Abilio Diniz: Além de inovação, é preciso manter o foco em encantar e surpreender o consumidor

Executivo se junta a outras lideranças ao avaliar os próximos passos do setor varejista, com o investimento em novas plataformas tecnológicas.

Abilio Diniz: "Coloque suas convicções à prova" - EndeavorO presidente do Conselho de Administração da Península Participações e membro do Conselho de Administração do Carrefour Global, Abilio Diniz (Foto: Divulgação)

Os acontecimentos da história que causaram mudanças tão rápidas e impactantes no funcionamento da sociedade. Dois anos após a eclosão da pandemia da Covid-19, já é possível avaliar os efeitos nas relações entre pessoas e países, no avanço tecnológico e, claro, na condução da economia. O mercado varejista passou por uma “metamorfose compulsória”, adaptando-se à nova realidade.

O presidente do Conselho de Administração da Península Participações e membro do Conselho de Administração do Carrefour Global, Abilio Diniz, declarou durante sua participação no Interactive Retail Trends, que inovação é a palavra da vez para que o Brasil se mantenha competitivo no setor de distribuição. “Tem que crescer com produtividade e inovação. Sempre com foco em encantar e surpreender o consumidor. Procurar saber o que ele quer, mesmo quando este tem dificuldade para decidir o que deseja”, analisou.

Fabio Abrate, diretor de Relações Institucionais da Americanas S.A, afirma que a expêriência do cliente virou o ponto mais importante no quesito consumo. “Os novos hábitos ressignificaram o papel do varejo”, pondera. Segundo ele, o novo foco impulsionou a oferta de conveniência e de soluções digitais. “Isso gerou um sortimento cada vez mais diversificado, de entrega ainda mais rápida e de novos meios de pagamentos digitais, crédito e soluções financeiras”.

B2W e Americanas entram na disputa dos 'superapps' | Empresas | Valor  EconômicoFabio Abrate, diretor de Relações Institucionais da Americanas S.A, (Foto: Divulgação)

O comércio eletrônico (e-commerce) era a modalidade mais praticada apenas em algumas camadas sociais, em geral, de maior escolaridade e renda média ele- vada. Em 2020 e 2021, no entanto, os números do comércio on-line saltaram devido às ações para restringir a circulação de pessoas – como lockdown e quarentenas – adotadas pelo poder público, baseadas no aconselhamento científico.

Um estudo divulgado pela gestora Canuma Capital apontou que as vendas do comércio eletrônico superaram as dos shoppings centers no Brasil. Em 2021, o montante foi de R$ 260 bilhões do e-commerce, contra R$ 175 bilhões dos centros de compras. Em 2019, período antes da pandemia, os valores registrados foram de R$ 160 bilhões e R$ 190 bilhões, respectivamente.

Uma das conclusões feitas entre os principais players do varejo brasileiro é que a adoção do e-commerce foi fundamental para a manutenção dos negócios no período inicial da pandemia, quando diversos segmentos do varejo físico enfrentaram queda nas vendas de 50%. “No setor de calçados, a queda chegou a 80%”, indica Zeh Henrique Rodrigues, sócio-diretor de conteúdo da Varejo180.

Gestão antes da tecnologia

Se o e-commerce já foi devidamente adotado como um canal seguro e estável para o consumidor, o varejo brasileiro não pretende dormir em berço esplên- dido. Com ou sem pandemia, o foco está em aproveitar o fluxo de novidades, inovação e motivação dos principais players para continuar buscando novas plataformas tecnológicas para trazer mais consumidores ou fornecer uma melhor experiência para a atual clientela.

Muitas das novas tecnologias foram apresentadas no início do ano no NRF 2022: Retail’s Big Show - maior evento do setor no mundo, conhecido no Brasil como NRF e realizado em janeiro, em Nova York, nos EUA. Lá, os maiores players do planeta discutiram o uso, impacto e resultados de novas tecnologias. No Brasil, aconteceu em fevereiro o Interative Retail Trends, evento nos mesmos moldes e que buscou trazer as principais novidades para o mercado nacional.

Os eventos abordaram novas manei- ras de interação de viés tecnológico vêm sendo aprimorados. Marco Stefanini, CEO Global do Grupo Stefanini, destaca a miríade de oportunidades advindas dos avanços tecnológicos, com destaque para o Metaverso. “Dentre as previsões sobre tecnologia, ela é mais palpável hoje. O metaverso está em um estágio inicial e sujeito a adaptação, mas pode se tornar uma nova versão do e-commerce”.

