Setor de Telecomunicações chega a US$ 1,1 trilhão de receita, mas projeta crescimento modesto até 2028, diz PwC
Global Telecom Outlook aponta que a IA e o 5G podem destravar o potencial de crescimento do setor.
Ricardo Queiroz, sócio e líder do setor de tecnologia, mídia e telecomunicações da PwC Brasil. (Foto: Divulgação)
A receita global do setor de telecomunicações deve aumentar a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 2,9% até 2028, de acordo com o Global Telecom Outlook, estudo global lançado pela PwC. A projeção é modesta mesmo com aumento de 4,3%, em 2023, da receita total do setor em serviços fixos e móveis, atingindo US$ 1,1 trilhão - a perspectiva para os dados consolidados de 2024 é que esse crescimento desacelere para 3,3%.
A pesquisa constata que a indústria de telecomunicações enfrenta uma perspectiva lenta em meio ao aumento de custos e concorrência, crescimento moderado de assinantes e pressões macroeconômicas e geopolíticas persistentes. O estudo revela, porém, que o lento crescimento global nas receitas gerais mascara grandes variações entre diferentes serviços e países pesquisados.
Entre 2023 e 2028, a receita de banda larga fixa, assinaturas móveis e assinaturas de voz fixa crescerá em CAGRs projetados de 3,8%, 4,3% e diminuirá em -1,8%, respectivamente. Disparidades ainda maiores surgem quando avaliados os diferentes países participantes da pesquisa. Por exemplo, a receita de serviços de telecomunicações em 2024, tanto para fixo (combinando banda larga e voz) quanto para móvel, está agrupada em torno da faixa de CAGR de 0 a 6%, incluindo os EUA e a China. Países como Índia, Nigéria, Egito e Quênia projetam um crescimento ainda maior, enquanto mercados maduros como Japão e Suíça apresentam CAGRs negativos.
Apesar do crescimento do volume no setor, espera-se que a receita média por unidade (ARPU) diminua em média 2% ao ano até 2028, em serviços móveis, de banda larga fixa e de voz. Embora o estudo aponte para um ambiente desafiador que precisa de reinvenção, existe uma grande variação na perspectiva de crescimento entre serviços e mercados.
As assinaturas de banda larga fixa e móvel devem crescer anualmente 3,8% e 4,3% até 2028, respectivamente, enquanto as assinaturas de voz fixa devem diminuir 1,8%. Com base nos 53 países e territórios analisados, as assinaturas fixas devem crescer entre 0% e 6% - com mercados de maior crescimento, incluindo Índia (17,2%), Nigéria (9,2%) e Malásia (9%).
“A indústria de telecomunicações deve reimaginar como cria, entrega e captura valor para enfrentar uma realidade de aumento de custos e concorrência. A valorização do cliente através da oferta de um ecossistema completo e inovador poder ser um diferencial na geração de novas receitas e certamente ajuda na fidelização de clientes”, afirma Ricardo Queiroz, sócio e líder do setor de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT) da PwC Brasil. De acordo com o executivo, a inteligência artificial (IA) pode destravar um enorme potencial da indústria, inclusive nacionalmente.
À medida que novas tecnologias transformam a indústria de telecomunicações, alimentam a demanda por serviços de conectividade e infraestrutura digital e investimento, a IA apresenta uma oportunidade significativa para a indústria de telecomunicações, mas que ainda permanece subutilizada. Essa é outra conclusão da pesquisa da PwC.
“A IA impulsiona investimentos altos em infraestrutura de conectividade digital, mas o setor permanece sensível às forças macroeconômicas e sofre com altos custos operacionais, com quase todo o dinheiro que gera absorvido por capex, dividendos e serviço da dívida. A indústria de telecomunicações deve aproveitar o poder da IA, enquanto trabalha com investidores e reguladores para otimizar a estrutura do mercado e implantar negócios para construir escala”, completa Ricardo Queiroz.
5G deve quadruplicar
Apesar da lenta adesão aos serviços 5G até o momento de forma global, espera-se que as assinaturas para o serviço mais do que quadrupliquem, de 1,79 bilhão em 2023 para 7,51 bilhões em 2028, com sua participação no total de assinaturas móveis mais do que triplicando, de 18,8% em 2023 para 64,1% em 2028.
O estudo indica que o 5G deve tornar-se o padrão móvel dominante a partir de 2026. Uma aplicação específica da tecnologia é o Fixed-Wireless Access (FWA) - que está projetado para ser a tecnologia de banda larga de crescimento mais rápido até 2028, crescendo a uma taxa composta de crescimento anual de 18,3%.
Nesse contexto, o Global Telecom Outlook revela que o ímpeto do capital está mudando decisivamente para a conectividade fixa - ou fibra. Em 2023, o capex total de telecomunicações caiu 2,3%, impulsionado por um declínio de 5,7% na conexão móvel.
No entanto, o capex do setor está projetado para crescer a uma taxa composta de crescimento anual de 2,4% a partir de 2024, impulsionado inicialmente por investimentos em banda larga fixa para implantação de fibra e, mais tarde, por uma retomada no capex móvel à medida que as operadoras se preparam para o 6G.