"As ferramentas digitais, de maneira geral, vieram para ficar e isso vem com um desafio", afirma Leonardo Sanchez

Investimento em ciência e inovação tornam o Grupo NC um símbolo do desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional.

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Leonardo Sanchez: investimento em ciência e inovação. (Foto: Matheus Campos/LIDE)

A pandemia do novo coronavírus fez com que a atual geração de líderes empresariais encarasse pela primeira vez uma situação com tamanho impacto em seus negócios. Um momento que exigiu tomadas de decisão ágeis, mas não menos complexas, fez com que empresas e profissionais que já vivenciavam uma profunda transformação cultural em suas rotinas pudessem aplicar, de maneira arrojada, todos os seus esforços contra a Covid-19 e a favor de seus clientes e da sociedade.

Um exemplo que vem do próprio mercado de saúde é o Grupo NC, companhia lançada oficialmente em 2014, mas que acumula uma trajetória de mais de 55 anos, com presença inclusive nos Estados Unidos. O Grupo, de origem brasileira e com sede em Hortolândia, interior de São Paulo, conta com mais de 8 mil colaboradores diretos e 25 empresas, com destaque para a EMS, o maior laboratório farmacêutico no Brasil e líder de mercado há 14 anos consecutivos. De acordo com Leonardo Sanchez, CEO Global da USK – uma das empresas do conglomerado – e membro do Conselho de Administração do Grupo NC, assim como muitas outras indústrias, a EMS, passou por um processo acelerado de transformação digital nos últimos meses devido à pandemia, atingindo inclusive a propaganda médica, que transformou-se em um modelo híbrido de visitação presencial e virtual.

Devido à nova realidade de isolamento social, a propaganda médica virtual foi implementada em tempo recorde de duas semanas, tendo recebido aporte de R$ 500 mil em investimentos. “Com esse novo modelo de trabalho, a média de visitas médicas por mês deve aumentar em 20% no futuro. A expectativa é ampliar o alcance da EMS, que hoje atinge entre 30% e 40% dos 530 mil médicos do País. Novas abordagens de comunicação, oferecendo conteúdos que despertem o interesse do médico e criem maior engajamento, são uma parte importante das mudanças que ocorrerão com essa nova plataforma. Estamos estudando e investindo bastante nessa área, inclusive com ações de telemedicina e teleconsulta – Projeto Médicos Exponencial, que permite consultas a distância –, para levar de maneira ágil e interativa ainda mais soluções inovadoras aos profissionais de medicina, além de ampliar o acesso da população à saúde”, detalha Sanchez.

Ciência em primeiro lugar

A indústria farmacêutica tem tido papel essencial em meio à pandemia ao investir em novas pesquisas. A EMS, por exemplo, tem apoiado três estudos clínicos em parceria com hospitais nacionais de renome para avaliar a eficácia e segurança do uso de hidroxicloroquina isolada ou em associação à azitromicina (antibiótico utilizado no combate a infecções respiratórias) em pacientes com o novo coronavírus e com sintomas graves, moderados e leves. Os esforços estão justamente na busca de respostas baseadas em protocolos de pesquisa robustos e sérios. Os estudos estão sendo conduzidas pela Coalizão Covid-19, formada pelos hospitais Sírio Libanês, HCOR, Oswaldo Cruz, Moinhos de Vento, Beneficência Portuguesa, Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) e BCRI.

“Com mais de 55 anos de história e mais de cinco mil colaboradores, a EMS acredita no potencial da sua equipe que diariamente leva a marca para milhões de pessoas em todo o País, o que mantém o seu crescimento e a expansão acelerada dos negócios. Estamos sempre buscando investir em talentos e capacitar nossos colaboradores para que possam caminhar junto conosco na vanguarda da indústria farmacêutica, ampliando a atuação da empresa em segmentos voltados principalmente à área de inovação e garantindo novas opções de tratamento para a população. Temos quatro fábricas pelo País, investimos consistentemente em pesquisa, atuamos em diversas frentes do setor farmacêutico e atendemos quase todas as especialidades médicas”, descreve o executivo.

