Alinhamento das partes interessadas é crucial para fusão ou aquisição bem-sucedida
Acionistas, investidores e empresa ou empresas submetidas ao negócio precisam ser devidamente preparados para a operação, conhecendo seu papel nesse processo.
Acionistas, investidores e empresa ou empresas submetidas ao negócio precisam ser devidamente preparados para a operação, conhecendo seu papel nesse processo. (Foto: Freepik)
As operações de fusão e aquisição exigem alinhamento entre as partes interessadas para que o negócio seja bem-sucedido. Os acionistas, investidores e empresa ou empresas submetidas precisam ser devidamente preparados, conhecendo seu papel nesse processo. “A abordagem do M&A é geralmente tripartite para contemplar todo o ecossistema que gira em torno da empresa ou das empresas envolvidas. Há também diferenças entre o M&A para empresas familiares, de capital fechado, e para empresas maiores com capital aberto, por exemplo”, explica Thereza Frauches, M&A Senior Manager da EY Brasil. Nas empresas familiares, pode não haver os acionistas, o que aparentemente facilita o processo. No entanto, a dificuldade pode estar em garantir a governança, que, muitas vezes, não existe ou existe de forma muito básica.
“O que também observamos em relação às empresas familiares é que, por serem mais personificadas, com as famílias à frente da operação, a escolha pelo M&A passa menos pelo momento de mercado – se está positivo ou não – e mais pela necessidade de recursos ou de uma guinada em suas prioridades de vida”, diz Thereza. Isso significa que o universo do negócio ou dos donos é mais importante do que o ciclo econômico do país ou do mundo na decisão de buscar uma operação desse tipo. “Muitas vezes, a busca pelo M&A ocorre por causa de um objetivo pessoal, com os sócios querendo se mudar para outro lugar”, afirma. Em momentos de bonança econômica, no entanto, essas empresas, especialmente as que estão se destacando em suas atividades, tendem a ser mais abordadas pela disposição natural do mercado de fazer aquisições.
De qualquer forma, há um checklist para as empresas de forma geral, familiares ou não, que precisa ser observado antes dessas operações. Para os acionistas, a recomendação é conhecer os objetivos pessoais dos sócios; a visão de futuro do negócio e seus recursos de capital necessários; e o nível de relacionamento entre os sócios, assim como a disponibilidade e qualidade do capital humano ligado à empresa.
Já para os investidores, eles devem estar atentos ao cenário macroeconômico; às janelas do mercado de capitais; ao chamado dry powder (capital disponível); e aos movimentos do setor e da concorrência. “Além disso, como já mencionamos, o middle market, que é o segmento das empresas familiares, é movido por fatores próprios, como o momento do empresário. Em períodos de crise, muitas empresas usam o M&A como forma de reestruturação para garantir resiliência e limitar riscos pessoais dos sócios”, observa Thereza.
Por fim, em relação à empresa, a orientação é contar com estratégia e direcionadores de crescimento bem definidos; tese de investimento clara; nível satisfatório de governança; conformidade legal e regulatória; e sistemas, informações financeiras e contabilidade organizados e confiáveis. “Faz parte desse trabalho definir um discurso, uma tese de investimento, para apresentar ao mercado, sabendo ao certo quem abordar. Perguntar-se por que alguém compraria ou investiria na minha empresa integra esse exercício”, diz Thereza. O nível de governança é também muito relevante, assegurando uma estrutura decisória eficaz e a conformidade com a legislação aplicável. Essas regras de governança devem conciliar os objetivos pessoais dos sócios para que isso não seja feito durante o processo de M&A. “A resolução dessas divergências durante a operação desgasta a negociação e pode resultar no seu insucesso”, finaliza a executiva.
Pequenas empresas em alta
Uma das principais motivações de momento para fusões e aquisições está na incorporação das pequenas empresas pelas grandes em setores como tecnologia e TI. “São empresas jovens com inovações bem-vindas para as organizações maiores. A compra dessas empresas é uma forma de inovar rapidamente a partir da sua integração ao negócio. É preciso, no entanto, assegurar que esse processo de absorção da menor não vai tolher sua capacidade inventiva ou inovativa. Esse costuma ser o risco de passar a integrar uma organização maior”, diz Rodrigo Maluf, sócio-líder de M&A na EY Brasil.
Esse movimento foi abordado recentemente em estudo da EY, elaborado em parceria com a Oxford Economics, sobre a percepção de CIOs atuantes em 500 empresas dos EUA de setores como varejo, saúde, manufatura, mobilidade, tecnologia e telecom. A maioria (86%) desses executivos planeja comprar uma plataforma de software de IA generativa ou fechar parceria com esses negócios. No entendimento deles, esse investimento gera mais valor para suas organizações do que construir internamente os sistemas de inteligência artificial.