96% das empresas dizem que seus dados não financeiros têm problemas

Pesquisa ainda revela que 69% dos executivos de finanças entrevistados dizem que os investidores estão fazendo mais perguntas sobre os drivers não financeiros.

sustainable-development-goals-still-life (1)Falta de padronização dos dados é vista como o principal desafio pelos líderes corporativos. (Foto: Freepik)

Praticamente todos os líderes de finanças (96%) dizem que há problemas com os dados não financeiros de suas empresas utilizados para elaboração dos relatórios, incluindo os de sustentabilidade. Apenas 4% não reportam nenhum problema. Essa situação predominante de problemas com os dados ocorre em um cenário no qual 69% dos executivos de finanças entrevistados dizem que os investidores estão fazendo mais perguntas sobre os drivers não financeiros de valor das organizações em comparação com dois anos atrás. Os dados são do estudo "2024 Global DNA of the Financial Controller", elaborado pela EY com base em duas mil entrevistas com líderes financeiros seniores e 815 investidores institucionais, provenientes de 30 países e de 14 setores econômicos.

O principal desafio relacionado aos dados é a variação de formato (faltando, portanto, uma padronização), com 39% das respostas; seguido de inconsistências dos dados, com 35%; de dados incompletos, com 34%; de definições incertas de dados, com 33%; de dados incorretos, com 28%; e de dados desatualizados, também com 28%. Ainda segundo o estudo, além de comprometer a precisão dos relatórios, o dado com problema dificulta a adoção da IA generativa, que precisa de um banco de dados confiável para que possa gerar insights de negócio estratégicos.

Há, no entanto, ferramentas da própria IA generativa que podem ser usadas para corrigir esses problemas apresentados pelos dados. Por meio delas, os conjuntos ou bancos de dados são analisados para que seja identificado rapidamente o problema, permitindo assim corrigi-lo. Mas isso só seria possível se as empresas estivessem usando tecnologia robusta e avançada nos seus processos de finanças, o que, ainda segundo o estudo da EY, não está acontecendo. Quando perguntados se os desenvolvedores estão construindo IA em meio a uma tecnologia ágil e de alto nível, somente 32% dos líderes de finanças responderam que sim. Outros 39% disseram que estão enfrentando um cenário de recursos limitados de TI.

Evolução da tecnologia e investimento no treinamento dos colaboradores

A situação é mais preocupante nos setores de "energia e utilidades" e "produtos do consumidor", com 52% dos respondentes dizendo que têm uma tecnologia limitada ou elementar para fazer a gestão e análise dos dados, incluindo não financeiros e de sustentabilidade, trabalho que envolve, ainda, a integração deles no relatório corporativo. Na sequência, vieram gás e petróleo, com 49%, e private equity, com 45%. Na outra ponta, somente 27% dos respondentes em "bancos de varejo e seguradora" e 29% em "mídia e entretenimento" têm esse mesmo entendimento, o que pode indicar que esses setores estão mais avançados na adoção da tecnologia para gestão dos dados.

Ao mesmo tempo, 70% dos líderes de finanças dizem que precisam fazer mais para colocar em prática iniciativas de treinamento com foco em análise de dados em finanças. Ou seja, além de avançar na tecnologia, há necessidade de treinar os colaboradores para que possam tirar o melhor proveito dela no dia a dia.

Por fim, o estudo mensurou a percepção dos investidores. Para eles, já está evidente a relevância da IA para avaliar os relatórios corporativos, incluindo os de sustentabilidade. Quase seis em cada dez (57%) disseram que seria muito útil o uso de ferramentas de IA que avaliassem a credibilidade e precisão dos dados citados nesses reportes.