Será uma eleição de extremos', prevê o empresário Marco Stefanini, criador  de multinacional brasileira de TI - Jornal O Globo
Marco Stefanini, CEO Global do Grupo Stefanini (Foto: Divulgação) 

Ele lembra da criação de provadores inteligentes, cujo cliente tem acesso virtual, não só ao produto, mas também às diversas especificações. Lojas no exterior já adotam com êxito essa tecnologia, criando ambientes especiais para tornar a experiência da compra a mais agradável.

A GS Ciência do Consumo, entidade especializada em pesquisa de hábitos e tendências, vem realizando diversos estudos sobre o impacto da pandemia no varejo e as perspectivas para o futuro próximo. O CEO da organização, Thiago Simonato, aponta o crescimento do e-commerce, mas não acredita que ele acarretará na morte das lojas físicas. “Longe disso. Ninguém tira das lojas físicas o poder de socialização que elas proporcionam”, afirma.

Entretanto, apesar de se falar bastan- te em tecnologia, existe o consenso de que, antes de mais nada, as práticas de gestão precisam ser modernizadas. Marcos Gouvêa aponta os caminhos para a mudança: “Amadurecimento. As novas tecnologias estão aí e muitas serão adotadas, mas é preciso melhora de gestão e de condução dos processos para manter o crescimento, especialmente em momentos de dificuldades, como em caso de uma nova pandemia”.

Que vão Impactar o Setor Segundo o Nrf 2022: 

1.Evolução de negócios digitais
O live commerce trouxe aspectos que o comércio eletrônico tradicional não possui, como humanização, presença, curadoria, esclarecimento de dúvidas, e principalmente entretenimento.

2.Metaverso
Também relacionado com o “Alt Commerce”, os recursos proporcionados por esse mundo virtual podem ser o diferencial de pequenas a grandes empresas para elevar o nível de experiência e jornada do consumidor.

3.Sustentabilidade e Liderança
O ponto principal de discussão sobre o tema é a necessidade do conceito sair do campo das ideias e ter atuação efetiva das empresas. Um processo que está relacionado à liderança comprometida.

4.Diversidade equidade e inclusão
Outro ponto diretamente relacionado às práticas ESG são as questões de diversidade, equidade e inclusão, que precisam estar cada vez mais no pipeline das empresas.

5.Importância da Loja Física
O futuro das lojas físicas foi um dos pontos de discussão mais debatidos nos estandes e seminários da NRF 2022. Durante o evento, a constatação foi que as lojas físicas estão longe de morrer, mas varejistas vão precisar se acostumar e se adaptar a novas realidades.

Levantamento

Pesquisa “Consumo On-line no Brasil”, realizada pela Edelman sob encomenda do PayPal, revela que 9 entre 10 brasileiros e brasileiras aumentaram suas compras de mantimentos e itens de farmácia via apps e canais digitais no ano passado. A seguir, os destaques do estudo:

Pesquisa LIDE

Os eventos abordaram novas maneiras de interação de viés tecnológico vêm sendo aprimorados. Marco Stefanini, CEO Global do Grupo Stefanini, destaca a miríade de oportunidades advindas dos avanços tecnológicos, com destaque para o Metaverso. “Dentre as previsões sobre tecnologia, ela é mais palpável hoje. O metaverso está em um estágio inicial e sujeito a adaptação, mas pode se tornar uma nova versão do e-commerce”.

Ele lembra da criação de provadores inteligentes, cujo cliente tem acesso virtual, não só ao produto, mas também às diversas especificações. Lojas no exterior já adotam com êxito essa tecnologia, criando ambientes especiais para tornar a experiência da compra a mais agradável.

A GS Ciência do Consumo, entidade especializada em pesquisa de hábitos e tendências, vem realizando diversos estudos sobre o impacto da pandemia no varejo e as perspectivas para o futuro próximo. O CEO da organização, Thiago Simonato, aponta o crescimento do e-commerce, mas não acredita que ele acarretará na morte das lojas físicas. “Longe disso. Ninguém tira das lojas físicas o poder de socialização que elas proporcionam”, afirma.

Entretanto, apesar de se falar bastante em tecnologia, existe o consenso de que, antes de mais nada, as práticas de gestão precisam ser modernizadas. Marcos Gouvêa aponta os caminhos para a mudança: “Amadurecimento. As novas tecnologias estão aí e muitas serão adotadas, mas é preciso melhora de gestão e de condução dos processos para manter o crescimento, especialmente em momentos de dificuldades, como em caso de uma nova pandemia”.