Oferta de crédito para emissão de títulos verdes cresce no país
Empresa deve ter uma certificação que comprove compromisso com práticas sustentáveis.
Oferta de crédito para emissão de títulos verdes cresce no país. (Foto: Agência CNI)
A emissão de títulos verdes, sociais e de sustentabilidade alcançou a marca de US$ 700 bilhões, em todo o planeta, em 2020. No Brasil, a oferta de crédito para esses empreendimentos também se mostrou aquecida, registrando uma alta de 20% no ano passado, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Dos R$ 1,73 trilhão do saldo da carteira de crédito para empresas em dezembro de 2020, R$ 376 bilhões foram utilizados em operações destinadas a atividades classificadas como Economia Verde.
O Brasil, uma das maiores potências do agronegócio do mundo e com grandes mercados em bioenergia, tem muito a ganhar com os novos títulos.
“O financiamento está sendo esverdeado. O agronegócio brasileiro vai demandar bastante esse capital com filtro verde por sua pegada social e ambiental. O setor de energia também, por conta da relação da geração energética com a questão climática”, afirma Leonardo Dutra, líder de Consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil.
O financiamento desses projetos deve seguir determinados critérios para ser rotulado como green bonds (títulos verdes). “A empresa que tenha a intenção de comunicar ao mercado que os investimentos que faz possuem o título verde só pode fazê-lo se tiver, de fato, um selo que comprove seu compromisso com este critério, o que só é possível se ela for certificada. Esse tipo de certificação foi desenvolvido como uma ferramenta para ajudar investidores a priorizar investimentos que realmente contribuam para lidar com as mudanças climáticas”, explica Dutra.
A EY tornou-se recentemente uma verificadora aprovada pelo Climate Bonds Initiative (CBI) Standards and Certification Scheme. Para emitir um Título Certificado, um emissor precisa que o título seja revisado por um verificador aprovado. A função do verificador é garantir que os ativos do título atendam às diretrizes ambientais, financeiras e de transparência e divulgação do Climate Bonds Standard.
Para a Climate Bonds Initiative, o potencial de investimentos sustentáveis no Brasil é imenso e o mercado internacional está faminto por projetos verdes. “Verificadores qualificados como a EY são essenciais para investidores que buscam otimizar seu capital e emissores que querem maximizar oportunidades de mercado", afirma Justine Leigh-Bell, vice-presidente da CBI.
Selo verde
Com as metas de descarbonização da economia assumidas por governos como dos Estados Unidos e China (2060) e empresas privadas (2030), os processos de certificação devem crescer na próxima década. “Além disso, temos a figura da autorregulação. A Febraban, por exemplo, fez uma consulta pública de uma taxonomia verde. É uma entidade de classe puxando para si a responsabilidade de parametrizar essas operações para que seu setor tenha igualdade de condições.”
De acordo com Dutra, grande parte das certificadoras afirma que empresas com “selo verde” conseguem taxas de juros mais atrativas. “No Brasil, elas realmente são mais baixas do que as convencionais. Tem um tipo de green bond que é associado a metas. A empresa capta a dívida, se compromete com uma performance socioambiental (aumento de diversidade de gênero ou raça na organização, redução de consumo de água ou emissão de gases de efeito estufa) e, conforme atinge uma meta, tem desconto na taxa. Então é diretamente associado a uma performance socioambiental.”