IIF: alta de juros dos Treasuries durante tensão reflete padrão atípico e quebra de correlações
Os Treasuries costumam ser vistos como porto seguro em momentos de turbulência nos mercados, com seus rendimentos caindo diante do aumento da demanda pelos títulos soberanos americanos. Desta vez, no entanto, os papéis de 10 anos contrariaram essa lógica: os juros saltaram quase 50 pontos-base em uma semana, a maior alta semanal desde os atentados de 11 de setembro de 2001, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). A entidade ressalta que os títulos do Tesouro dos EUA vêm apresentando um comportamento atípico desde o anúncio de novas tarifas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
De acordo com o IIF, ao contrário do que ocorreu em crises anteriores, como a pandemia de covid-19 ou a recessão de 2008, as expectativas de inflação não têm puxado os rendimentos para baixo.
"Tarifas podem elevar preços domésticos e limitar a capacidade do Federal Reserve Fed de cortar juros diante de riscos ao crescimento", afirma o relatório.
Outro movimento que chama atenção da instituição é a queda do dólar frente ao euro, mesmo com os juros dos Treasuries em alta.
"Isso sugere uma ruptura nas correlações tradicionais", observa o IIF, que levanta a hipótese de que investidores estrangeiros estejam reduzindo a exposição a ativos americanos. Ainda assim, os dados preliminares não apontam para uma venda generalizada de Treasuries por estrangeiros, e os leilões recentes de títulos de 10 e 30 anos registraram forte demanda, aponta o IIF.
Apesar do cenário incomum, o IIF lembra que há precedentes: após a crise financeira de 2008, os rendimentos também subiram inicialmente. "Possíveis recompras de títulos pelo Tesouro parecem ter estabilizado os rendimentos por enquanto", conclui a entidade.