Em desaceleração, saldo do crédito deve crescer 0,4% em outubro e levar alta da carteira total para 7,4%
Crescimento do mês deve ser liderado pela carteira destinada às famílias, cuja alta estimada é de 1%, mostra Pesquisa Especial de Crédito da Febraban.
Resultado mantém a tendência de desaceleração do ritmo anual de expansão. (Foto: Unsplash)
O saldo total da carteira de crédito no país deve crescer 0,4% em outubro, mantendo a tendência de desaceleração do ritmo anual de expansão, que deve passar de 8,0% para 7,4%. No mês passado, esse crescimento foi liderado pela carteira destinada às famílias, cuja alta estimada é de 1%, com performance semelhante entre os segmentos livre (1,0%) e direcionado (0,9%), revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, a depender da linha de crédito, de 41% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O levantamento da Febraban é divulgado mensalmente como uma prévia dos dados oficiais, que serão divulgados em 28 de novembro pelo Banco Central em sua Nota de Política Monetária e Operações de Crédito.
De acordo com os dados da pesquisa, no caso da carteira livre, o crescimento deve ser puxado pelo cartão de crédito à vista, devolvendo a queda do mês anterior (beneficiado, dentre outros motivos, pelo maior número de dias úteis no mês). Também foi relevante o desempenho da carteira de financiamento de veículos, que tem mostrado alguma retomada nos últimos meses. Em contrapartida, as linhas do crédito rotativo devem recuar, diante da busca pela redução do risco da carteira pelas instituições financeiras.
Já na carteira direcionada, o crédito rural deve seguir como protagonista. Ainda assim, em 12 meses, a carteira pessoa física deve seguir em acomodação, passando de uma alta de 10,5% para 9,6%.
Já a carteira para empresas, que teve aumento em setembro, deve recuar 0,5% em outubro, refletindo a queda do segmento com recursos livres (-1,4%), puxado pelo movimento sazonal das linhas de descontos (queda em início de trimestre), além de alguma fragilidade ainda em linhas importantes, como o capital de giro.
O segmento com recursos direcionados deve crescer 1,2%, impulsionado pelos programas públicos de crédito. De forma similar, a expansão em 12 meses da carteira pessoa jurídica deve desacelerar, de 4,4% para 4,1%.
“A continuidade da trajetória de desaceleração da carteira já faz parte do cenário, se comprovou em outubro, terá impacto no ritmo de expansão anual, mas ainda assim crescerá em 2023 em ritmo superior à atividade. Devemos esse movimento a fatores que se acumulam ao longo dos meses, como a taxa básica de juros ainda em níveis elevados, alta inadimplência e endividamento e comprometimento de renda das famílias. Ainda não sentimos os efeitos da sequência das recentes quedas da Selic no apetite por crédito, mas nossa expectativa é que isso possa acontecer em breve”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban.
“Em especial, se sairmos dessa discussão sobre a meta fiscal com um resultado positivo, na linha da proposta do Ministro Haddad, é possível que o mercado de crédito comece a dar sinais de estabilização e até de retomada em sua trajetória anual", complementa.
Concessões
A Pesquisa Especial de Crédito da Febraban mostra que as concessões de crédito seguem a tendência assinalada no saldo da carteira e devem apresentar retração mensal de 0,7% em outubro. Quando ajustado pelo número de dias úteis, a queda deve ser mais intensa, de 5,5% no mês.
Esse recuo das concessões, quando ajustado por dias úteis, deve ser relativamente disseminado entre os diversos segmentos, mas aparece de forma mais forte na carteira PJ (-10,8%) devido à sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa. Já na carteira das famílias, a queda deve ser puxada pelo segmento com recursos direcionados, onde o fluxo de novos recursos do novo Plano Safra tende a diminuir com o avanço do programa.
No acumulado em 12 meses, o crescimento do volume de novas concessões deve continuar em trajetória de desaceleração, passando de 5,3% para 4,7%, com perda de fôlego tanto na carteira PJ (de 1,0% para 0,6%), como PF (de 9,1% para 8,2%).