Investimentos em inovação marcam o caminho para retomada da economia e do desenvolvimento brasileiro

Todos os caminhos levam à tecnologia, entretanto, apesar de o Brasil precisa de fôlego para ir mais longe.

João-Adibe3João Adibe Marques, presidente da Cimed. (Foto: Reprodução)

Todos os caminhos levam à tecnologia, entretanto, apesar de o Brasil precisa de fôlego para ir mais longe. Isso é o que indica a conquista de cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com o ranking de 2020, figurando no 57º lugar entre 132 países, a colocação brasileira, no entanto, é considerada ruim, já que o país está 10 colocações abaixo da obtida em 2011, quando chegou a sua melhor marca, a 47ª posição.

Para ajudar a reverter esse quadro e tendo a ciência como base dos negócios, João Adibe Marques, presidente da Cimed, pontua o fato de terem o próprio centro de bioequivalência e serem a única farmacêutica a realizar internamente todas as etapas e estudos (clínica, analítica e estatística) dentro do Instituto Claudia Marques de Pesquisa e Desenvolvimento (ICM P&D), criado em 2004, localizado em Minas Gerais.

“Anualmente, a Cimed investe cerca de R$ 80 milhões em pesquisa e desenvolvimento, sendo 40% dessa verba dedicada aos genéricos. Nessa categoria, o grupo tem mais de 150 moléculas mapeadas no pipeline de lançamentos dos próximos anos. Para 2022, a o intuito é lançar mais 10 novas moléculas para o portfólio de genéricos”, relata Adibe.

Outro marco para a farmacêutica, foi o investimento de R$ 300 milhões em pesquisa científica espacial.

“O Brasil tem potencial científico imenso e s situação de crise sanitária deixou isso ainda mais evidente. E a empresa esteve sempre muito atenta à necessidade de estimular iniciativas científicas no país, tanto que investe cerca de R$ 80 milhões por ano em P&D e, no ano passado, lançou o Cimed X, braço de pesquisas espaciais da companhia. Além disso, lançamos uma comunidade no universo dos NFT´s chamada Fly Now Space Club, que vai funcionar como plataforma de fomento às iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, com objetivo de investir em pesquisas científicas espaciais", adianta o presidente da Cimed.

Impulso

Marcus Sanchez, vice-presidente da EMS, enfatiza que o investimento em pesquisa é importante para o desenvolvimento do Brasil, e pode significar inclusive o impulso para a retomada econômica.

ranking-empresarialMarcus Sanchez, vice-presidente da EMS. (Foto: Reprodução)

“Pelo papel exercido pela ciência é que atuamos em quatro principais frentes de inovação: genéricos de alta complexidade; inovação incremental (novas associações e formas farmacêuticas); biotecnológicos (com a Bionovis, empresa de alta tecnologia na qual a EMS possui participação); e inovação disruptiva (radical), por meio da presença do nosso laboratório nos Estados Unidos”, explica Sanchez sobre os rumos da farmacêutica que segue ampliando os aportes em P&D no país e no exterior.

“Instalamos, em 2013, um braço da empresa, no estado de Maryland, com o objetivo de registrar terapias inovadoras em território americano e, posteriormente, submetê-las ao registro e aprovação de agências regulatórias no Brasil e em outros mercados. Mantemos ainda o laboratório de pesquisas MonteResearch, situado na Itália, onde se concentram 600 pesquisadores do nosso Centro de P&D no Brasil”, sublinha Sanchez.

Incentivo à formação

Existe o consenso de que para a ciência evoluir, é preciso de pessoas capacitadas, questão que é consequência de investimento em inovação e ensino de qualidade. Nesse contexto, o professor Luiz Vicente Rizzo, diretor superintendente de pesquisa do Einstein alerta para a necessidade de incentivar a formação de alto nível no país e multiplicar o conhecimento na área da saúde.

WhatsApp Image 2022-06-06 at 11.10.16 (4)Luiz Vicente Rizzo, diretor superintendente de pesquisa do Einstein. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

Nesse intuito nasceu a parceria entre o Einstein e o empresário Frederico Trajano, gerando o programa Fred Trajano Postdoctoral Fellows Fund, que oferece bolsa de estudos de pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), um dos principais centros de estudo e pesquisa em Ciências, Engenharia e Tecnologia do mundo.

"A proposta da iniciativa tem sinergia com um princípio que sempre norteou minha vida profissional e pessoal, o de levar ao acesso de muitos o que é privilégio de poucos. Desta iniciativa, buscamos aprimorar a qualidade das informações que norteiam as práticas de saúde em países de renda baixa e média, como é o caso do Brasil", revela o CEO do Magazine Luiza.

Já a contribuição do Einstein como centro de saúde e pesquisa, serve para incentivar os trabalhos colaborativos.

