevante do Brasil nos debates sobre o tema durante o LIDE Brazil Conference London.
Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente durante o LIDE Brazil Conference London. (Foto:Felipe Gonçalves/LIDE)
A ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) Izabella Teixeira defendeu que o setor púbico e privado do Brasil separe os conceitos de “gestão de crise” e “risco climático” para debater as ações diante da crise climática que impacta o planeta. Durante o LIDE Brazil Conference London, realizado pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, em Londres, Teixeira afirmou que o Brasil é um “player estratégico” no assunto.
“É importante que brasileiros separem duas coisas: gestão de crise, que é lidar com desastres e inundações, e outra coisa é risco climático, pensar o desenvolvimento climático. Crise climática tem a ver com desenvolvimento, financiamento e o papel do Brasil nisso”. Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente
Teixeira enfatizou que a interconexão global exige uma gestão complexa que vai além das estruturas atuais de cooperação internacional.
“O mundo está em atualização e, portanto, também interconectado em situações muito complexas. A gestão da crise tem uma dimensão de complexidade enorme. Todas as arquiteturas de cooperação internacional não dão conta disso. Se não entender de geopolítica, de clima, de inovação, estará fora do século XXI. Essa é a mensagem do setor privado.”“
Sobre o papel do Brasil na agenda climática, ela afirmou que o país deve ser um player estratégico em bioenergia e na transição para uma economia verde.
“O Brasil deve ser um player estratégico internacional em bioenergia, e mais do que isso, no processo de industrialização verde. O Brasil tem tecnologia, ativos, recursos naturais e paz. Falta ambição climática e falta o setor privado estar na sala discutindo o que se interessa.”
A ex-ministra frisou a urgência de debater o desmatamento na floresta Amazônica.
“Há uma discussão a ser feita pela Amazônia, o conceito internacional definido, que é um conceito de segurança climática, 20% das emissões de captura de carbono do mundo estão associadas à floresta tropical que não está capturando como capturava no passado. A floresta derrubada hoje não produzirá água amanhã. A questão hídrica no Brasil não é só um benefício global, é um benefício nacional”.
Por fim, a ex-ministra fez um apelo à mudança de mentalidade sobre o Brasil no cenário internacional.
“O Brasil tem que parar de falar mal do Brasil. Eu peço encarecidamente: por favor, parem de falar mal do Brasil. É incompreensível que um país cheio de soluções resolva falar mal de si mesmo. Vá para a terapia, antes de ir para o mundo”