Sustentabilidade: produção no campo deve atender consumidor cada vez mais exigente
Estudo da EY mostra consumidor preocupado com as boas práticas ambientais em toda a cadeia de produção dos alimentos.
Estudo da EY mostra consumidor preocupado com as boas práticas ambientais. (Foto: Agência Brasil)
Garantir a produção de alimentos e outros produtos derivados do agronegócio, como combustíveis (álcool, etanol, biodiesel) e energia (bioenergia gerada com o processamento de produtos como o bagaço da cana-de-açúcar), em harmonia com a preservação do meio ambiente. Esse é um dos principais desafios dos produtores brasileiros, que também devem atender a consumidores cada vez mais exigentes com a origem dos produtos e preocupados com toda a cadeia de sustentabilidade dos alimentos.
“O consumidor não aceita mais ser um elemento passivo na cadeia de produção do agronegócio, seja na parte de alimentos, fibras, combustíveis ou energia. Ele quer saber de onde veio o produto, como foi produzido e os impactos em toda a cadeia, desde a origem até a mesa ou o tanque de combustível do veículo”, explica Alexandre Rangel, líder do Centro de Excelência do Agronegócio da EY.
Levantamento recente feito pela consultoria revela um consumidor cada vez mais preocupado com a origem e qualidade dos produtos que consome, em especial após a pandemia de Covid-19. Segundo o estudo global “Desafios no Ecossistema de Produção de Alimentos”, 50% das pessoas entrevistadas dão mais importância a itens “saudáveis” ou “bons para mim” do que antes da pandemia.
Metade das pessoas ouvidas pela EY nos Estados Unidos também associa o termo sustentabilidade com mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Outros 40% dos consumidores entrevistados afirmam que dão mais importância agora à sustentabilidade no momento da compra de uma mercadoria do que antes da Covid-19.
Os dados revelam um grande desafio para as empresas, que devem se adaptar às novas exigências do consumidor em todo o ciclo de produção, desde a plantação até a mesa ou tanque de combustível, no caso do biodiesel, por exemplo. Para isso, a comunicação correta entre a empresa e o mercado consumidor é essencial.
“O consumidor deixou de ser passivo e passou a ser ativo nesse processo. É fundamental para as empresas assumirem o protagonismo e informar todas as etapas da maneira correta, até para evitar ativismos desnecessários por causa de práticas mal vendidas ou mal explicadas”, diz Rangel.
De acordo com o estudo da EY, o futuro alimentar no planeta será cada vez mais focado no consumidor ecológico e conectado. Será exigido das empresas o controle do ciclo de vida completo do produto, desde a produção da matéria-prima até a promoção para o descarte correto dos resíduos e embalagens.
A comunicação eficiente entre o produtor e o consumidor, em toda a cadeia de produção, também será importante para garantir a fidelização do consumidor e o reconhecimento de que as boas práticas estão, de fato, sendo implementadas. “Hoje em dia, essa comunicação é possível pelas redes sociais e outros meios de comunicação direta com o consumidor”, diz Rangel.
A comunicação entre as empresas também é importante para garantir a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva. Não adianta, por exemplo, o produtor rural se preocupar com o manejo correto de sua plantação do ponto de vista ambiental se a indústria não cumprir o seu papel de sustentabilidade na hora de processar o grão ou a carne. Conforme o estudo da EY, é necessário o desenvolvimento de novos modelos operacionais de compartilhamento de dados de toda a cadeia de produção.
Segundo Rangel, a imagem atual do agronegócio brasileiro no mercado interno e externo é positiva em termos de inovação e produtividade, mas deixa a desejar em relação à sustentabilidade. “A percepção do consumidor é de que o Brasil faz muito em relação ao agronegócio em termos de inovação e produção, mas com custos ambientais altos. Reverter essa imagem, que tem muitos anos, exige um grande trabalho”, completa Rangel.
(Fonte: Agência EY)