Brasileiros de alta renda têm medo de perder dinheiro com crises econômicas ou investimentos equivocados
Estudo demonstra tendência ao perfil conservador nos investimentos e pouca diversificação nas escolhas de ativos.
Adriana Santos, diretora do Itaú Personnalité. (Foto: Divulgação)
Os brasileiros de alta renda, em sua maioria, se dividem entre a confiança e o medo quando o assunto é futuro financeiro. Pesquisa Itaú Personnalité: Brasileiros e a alta renda, realizada pelo Instituto Locomotiva, revela que embora eles estejam bastante otimistas com as próprias finanças atualmente, considerem ter conhecimento suficiente para tomar decisões sobre investimentos e sintam-se preparados para a aposentadoria, ainda manifestam medo expressivo de perder dinheiro e/ou patrimônio com aplicações malsucedidas, crises econômicas ou golpes na internet.
Dentre os pesquisados, 59% assumem ter receio de errar na escolha dos investimentos, 68% temem perder dinheiro com crises econômicas e uma parcela ainda maior, 71%, admite ter medo de sofrer algum golpe na internet - especialmente entre pessoas com mais de 50 anos (73%). As inseguranças e tensões em relação ao dinheiro identificadas na pesquisa se traduzem em escolhas mais conservadoras. Quase 8 em cada 10 entrevistados (77%) declaram ter entendimento suficiente de finanças para decidir sobre o seu futuro financeiro, mas a maioria ainda se apega a investimentos de menor risco e diversifica pouco.
A renda fixa está na primeira posição entre os ativos preferidos pelos investidores entrevistados. Em segundo lugar estão investimentos em ações – puxados pelo público que se declara arrojado. Na sequência aparecem poupança, fundos de investimentos e fundos imobiliários. O nível de diversificação também é baixo: entre os homens, apenas 29% dizem ter cinco ou mais ativos em carteira. Entre as mulheres, o número ainda é menor: 24%.
“Observamos algumas contradições entre a autopercepção e a prática, mas uma imensa oportunidade de ampliar a educação financeira mesmo entre os brasileiros de alta renda”, diz o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.
“O cliente de alta renda geralmente tem uma vida financeira mais complexa em função das suas conquistas e objetivos para o presente e o futuro e possui pouco tempo em função do estilo de vida profissional e pessoal. Mesmo com esse cenário, é um cliente que busca autonomia na gestão das próprias finanças, mas valoriza uma assessoria especializada – e sobretudo isenta – visando ampliar a rentabilidade com segurança e garantir seus planos para um futuro mais tranquilo. No Itaú Personnalité, entendemos que o gerente e o especialista de investimentos são essenciais para a construção de um relacionamento de confiança e de longo prazo, orientando e apoiando o cliente nas melhores decisões da sua vida financeira e assessorando nos planos de futuro”, pontua Adriana Santos, diretora do Itaú Personnalité.
De olho no futuro
Para 93% dos brasileiros de alta renda, ter planos ou objetivos financeiros futuros bem definidos é fundamental e a maioria declara que se organiza para cumpri-los, embora, na prática, apenas 20% façam o que é considerado um alto planejamento financeiro.
Entre as prioridades, estão a formação de reserva financeira para emergências (para 44% dos entrevistados), formação de reserva para a aposentadoria (41%), construir patrimônio (40%) e deixar patrimônio para a família (35%). Garantir um futuro mais estável é uma das principais metas do planejamento financeiro da alta renda, mas a preocupação latente com o curto prazo também chama atenção: 49% declaram que fazer uma viagem ou passeio está entre os seus principais objetivos financeiros.
Esse fato diretamente relacionado a uma mudança de atitude, principalmente pós pandemia, observada na fase qualitativa do estudo como um ponto de inflexão importante: a alta renda vive um momento de “reajuste” e “reposicionamento” de perspectivas sobre a vida. Entre os entrevistados, 65% dizem ter passado a valorizar muito mais a qualidade de vida após o período de confinamento, recalibrando a relação com trabalho, tempo e dinheiro.