Contexto de sustentabilidade impulsiona sistemas de energia limpa
Balanço de desenvolvimento econômico, social e ambiental em nível local alavanca projetos.
As políticas para implantar sistemas de energia sustentável em nível municipal são afetadas pelo contexto social, econômico e ambiental em que são empreendidas. Quanto mais enraizados e balanceados forem esses três aspectos do desenvolvimento numa localidade, mais avançado e maduro tende a ser o seu programa de sustentabilidade energética.
Ao investigar a realidade de 727 municipalidades de médio e grande porte da Alemanha, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Laura Lerman, Guilherme Benitez e Alejandro Frank, com seus colegas Wolfgang Gerstlberger, da Universidade Tallinn de Tecnologia, e Vinícius Picanço, do Insper, chegaram a essas conclusões.
A hipótese de que o contexto favorável ao desenvolvimento sustentável deveria ser avaliado com base nos pilares social, ambiental e econômico (triple bottom line, no termo em inglês, ou TBL) é bem assentada na literatura. A inovação do estudo sobre as cidades alemãs foi tentar estabelecer quais dimensões desses três quesitos parecem ser as mais relevantes para impulsionar políticas de energias limpas a depender da característica do município.
Para tanto, os pesquisadores enviaram questionários online a representantes responsáveis pelo desenvolvimento urbano de cidades médias e grandes — onde as inovações tecnológicas das fontes sustentáveis de energia têm mais condições de enraizar-se. As perguntas buscaram discernir aspectos seja dos programas de energia limpa (como cooperação entre atores, geração de conhecimento local e promoção de empreendedorismo verde), seja do tripé TBL nas categorias social (como disponibilidade de empregos), econômica (como financiamento público) e ambiental (como dotação local de recursos naturais).
O passo seguinte foi dividir os municípios em três categorias, conforme o grau de maturidade na promoção de energia limpa, e observar como os diferentes aspectos dos indicadores de desenvolvimento sustentável se conectam com cada uma dessas categorias.
O grupo de cidades com a menor maturidade na promoção de sistemas de energia sustentável também demostrou pouco comprometimento com todos os aspectos de desenvolvimento sustentável — sociais, econômicos e ambientais — testados na pesquisa. Já as localidades com políticas de energia limpa medianamente maduras acusaram uma série de indicadores sociais (como novos empregos verdes), econômicos (como planejamento regional de longo prazo) e ambientais (como disponibilidade de recursos naturais).
No conjunto de municípios com o maior desenvolvimento de políticas de energia sustentável, ressaltou-se a presença de infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento, de salvaguardas para manter os empregos existentes e de promoção ativa da energia limpa.