"Agricultura e a produção de alimentos se mostraram resilientes à pandemia", afirma diretor da OMC
Victor do Prado, diretor do conselho e do comitê de negociações internacionais da OMC, participou do painel sobre segurança dos alimentos nos mercados interno e externo no 9º Fórum LIDE do Agronegócio.
Victor do Prado: agro tem melhor performance na pandemia. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O diretor do conselho e do comitê de negociações internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC), Victor do Prado, afirmou que a agricultura desempenhou a melhor performance diante de outros setores para enfrentar a pandemia.
Prado participou do painel sobre segurança dos alimentos nos mercados interno e externo no 9º Fórum LIDE do Agronegócio, nesta sexta-feira (23). Ele debateu o assunto com especialistas, representantes do poder público e empresários.
"A agricultura e a produção de alimentos se mostraram resilientes à pandemia numa performance muito melhor que outros setores. Entre as razões, está a ineslaticidade da demanda, pois todo mundo precisa comer", disse.
Segundo Prado, a situação do setor favorece toda a cadeia da economia, pois não pode ser tratado como um elemento isolado, já que mantém estreitas relações com indústria e serviço. "Temos de pensar de maneira holística", defendeu.
"Olhando pelo prisma da produção e correntes de comércio, o quadro é positivo e há um imenso estoque de cereais, apesar de estarem muito concentrados. E a OMC pode ajudar como um lugar de diálogo e troca de informações neste momento", projetou.
Marcos Jank: pandemia mudou as paradigmias de saúde, sanidade e sustentabilidade. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Positivo
O professor sênior de Agronegócio Global do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Marcos Jank, considerou que o setor foi único a se manter forte durante a pandemia do novo coronavírus - apesar de ter alterado os "paradigmas de saúde, sanidade e sustentabilidade".
"Com tudo o que a gente pensava em fevereiro, a verdade é que hoje não houve rompimento das cadeias produtivas, nem uma espiral protecionista. Houve uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. A China, inclusive, foi a salvação da lavoura", considerou.
Alexandre de Barros: lideranças agrícolas brasileiras têm que olhar a cadeia como um todo". (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O sócio-diretor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, defendeu que as lideranças agrícolas brasileiras olhem a "cadeia como um todo". Segundo o especialista, é preciso manter o equilíbrio na produção nacional e viabilizar as exportações.
"Nos últimos meses, estamos começando a ver um ciclo de alta nos alimentos e isso está se alastrando. O PIB da China já volta a crescer e, com isso, a inflação de alimentos virou assunto mundial. Os macroeconomistas já afirmam que o consumo vai ser reestabelecido e devemos ter uma regularização no valor das commodities. Soja e milho, por exemplo, subiram do fundo o poço para 30% a 35% no passo de dois meses. Isso será refletido também na carne que vai subir no ano que vem por conta da elevação dos custos de produção".
Fórum LIDE do Agronegócio
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, considerou na abertura do evento que o setor deve construir uma dinâmica atualizada para aumento da eficiência da cadeia produtiva.
“A agenda estratégica do agro paulista e brasileiro é uma peça chave para o país. O agro brasileiro se impôs para o mundo como uma solução de segurança alimentar. A pandemia indicou que nós podemos mostrar que somos confiáveis”.
Gustavo Junqueira: agenda estratégica do agro paulista e brasileiro é uma peça chave para o país. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
A nona edição do Fórum apresenta como tema central “Agronegócio: agenda estratégica”, com discussões sobre segurança dos alimentos nos mercados interno e externo, segurança jurídica e reforma tributária, infraestrutura e imagem do agro brasileiro. O evento ocorreu de maneira híbrida.