Otimismo empresarial brasileiro bate recorde no terceiro trimestre,aponta relatório

Segundo estudo da Grant Thornton, 80% dos empresários brasileiros estão otimistas, acima da média global de 74%

Daniel-Maranhao-foto-divulgacao-Grant-Thornton-Brasil-696x410.jpegDaniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil. (Foto: Divulgação)

De acordo com o International Business Report (IBR), estudo produzido pela Grant Thornton, os empresários do middle market estão mais otimistas em relação ao futuro da economia e dos negócios. A pesquisa, que coletou dados de aproximadamente 4 mil lideranças de 31 países diferentes, demonstra um aumento de 14% no Brasil, chegando a 80%. Desde o início do levantamento, em 2019, o otimismo entre os empresários brasileiros nunca esteve tão alto. Já no escopo global, o sentimento cresceu em 5%, alcançando 74%.

Ao ponderar sobre esse movimento, Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, destaca que o dado "é reflexo de outros indicadores, que, por sua vez, demonstram a expressividade econômica e as expectativas do empresariado em relação ao aumento da produtividade e vendas". Nesse sentido, a pesquisa mostra, por exemplo, que o país segue com investimento crescente em plantas e maquinários, atingindo 64%, aumento de 11% em comparação ao trimestre anterior.

Além disso, as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2024, têm sido reavaliadas pelos macroeconomistas. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB deve subir 3,4%, ao invés dos 2,4% previstos anteriormente. Dentro deste contexto de rentabilidade, a expectativa do médio empresariado em relação ao aumento da receita (84%) e do lucro (83%) são indicadores positivos.

"O otimismo dos empresários pode estar vinculado também ao fato de o Brasil continuar sendo um dos destinos prioritários para o investimento direto (IDP), que, durante o mês de agosto, atingiu US$6,1 bilhões. Além disso, as empresas brasileiras passaram por uma transformação estrutural nos últimos anos, impulsionada pelo cenário pós-pandêmico. Nesse processo, as companhias têm buscado se modernizar para melhorar a eficiência dos processos produtivos, investindo em novas tecnologias e revisando modelos de negócios e cadeias logísticas", aponta Maranhão.

Pontos de atenção para o empresariado

Os conflitos no Oriente Médio comprometem a estabilidade macroeconômica no mundo, o que, eventualmente, pode interferir no otimismo do empresariado. "De acordo com nosso estudo, a preocupação em relação aos conflitos geopolíticos diminuiu em 6%, tanto no escopo global, quanto no Brasil. No entanto, permanecem como ponto de atenção.

O cenário faz parte de um complexo xadrez geopolítico, que pode afetar toda a cadeia produtiva e de logística no mundo, com possíveis impactos relevantes na economia global", aponta Maranhão. Além disso, a pesquisa produzida pela Grant Thornton revela que,embora a incerteza econômica tenha diminuído globalmente, ainda é motivo de preocupação para 52% dos empresários.

Outro dado do levantamento global que pode ser interpretado como ponto de atenção é a diminuição da preocupação com burocracias e regulamentações. De acordo com a pesquisa, 43% dos respondentes brasileiros enxergam estes fatores como limitantes, representando uma queda de 17% no índice, comparado ao mesmo período do ano passado. Apesar da redução, o empresariado brasileiro permanece atento às indefinições da Reforma Tributária.

Mercado de trabalho

No que concerne ao mercado de trabalho, os índices também apontam para um cenário mais próspero, o que impacta diretamente no otimismo dos empresários. No Brasil, a atual taxa de desemprego, que está em aproximadamente 6,8%, é a menor dos últimos dez anos, segundo o IBGE. Ainda, 70% dos empresários brasileiros demonstram intenção de contratar novos funcionários nos próximos meses.

No entanto, a parte trabalhista ainda apresenta ressalvas, uma vez que o estudo aponta queda de 5% dos profissionais qualificados, em comparação ao ano passado. "A intenção das empresas de aumentar os salários nos próximos 12 meses é reflexo, também, da escassez de mão de obra qualificada no mercado. Muitos empresários enfrentam dificuldades para preencher vagas abertas devido à falta de profissionais capacitados. Por isso, o aumento no pacote de remuneração surge como uma estratégia para atrair e reter talentos," conclui Maranhão.