"Vamos ter que estar sempre conectados", diz CEO da Vivo sobre o futuro da tecnologia e da IA

Christian Gebara discute o impacto da inteligência artificial, o papel da conectividade no Brasil, os desafios da inclusão digital e as metas sustentáveis da Vivo.

Christian-Gebara-02Christian Gebara, CEO da Vivo. (Foto: Divulgação)

Na visão de Christian Gebara, CEO da Vivo, o futuro da tecnologia passa, inevitavelmente, pela conectividade. Em um cenário de transformações aceleradas, ele fala sobre como a inteligência artificial, o 5G e o letramento digital estão moldando o país — e como a Vivo busca liderar esse movimento com inovação, inclusão e sustentabilidade. Do papel das empresas na regulação da IA à urgência de formar novos profissionais em tecnologia, Gebara traça um panorama direto, inquieto e otimista sobre o que vem pela frente. Confira a entrevista do executivo à jornalista Sonia Racy, no Show Business.

Qual é o futuro da telefonia fixa?

A telefonia fixa perdeu muita relevância. Hoje, menos de 5% do nosso resultado vem da voz fixa. A Vivo nasceu com essa tecnologia, mas o mundo evoluiu: veio o celular, a internet de fibra, a TV por assinatura… Hoje, o foco está em conectividade de alta qualidade.

Como será o Brasil daqui a 25 anos em termos de conectividade?

É difícil prever, mas o que está claro é que conectividade será a base de tudo. Estamos falando de ampliar cobertura de 5G e fibra, tornar dispositivos mais acessíveis e investir em letramento digital. Sem isso, não se acessa nem inteligência artificial.

O que está por trás da inteligência artificial?

Conectividade e dados. A IA depende de uma boa conexão e do processamento de grandes volumes de dados, que consomem muita energia. É aí que o Brasil tem uma oportunidade: temos uma matriz energética limpa. A Vivo, por exemplo, já usa 100% de energia limpa.

E quanto à sustentabilidade? A Vivo tem ações práticas?

Sim. Temos hoje 72 usinas de energia dedicadas à Vivo e seremos uma empresa neutra em carbono em toda a cadeia até 2035. Também recolhemos eletrônicos usados — foram 32 toneladas no ano passado — e promovemos a economia circular.

Existe risco de perdermos o controle da inteligência artificial?

Existe esse debate, sim. Por isso, defendemos a regulamentação. A Europa está mais avançada nisso. O Brasil está discutindo um projeto de lei. É preciso equilibrar inovação com proteção dos dados e da soberania nacional.

Como a IA já está sendo usada na Vivo?

Reduzimos em até 10% o tempo das ligações no call center usando IA. Ela já ajuda nossos atendentes a darem respostas mais rápidas e eficazes. Também usamos IA para ler e resumir contratos em licitações. A eficiência aumenta bastante.

O avanço da tecnologia pode ampliar a exclusão social?

Sim. Hoje já temos uma exclusão digital. No futuro, o desafio será ainda maior: quem não souber lidar com IA estará mais excluído. Por outro lado, o mercado vai demandar 500 mil profissionais de tecnologia nos próximos anos — e não temos essa mão de obra formada.

O que muda na forma de contratar talentos?

Antes olhávamos muito para habilidades técnicas. Hoje focamos no cognitivo: empatia, comunicação, capacidade de aprendizado. Tiramos exigência de inglês e, em algumas funções, até de ensino superior, para ampliar a inclusão.

E você, como líder, se adapta a tantas mudanças?

Eu sou curioso, mas tive que acelerar ainda mais essa busca por informação. As mudanças estão rápidas demais. É preciso estar em constante formação — seja com cursos curtos, podcasts, ou outras formas de aprender. Informação e disciplina são essenciais.