Falta de diretriz e de política industrial é maior desafio para transição energética

Na sequência, de acordo com empresários e especialistas do setor de infraestrutura, vem a ausência de linhas de financiamento para a indústria voltadas para esse propósito.

energia eólica_unsplashNa sequência, de acordo com empresários e especialistas do setor de infraestrutura, vem a ausência de linhas de financiamento para a indústria voltadas para esse propósito. (Foto: Unsplash)

A falta de diretrizes e de uma política industrial é o principal desafio para a transição energética, de acordo com o Barômetro da Infraestrutura, estudo produzido pela EY em parceria com a ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base). Quase seis em cada dez (57,3%) empresários e especialistas do setor entrevistados disseram que não enxergam esse direcionamento. Outros 49% afirmaram que faltam linhas de financiamento de transição energética voltadas para a indústria. Para 33,9%, não há mão de obra especializada. Somente 7,7% afirmaram que a indústria já está preparada para atender aos objetivos da transição energética.

Esse cenário, ainda segundo o estudo, é de preocupação quanto aos desafios da indústria em relação à transição energética do país, já que aponta carência de políticas e de infraestrutura adequadas para o processo. A tendência global é que os objetivos de crescimento econômico, cada vez mais ligados a soluções baseadas na natureza, e a busca por segurança energética impulsionem as políticas climáticas dos países, estimulando o investimento na economia verde e ampliando a velocidade das regulamentações de sustentabilidade. Essa constatação, que faz parte do estudo “2024 Geostrategic Outlook”, elaborado pela EY, significa que, na prática, os governos precisam aumentar os incentivos financeiros para adoção da tecnologia verde pelas indústrias, enquanto promovem iniciativas voltadas para a descarbonização.

Ainda segundo o Barômetro, para incentivar o crescimento do investimento em infraestrutura, a redução das taxas de juros é vista como fator crucial por 64,2% dos respondentes. Já 59,8% acreditam que o financiamento interno, especialmente por meio de debêntures incentivadas e de infraestrutura, terá papel significativo. O financiamento externo com proteção contra riscos cambiais é considerado relevante para 50,4% dos entrevistados, enquanto que 38,2% veem os projetos verdes como uma fonte de financiamento cada vez mais importante. Para essa pergunta, podiam ser escolhidas várias respostas, o que foi feito pelos respondentes, demonstrando que, na visão do setor de infraestrutura, não há uma ação específica para incentivar o crescimento do investimento, mas um conjunto de iniciativas convergentes dedicadas ao financiamento.

Por fim, em comparação com o levantamento anterior, permanece a percepção do mercado de que o governo federal é o ente federativo que precisa se esforçar mais para promover investimentos em infraestrutura. Os governos estaduais mantêm a liderança como o ente que melhor adotou decisões significativas para a promoção de investimentos em infraestrutura nos últimos seis meses.