Logtechs ganham espaço no segmento logístico e empresas do setor buscam aproximação para maximizar serviços

Com cerca de 300 startups do segmento e investimentos que ultrapassam US$1,3 bilhão, logtechs auxiliam empresas tradicionais a atender crescentes demandas vindas especialmente do comércio eletrônico

Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3, conglomerado de empresas do setor de transporte e logística (Foto: Divulgação)

O avanço tecnológico no setor logístico tem ganhado cada vez mais espaço na economia brasileira. A comprovação dessa realidade vem através do crescente número de logtechs, termo usado para definir as startups que atuam no setor de logística, nos últimos anos. De acordo com o levantamento publicado pela Distrito e KPMG em 2021, o Brasil conta com cerca de 300 logtechs, sendo que 46% delas atuam no ramo de transporte de cargas.

Ainda segundo a pesquisa, os investimentos têm crescido anualmente. Desde 2011, foram destinados US$1,3 bilhão nesse mercado e apenas em 2020, mais de US$187,6 milhões foram direcionados para o segmento. Ao todo, mais de 50% das logtechs brasileiras nasceram entre 2015 e 2020, confirmando que o setor ainda é jovem e está em constante evolução.

Para Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3, conglomerado de empresas do setor de transporte e logística. “As logtechs agem como facilitadoras através de melhorias em todo o processo logístico e, no cenário atual, onde encontramos clientes cada vez mais exigentes, isso acaba sendo um diferencial capaz de destacar essas empresas das demais. Para o setor logístico como um todo, as logtechs trouxeram impactos muito positivos, já que com a chegada da pandemia muitas empresas dobraram seus pedidos e entregas.”

Outro fator que tem impulsionado o segmento nos últimos anos, é o crescimento do comércio eletrônico. Segundo o levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento de mais de 85% do e-commerce brasileiro e pertencente ao T.group, o segmento registrou um faturamento recorde em 2021, que totalizou mais de R$ 161 bilhões, um crescimento de 26,9% comparado ao ano anterior. O ticket médio também registrou aumento, de 8,6% em 2021 em relação a 2020, atingindo a média de R$ 455 por compra.

“As logtechs ganharam ainda mais força nos últimos anos, pois as empresas precisavam atender a todas essas demandas vindas do e-commerce de forma otimizada e inteligente. O desenvolvimento dessa modalidade de empresas impactou inclusive em outros setores para além da logística, já que, com a tecnologia utilizada por elas, ficou possível conectar diversas pontas”, analisa Juliani.

O Grupo MOVE3 tem se envolvido cada vez mais nesse segmento. Apenas em 2021, o conglomerado teve um crescimento de 113%, com investimentos principalmente voltados a tecnologia, novas modalidades de entrega B2C e otimização dos processos. A Moove+, logtech do grupo, tem recebido fortes investimentos para crescer não só no Brasil, como também em Portugal, onde possui uma filial.

“A Moove+, uma das empresas do Grupo, foi criada com o intuito de encontrar soluções eficientes para melhorar o mercado logístico. Devido ao crescimento exponencial do volume de entregas, o Grupo MOVE3 investiu e continua investindo pesadamente em tecnologia operacional, além disso, estamos sempre em busca de novas startups que agreguem valor a nossos serviços, seja desenvolvendo sistemas ou auxiliando nos ciclos logísticos”.

A primeira startup que oficialmente recebeu o aporte financeiro do Grupo MOVE3, em 2022, foi a Go X Crossborder, especializada em soluções para internacionalização e gestão de comércio eletrônico. A empresa atua na expansão de marcas brasileiras para a Europa por meio de presença em marketplaces ou em e-commerces próprios e com a parceria, a Moove+ quer compor o seu ecossistema logístico, complementando o leque de serviços logísticos oferecidos pela empresa.

“Já possuímos, no Brasil, um sistema logístico bem completo e temos também o nosso polo em Portugal, com foco em armazenagem e logística Last Mile. A Go X, vem para facilitar empresas que estão aqui no Brasil e querem expandir para o continente europeu, utilizando nossa base da Moove+ na Europa como ponto de estoque e escoamento. Assim, entendemos que conseguiremos oferecer uma solução mais completa, facilitando toda a parte burocrática dos clientes e agilizando os serviços de forma assertiva”, finaliza o empresário.