“Participamos ativamente em pesquisa aberta com a disponibilização de dados anonimizados que permitiram centenas de estudos”, argumenta o professor Luiz Vicente Rizzo. Vale ressaltar que o hospital investe, por ano, R$100 milhões no desenvolvimento de pesquisas, que vão da pesquisa experimental aos modelos de doença e à pesquisa clínica.

Agro é ‘tech’

Com o intuito de promover transformações no setor, a Agfintech, A de Agro, utiliza análise de safras por inteligência artificial para disponibilizar diferentes serviços aos produtores, como análise da safra, monitoramento de lavoura e financiamento digital.

“A proposta é unir informações públicas disponibilizadas pelos órgãos responsáveis a dados produzidos por sua própria tecnologia. Desse modo, a empresa conseguirá entregar dados de desmatamento sempre atualizados, ao mesmo tempo que disponibilizarão de forma transparente as informações do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e do Global Land Analysis & Discovery (GLAD). A plataforma fornecerá informações sobre o trabalho escravo e as sobreposições em territórios agrícolas com áreas demarcadas de quilombos, terras indígenas, unidades de conservação, áreas de preservação permanente e reservas legais”, explica Eduardo Souza, head de produtos da A de Agro.

À frente de diversos programas para apoiar e acelerar a agricultura regenerativa, a Nestlé vem ampliando a rede de especialistas em P&D e agrônomos, para o desenvolvimento de variedades de café e cacau com maior rendimento e menor impacto ambiental. Além disso, a companhia trabalha com agricultores para selecionar e cultivar variedades de leguminosas nutritivas para serem usadas como alternativas ao leite. No Brasil, a empresa aumentou o número de propriedades rurais que foram de de 270, em 2019, para 1.093 em 2020, utilizando o geomonitoramento nos estados do Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Pará e Rondônia. A meta é ter 100% da cadeia de fornecimento de cacau brasileira certificada até 2025. "Sabemos que a agricultura regenerativa desempenha um papel fundamental na melhoria da saúde do solo, restaurando os ciclos da água e aumentando a biodiversidade no longo prazo", disse Paul Bulcke, presidente do Conselho da Nestlé.

Fred-TrajanoFrederico Trajano, gerando o programa Fred Trajano Postdoctoral Fellows Fund. (Foto: Reprodução)

Mulheres na ciência

Patrícia Robles, professora do Departamento de Química da UFMG, faz parte do projeto Mulheres na Ciência, que é coordenado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e pelo State Innovation Center. A proposta da iniciativa consiste em popularizar o acesso à pesquisa e desmistificar o que se relaciona a mulher que atua em âmbito científico.

“As mulheres são protagonistas de projetos empreendedores em diversos campos da sociedade, bem como: no campo tecnológico, econômico, social, político, artístico, administrativo, criativo e outros diversos, porém a representatividade em posições de lideranças ainda é limitada. Ocupamos muitas funções de base e aos poucos estamos modificando esse panorama fortalecendo nossa presença em locais nos quais a liderança feminina ainda é estatisticamente pequena”, posiciona a pesquisadora que possui um grupo de pesquisa, o CatTec, que tem investido na prospecção de tecnologias no setor de química fina e participado de vários programas de aceleração em empreendedorismo tecnológico.

Patrícia defende que para o país ter solidez no seu sistema científico, sendo capaz de lidar com as demandas emergentes, é preciso investimento robusto e contínuo em ciência. “A disposição para usar o conhecimento científico também contribui com o enfrentamento de problemas sociais, é possível criar valores que precedam os valores financeiros de modo a contribuir com a melhoria da qualidade da vida das populações”.

  • As mulheres constituem 43,7% das pesquisadoras, apesar de a proporção relativa diminuir com o aumento da faixa etária;
  • 21% das mulheres são coordenadoras de projetos temáticos da FAPESP;
  • Menos de 10% dos professores titulares da Universidade de São Paulo ou dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres.

Fonte: CNPq

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Tendência

Aplicação de capital em pesquisa e desenvolvimento é forte objetivo das empresas de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações para 2022

  • Aumento no quadro de funcionários e qualificação de profissionais são focos prioritários: em novembro de 2021, a taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,6% no trimestre encerrado no mesmo mês, segundo balanço do IBGE. Acompanhando essa expectativa, 61% dos empresários do segmento de TMT declararam que pretendem aumentar o quadro de profissionais em 2022, segundo pesquisa realizada pela Deloitte.
  • Empresas mantêm investimentos em tecnologia e P&D: os investimentos na área serão direcionados a sistemas e ferramentas de gestão e segurança digital (ambos para 98% dos empresários), infraestrutura (96%), gestão de dados (94%), ferramentas de customer marketing (91%), canais de atendimento ao consumidor (81%) e canais de vendas online (67%). Na área de P&D, 80% dos empresários realizarão investimentos ao longo de 2022.

Fonte: Pesquisa “Agenda 2022” realizada pela Deloitte.