Vanessa Gordilho: 'Estamos lidando com uma mudança de comportamento, na qual o indivíduo deseja realmente se sentir assistido'

Além da QSaúde, healthtechs como a Alice ganham cada vez mais espaço no mercado e mudam parâmetros já conhecidos nos planos tradicionais.

Startup de ex-aluno do Insper quer revolucionar gestão de saúde
André Florence, CEO e fundador da Alice (foto: Divulgação)

Existe um consenso de que as pessoas passaram a ficar mais focadas em qualidade de vida e preocupadas com hábitos saudáveis, com a aproximação do período pós-pandemia. Entretanto, a falta de acesso a serviços médico-hospitalares ainda é um obstáculo, somado aos gastos em saúde, que representam cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dilemas refletem na qualidade obtida, algo nem sempre dentro das expectativas da população, no que tange os altos custos envolvidos em tratamentos médicos ou a capacidade de atendimento da rede pública, principalmente no Brasil.

Nesse contexto, entram as healthtechs, gestoras de saúde, seguradoras e operadoras que apostam em novos modelos e produtos com união de tecnologia e oportunidades de mercado. Lançada em junho de 2020 como a primeira gestora de saúde do Brasil, a Alice traz um modelo que combina tecnologia e serviços baseados em resultados. “Quando criamos a Alice, decidimos começar tudo do zero para reconstruir a maneira como os brasileiros tratam a própria saúde”, conta André Florence, CEO e fundador da Alice.

“Os planos de saúde têm hoje uma penetração de 23% no mercado, o que representa 40 bilhões de dólares. Para atingirmos mais pessoas, é necessário criar produtos de qualidade mais acessíveis, o que só pode ser feito a partir do momento em que coordenamos o cuidado e geramos economia para todo o ecossistema”, completa o executivo.

Modelo

Conhecida por focar na atenção primária e coordenação de cuidado feita pelo seu “Time de Saúde”, a healthtech Alice enxerga no empreendimento a oportunidade de oferecer uma experiência cada vez melhor à sua crescente base de membros. A empresa atingiu, em janeiro, a mar- ca de 7 mil clientes — crescimento de 40% comparado a novembro, quando possuía 5 mil pessoas com planos ativos em sua base.

No intuito de inovar e ir além do aspecto tradi- cionalista, a empresa lançou a Casa Alice. Com espa- ços desenhados para se diferenciar dos tradicionais consultórios e laboratórios, as clínicas proprietárias da startup têm o objetivo de oferecer um ambiente e atendimento acolhedor às pessoas quando precisa- rem fazer exames ou consultas presenciais.

“Acreditamos que para tornar o mundo mais saudável, é importante frisar que saúde precisa deixar ser um evento esporádico e gerador de ansiedade, para se tornar em um ato do cotidiano que pode, inclusive, gerar prazer. O papel da Casa Alice é materializar esse objetivo, trazendo um espaço que proporciona sentimentos positivos e agradáveis. Onde o paciente se sinta em casa”, explica Guilherme Azevedo, co-fundador da healthtech.

Para as famílias

Vanessa Gordilho, diretora-geral da Qsaúde (Foto: Divulgação)

A healthtech Qsaúde chegou ao mercado para revolucionar o setor de planos de saúde no Brasil. A operadora alia uma rede credenciada ao resgate do plano individual e familiar, com a proposta de oferecer a melhor gestão da saúde aos clientes, que são acompanhados por médicos de família, profissionais capacitados para atender desde a criança até o idoso.

“Nosso foco é na experiência e na jornada do cliente na saúde. Com isso em mente, acreditamos que pouco a pouco estamos lidando com uma mudança positiva de comportamento da sociedade, na qual o indivíduo deseja realmente se sentir assistido pela operadora de saúde. Além disso, na Q, oferecemos uma rede de excelência a preços acessíveis, o que também brilha os olhos desse público”, afirma Vanessa Gordilho, diretora-geral da Qsaúde.

Soluções

O debate sobre a saúde dos colaboradores nas empresas também vem ganhando relevância no mercado. E as soluções tradicionais de planos de saúde se mostram insuficientes para melhorar a qualidade de vida dos funcionários.

Foi nesta linha que a Pipo Saúde, startup de tecnologia, foi lançada com o objetivo de transformar a maneira que as empresas contratam e geram os planos de assistência. A companhia cresceu exponencialmente em 2021, duplicou a quan- tidade de clientes atendidos, triplicou o número de colaboradores e quadruplicou a quantidade de vidas que mantém sob sua gestão, ultrapassando 20 mil vidas cobertas. Além disso, somou à sua car- teira clientes como MadeiraMadeira e Pernod Ricard Brasil, e movimentou em sua plataforma mais de R$ 130 milhões.

Em março, a Pipo ainda lançou programa foca- do em benefícios de saúde para startups e unicór- nios. Com o programa, a empresa oferece para as startups sistema integrado que possibilita a redução do tempo gasto com processos técnicos, a automação do trabalho e a diminuição das buro- cracias, além de auxiliar os clientes com questões como: complexidade para encontrar e gerir as van- tagens contratuais de maneira autônoma, dificuldades geradas pela alta demanda operacional no time de Recursos Humanos, falta de tempo para entender as particularidades de um suporte saudável e incertezas sobre como manter um pacote de ganhos realmente competitivos no mercado.


“Nascemos como uma startup e entendemos perfeitamente que, em muitos casos, esse forma- to de organização possui dificuldade para encon- trar e gerenciar os melhores pacotes de benefícios para os seus colaboradores. Enquanto healthtech, entendemos que a oferta de vantagens contra- tuais, sobretudo as relacionadas à saúde, pode fazer toda a diferença na hora de uma pessoa optar por seu futuro ambiente de trabalho. Para ajudar as startups nessa missão, lançamos o Pipo para Startups”, afirma Manoela Mitchell, CEO e cofundadora da Pipo Saúde.


De acordo com a ANS e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), 40% dos exames e 18% das idas ao pronto-socorro são desnecessários e poderiam ser evitados com coordenação de cui- dado e atenção primária, o que geraria economia relevante para o setor – estudos da Alice estimam que o valor da economia poderia chegar a 8,7 bilhões de dólares. Segundo a OMS, esse tipo de atendimento é capaz de resolver cerca de 80% das demandas por cuidados de saúde, reduzindo em 17% as internações e em 29% a procura por serviços de urgência e emergência.

Com o objetivo de ampliar a abrangência de seu atendimento voltado à atenção primária à saúde, a rede de clínicas Meu Doutor Novamed, do Grupo Bradesco Seguros, celebrou seis anos de atuação. Desde a sua criação, em dezembro de 2015, a rede totaliza quase 800 mil atendimentos, com nível de satisfação superior a 85% entre os pacientes.

Thais Jorge, diretora da Bradesco Saúde e Mediservice - Revista Seguro Total
Thais Jorge, diretora do Grupo Bradesco Saúde (Foto: Divulgação)

Atualmente são 26 unidades – 20 são voltadas ao atendimento ao público em geral e outras seis ao modelo in company, dedicadas às empresas. O volu- me de atendimentos também acompanha essa ele- vação, com índice de crescimento de 40% na com- paração do acumulado de janeiro a novembro de 2021, mesmo período do ano passado.

“O atendimento primário possibilita o cuidado além do diagnóstico, tratamento e reabilitação, abrangendo a promoção da saúde e a prevenção de doenças. O alto índice de satisfação dos beneficiários é um reflexo dessa mudança na abordagem à saúde e reforça a consolidação do modelo de cuidado integral do paciente”, detalha Thais Jorge, diretora do Grupo Bradesco Saúde.