Healthtechs revolucionam atendimento médico e laboratorial no Brasil

Segundo o Healthtech Summit 2021, as mais de 900 startups de saúde brasileiras já receberam mais de US$ 235 milhões em investimentos neste ano.


Análise laboratoriais estão entre os serviços oferecidos pelas companhias. (Foto: Divulgação)

O avanço das healthtechs democratizou o acesso aos serviços de saúde, facilitando a vida de muitos brasileiros, seja os que não dispõe de um plano de saúde, de tempo, ou moram em regiões com difícil acesso e poucas opções de hospitais e laboratórios. Tudo isso tem sido amparado pelo uso de tecnologias inovadoras, como é o caso de um laboratório portátil conectado à internet que oferece serviço de exames laboratoriais em redes de farmácia e usa inteligência artificial para acelerar o diagnóstico médico.

“Com os laboratórios concentrados em grandes centros urbanos, a logística de transportar o sangue para suas centrais de análise é demorada e custosa, podendo representar até 40% do valor do exame. A agilidade no diagnóstico e o preço inferior são importantes, já que 70% das decisões médicas se baseiam nos resultados de exames laboratoriais. Logo, quem não tem acesso ao laboratório dificilmente tem acesso a saúde”, afirma Marcus Figueiredo, cofundador e CEO da Hilab, empresa de serviços laboratoriais por meio
de recursos tecnológicos.

Com o olhar atento ao bem-estar dos pacientes, a companhia SafePill desenvolveu uma tecnologia para auxiliar pessoas que passam por tratamento medicamentoso domiciliar. A empresa oferece duas opções de assinaturas em que o paciente recebe em sua casa o box SafePill, medicamentos distribuídos individualmente em saches plásticos, contendo informações sobre a validade e acesso aos dados por QR Code, que possibilita organização, controle e uso seguro dos fármacos.

“No Brasil 23% das idas aos prontos-socorros está relacionada à interação inadequada entre fármacos, sendo que 10% consiste na ingestão simultaneamente de medicamentos com alimentos que podem causar riscos à saúde”, diz Arlei Alves da Silva, cofundador da empresa.

A healthtech já recebeu mais de R$ 4,4 milhões em aportes financeiros de investidores como o Grupo Carone, um dos maiores varejistas do Brasil, e o Hospital Albert Einstein, no qual a companhia participa do Programa de Aceleração, da Eretz.bio. Arlei acredita em um futuro muito promissor para as startups de saúde.

Tempo e dinheiro

Pesquisa recente do DataSenado, mostra que 71% da população brasileira não dispõe de plano de saúde, o que faz com que as healthtechs entrem no radar dos investidores devido aos benefícios práticos. No Brasil, só no primeiro trimestre deste ano, foram registrados mais de US$ 90 milhões de aportes em negócios do segmento, segundo o relatório do Distrito divulgado no começo deste ano. O relatório aponta ainda que o país dispõe de quase 700 empresas trabalhando o conceito saúde alinhado à tecnologia, e a expectativa é que os investimentos cheguem a US$ 400 milhões este ano com a expansão desses serviços.

O diretor médico da Teladoc Brasil, Caio Soares, acredita que a renovação tenológica por meio da telemedicina também veio para ser um facili- tador permanente. Para ele, esse recurso reduz custos e tempo. “Essa transformação digital na saúde é um modelo ganha-ganha, uma vez que também torna a prática da medicina mais fácil e ágil para os profissionais”, comenta.

De acordo com o especialista, a medicina do futuro será cada vez mais individualizada, preventiva e menos paternalista, com participação cada vez mais ativa do paciente. “As inovações na saúde não envolvem somente Inteligência Artificial, machine learning e robôs. Pelo contrário, a popu- larização de smartphones e o acesso à internet móvel, rompeu a barreira entre on-line e off-line, tornando possível a criação de recursos que são mais acessíveis e práticos para os brasileiros de diferentes regiões do país.

Conexão com o paciente

Intersystems confirma painel de telemedicina na Digital Journey |  hospitalar.com
Raimundo Nonato, diretor de Healthcare Business Development da InterSystems no Brasil. (Foto: Divulgação)

A aposta é que atualmente a saúde esteja mais conectada para eliminar barreiras de informações nos processos, melhorando o fluxo de gestão de dados e o relacionamento entre profissionais da área, administrativos e clientes. O pensamento é de Raimundo Nonato, diretor de Healthcare Business

Development da InterSystems no Brasil. A empresa foi responsável por desenvolver a plataforma HealthShare, que usa Inteligência Artificial para envolver o paciente e conseguir seu engajamento pelas facilidades de acessar suas informações, seguir as orientações médicas e transmitir seus dados de volta para avaliação.

“Esse resultado é possível a partir da adoção de uma plataforma de dados interoperável, que traz uma visão integral da saúde, já que possibilita reunir, compartilhar e utilizar as diferentes informações de um mesmo paciente o que permite aproveitamento do machine learning e da IA. Nossa plataforma garante condutas clínicas mais eficazes, com redução de custos e com segurança aos pacientes”, relata Nonato. A companhia atende cerca de 35 milhões de pessoas nos Estados Unidos.

Controle da informação

Hilab conquista a internacionalização e firma parceria com laboratório  europeu Pantest | LabNetwork
Marcus Figueiredo, cofundador e CEO da Hilab, avalia que há melhorias na logística de coleta. (Foto: Divulgação)

Similar ao que aconteceu em outras indústrias, a experiência do cliente com serviços de saúde tem tendência de se tornar cada vez mais digital, com agendamento eletrônico e por meio interfaces inteligentes. O endosso é feito pelo CEO da Americas Health, Rodrigo Teixeira Aquino.

“A segurança e eficiência dos serviços de saúde experimentará cresci- mento exponencial com a automação de tarefas, uso de ferramentas cognitivas no diagnóstico e tratamento de doenças”, diz. O portfólio da empresa inclui gestão de UTI’s, clínicas de imagens, de análises e de hemodiálise, telemedicina, home care, além das próprias unidades hospitalares.


”Em nossas unidades, não utilizamos for mulários ou prontuários em papel, todos os serviços são amparados por uma plataforma de software 100% digital, o que nos possibilita atender com maior agilidade, segurança e utilizar dados para tomada de decisão”, afirma o médico e empresário.