No entanto, Sanchez lembra que o setor farmacêutico é um dos mais regulamentados do país e, em alguns casos, a burocracia pode gerar entraves no processo produtivo das empresas. “Soma-se a isso o fato de ser desafiador inovar no Brasil. Apesar desse cenário, o setor farmacêutico é um dos que mais aportam recursos em pesquisa e desenvolvimento para trazer cada vez mais medicamentos e soluções eficazes e seguras em saúde à população”, analisa.

Em termos de infraestrutura fabril, neste ano, o Grupo NC, por meio da EMS, já deu início à construção de uma nova unidade de medicamentos oncológicos injetáveis. “Seguiremos investindo em lançamentos, em infraestrutura fabril, em pesquisa e desenvolvimento, e em projetos e medicamentos inovadores para as pessoas viverem cada vez mais e melhor, pois acreditamos que a indústria farmacêutica tem papel essencial inclusive e especialmente em circunstâncias como a que estamos presenciando”, afirma.

Retomada

A EMS integra a lista das companhias que mantiveram suas atividades durante a pandemia de Covid-19 por prestarem serviços essenciais à sociedade. Por isso, passou a adotar diversas medidas com o intuito de garantir a produção e o abastecimento de medicamentos a população e, ao mesmo tempo, a segurança dos seus colaboradores que continuaram atuando nas fábricas. Por outro lado, cerca de 1600 colaboradores, de diversas áreas administrativas, comerciais e até técnicas, foram colocados em trabalho remoto também em tempo recorde.

Assim como outras companhias, o home office é uma das ações que a EMS e outras empresas do Grupo NC pretendem manter em algumas áreas e para determinadas funções. Sanchez explica que está em estudo uma política e diretriz de trabalho remoto permanente para as atividades possíveis, incluindo a implementação de ferramentas de feedback on-line. “Nossa experiência nesses meses se mostrou positiva e, inclusive, com aumento de produtividade em alguns casos. As ferramentas digitais, de maneira geral, vieram para ficar e isso vem com um desafio para os profissionais de RH, pois precisamos capacitar nossos colaboradores para que eles acompanhem essa revolução. Já estávamos trabalhando e investindo nisso, mas tudo se intensificou e, no pós-covid, o foco muda. Vamos dedicar ainda mais tempo em treinamentos e desenvolvimento de ferramentas e ações, como, por exemplo, as lives. Absorvemos esse modelo para nossos treinamentos, que antes eram presenciais, e hoje podem abranger muito mais pessoas, já que são feitos totalmente remoto. Também estamos intensificando os processos de educação contínua por meio da nossa Universidade Corporativa (UCNC), com módulos de e-learning muito mais abrangentes”, detalha Leonardo Sanchez.

Internacionalização

A EMS deu um passo importante para avançar para outros mercados. No final de 2019, por meio de sua controlada Vero Biotech, localizada em Atlanta, Geórgia, nos Estados Unidos, a empresa obteve a aprovação de seu primeiro produto submetido à FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, posicionando o laboratório como uma empresa de inovação no mercado global. O dispositivo – chamado Genosyl® (DS) – foi, inclusive, utilizado por médicos americanos para tratamento de um paciente com coronavírus em isolamento domiciliar. Essa conquista revela o processo de internacionalização da EMS e consolida a presença entre os grandes players globais.

Além disso, a EMS foi a empresa farmacêutica nacional pioneira, em 2005, na exportação de medicamentos para o continente europeu. O primeiro produto que exportamos foi a Ciclosporina Microemulsão genérica, um medicamento de alta complexidade utilizado por pacientes transplantados, para evitar rejeição do órgão, e, até hoje, é um dos principais produtos exportados pelo laboratório. Atualmente, a EMS está em mais de 40 países, incluindo a Alemanha e a Inglaterra, que apresentam as legislações sanitárias de maior rigor em todo o mundo.