Riscos regulatórios e públicos são barreira para transição energética
Apesar da volatilidade geopolítica e das altas taxas de juros, 100% deles concordam que os investimentos em ativos voltados para esse processo sustentável estão aumentando rapidamente.
Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG da KPMG para Américas. (Foto: Divulgação)
Uma pesquisa da KPMG apontou que para 36% dos entrevistados, os riscos regulatórios e de políticas públicas são a principal barreira enfrentada pelos investidores durante o processo de transição energética. Por outro lado, apesar da volatilidade geopolítica e das altas taxas de juros, 100% deles concordam que os investimentos em ativos voltados para esse processo sustentável estão aumentando rapidamente. Essas são as conclusões do recorte brasileiro de um estudo global com 1.400 executivos de 36 países. No Brasil, participaram 50 executivos de 11 setores.
“Mudanças em políticas podem interromper planos de investimento de longo prazo, que é o caso para produção de energia em grande escala, como a proveniente de parques de geração de energia solar e eólica, biocombustíveis, hidrogênio verde e outras, além do necessário investimento contínuo em inovação. Essas interrupções precisam ser contornadas – em um esforço a ser feito por todos os atores envolvidos - para que se mantenha o fluxo de capital para iniciativas de transição energética, não somente para o consumo interno, mas para exportação. Ambientes regulatórios estáveis, transparentes e consistentes melhoram são críticas para investimento em energia limpa e infraestrutura”, analisa a sócia-líder de ESG da KPMG para Américas, Nelmara Arbex.
Perspectivas para próximos dois anos:
O levantamento mostrou que o cenário de investimentos em transição energética deve crescer significativamente nos próximos dois anos, impulsionado pela redução das taxas de juros e dos custos de materiais e por políticas governamentais favoráveis. Entre os participantes, a eficiência energética surgiu como o principal foco de investimento, apontado por 64% dos investidores pesquisados; 40% afirmaram que pretendem priorizar iniciativas voltadas para armazenamento de energia e infraestrutura de rede.
“À medida que a transição energética é acelerada, surgem oportunidades de investimento em diversos setores. Estas são impulsionadas pela necessidade de expandir a capacidade de energia renovável, melhorar a eficiência energética e de recursos e modernizar a infraestrutura relacionada à energia”, explica o sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul, Manuel Fernandes.
O levantamento mostrou ainda o motivo que levam os investidores a escolhem ativos de transição energética. Os que atuam na área financeira são movidos, principalmente, pelo retorno monetário (48%), embora 35% destaquem o desenvolvimento tecnológico como motivação mais relevantes. Já os operacionais enfatizam a independência ou segurança energética (37%), o impacto social (33%), os custos da energia (33%) e a pressão das partes envolvidas (33%).