Inteligência artificial na logística necessita de investimento humano e em infraestrutura
Evento promovido pelo LIDE Paraná reuniu referências do setor logístico para discutir sobre a otimização no transporte e suas implicações no mercado.
Rodrigo Isotton, sócio-diretor da Transjoi. (Foto: Rubens Nemitz Jr/LIDE Paraná)
Apesar do imenso potencial da inteligência artificial (IA) na indústria logística, oferecendo benefícios significativos em termos de eficiência, otimização e economia de custos, tornar essa transformação realidade requer investimentos em infraestrutura, superação de desafios existentes e preparação da força de trabalho para a nova era.
Esse foi um dos temas discutidos no evento promovido pelo LIDE Paraná, que contou com a participação de Thomas Luis, diretor de cadeia de suprimentos para a América Latina na Electrolux Group, Rodrigo Isotton, sócio-diretor da Transjoi, e Reinaldo Woellner Filho, gerente de logística na CNH Industrial.
Para Reinaldo Woellner, é difícil mensurar todo o potencial que a tecnologia pode trazer para o setor, por isso é importante manter a mente aberta e aproveitar o momento para procurar soluções que estão ao alcance a fim de solucionar os maiores desafios de otimização enfrentados na atualidade.
Já Thomas Luis questiona o que o consumidor deseja. Já Thomas Luis questiona o que o consumidor deseja. “Nós testamos o modelo automatizado com o call center de pós-venda, mas não tivemos um feedback positivo. Mesmo com o grande aumento de eficiência, os consumidores preferiram o atendimento mais humanizado, o qual permite uma melhor experiência ao consumidor e mais conexão com a marca”, conta.
Por fim, Rodrigo Isotton trouxe à discussão investimentos de iniciativas privadas e públicas em infraestrutura para proporcionar não só a otimização, como a diminuição de custos e prazos.
“Hoje o consumidor compara a entrega de um objeto pequeno com a de um refrigerador, por exemplo. E analisando friamente, eles estão certos, trata-se de logística nos dois casos”, reflete. “Precisamos trabalhar isso como sociedade, onde precisamos ter investimento para ter a infraestrutura que desejamos e precisamos”.
Outro destaque do evento foi a integração da tecnologia com o trabalho humano, combinando habilidades cognitivas para impulsionar a eficiência e a inovação, ao mesmo tempo em que se concentra em sustentabilidade e bem-estar.
Vias de distribuição
A expansão e modernização da infraestrutura prometem trazer melhorias significativas na logística, o que, por sua vez, impulsionará a economia.
"Os portos do sul e sudeste não têm mais capacidade para suportar toda a produção. Mesmo com as obras em andamento, não conseguirão dar conta, por exemplo, de uma agricultura com quatro ou até cinco safras por ano, como o Brasil é capaz de produzir. Isso resulta em uma grande perda de competitividade. A Arábia Saudita, por exemplo, importa 86% de seu alimento de outros territórios. Os Estados Unidos produzem soja em apenas seis meses do ano, mas ela chega à Arábia três vezes mais barata do que a soja brasileira, mesmo sendo vendida por um terço do valor americano. Isso se deve a questões logísticas, onde o produtor não consegue distribuir tudo o que produz", explica Heloísa Garrett, presidente do LIDE Paraná, que acrescenta: “O aprimoramento da malha rodoviária brasileira exige investimentos robustos e parcerias entre o setor público e privado. A iniciativa privada pode contribuir com expertise e recursos financeiros, enquanto o governo federal deve criar um ambiente regulatório favorável e investir em infraestrutura básica”.