Ibovespa tenta subir com NY e petróleo, mas patina com juros futuros e setor metálico
Após dois pregões seguidos de baixa, o Ibovespa tenta avançar nesta quarta-feira, 12, em meio à recuperação das bolsas norte-americanas e europeias, além do avanço do petróleo. Os mercados se recuperam após ontem o presidente Donald Trump voltar atrás e cancelar a tarifa extra de 25% sobre aço e alumínio do Canadá. Ainda refletem um possível acordo de cessar-fogo na Ucrânia. Ao mesmo tempo, os investidores avaliam os resultados da inflação brasileira e americana de fevereiro.
A despeito da inflação ainda alta no Brasil, o arrefecimento do indicador CPI dos EUA em fevereiro atenua um pouco o ambiente.
Para Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, a desaceleração do CPI faz com que as apostas de corte dos juros nos EUA ocorra em junho, e não mais em dezembro, o que tende a beneficiar mercados de países emergentes, como o Brasil. "E o presidente dos EUA voltou atrás sobre sua visão em relação a uma recessão, dizendo que a economia vai bombar. Então, os mercados devolvem um pouco as perdas recentes", diz.
Após cair 0,09%, na mínima aos 123.401,85 pontos, o Ibovespa avançou 0,44%, na máxima de 124.048,45 pontos, mas arrefecia a alta (0,19%) a 123.746,62 pontos por volta das 11 horas.
"O mercado parece estar em compasso de espera. Aqui, a atividade tem indo para o caminho de perda de fôlego, ainda que o IPCA tenha acelerado em fevereiro. Temos uma leitura binária", avalia Tales Barros, Head de Renda Variável na W1 Capital
As incertezas com o efeito das tarifas americanas seguem no radar e limitam uma alta forte do Índice Bovespa. "Segue a incerteza cada vez maior sobre tarifação, crescimento global e inflação mundial. Isso atinge diretamente os mercados de riscos, amplia a aversão e agrega mais volatilidade", avalia Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.em comentário matinal.
Por isso, ficam no radar as ações do setor de siderurgia, à medida que as tarifas de 25% sobre aço e alumínio impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil entram em vigor nesta quarta-feira. Os papéis cedem em sua maioria. Também pesa no Ibovespa o avanço dos juros futuros.
Ainda segue no foco a assinatura da Medida Provisória (MP) que reformula o crédito consignado para trabalhadores do setor privado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para hoje.
Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A taxa acelerou a 1,31%, após 0,16% em janeiro. O dado veio perto da mediana de 1,32% das projeções, acumulando 5,07% em 12 meses, incompatível com meta de inflação de 4,50%.
Para o mercado, a Ativa Investimentos avalia que o IPCA pode ser um evento dentro do precificado, mas ainda assim com algum viés para pior, principalmente por conta do comportamento dos serviços subjacentes. Embora esta métrica tenha desacelerado na margem, apresentou um acumulado em 12 meses que avançou de 5,9% para 6,2%, cita a Ativa em nota.
Já o CPI dos Estados Unidos ficou em 0,2% em fevereiro, ante 0,3% no primeiro mês deste ano e também de 0,3% da previsão. O índice pode balizar as expectativas para o juro americano.
Para Calos Lopes, economista do Banco BV, o CPI americano de fevereiro veio "melhor" com destaque para Habitação que, segundo observa, era um componente de preocupação há bastante tempo. "Começa dar sinais de desaceleração. Dá algum conforto adicional para o Fed", avalia.
Já quanto ao IPCA, Lopes pontua que o dado veio "qualitativamente ruim ainda, com serviços bem pressionados, especialmente subjacentes. Núcleos acelerando", afirma.
Apesar da turbulência com Trump, o cenário Base da Monte Bravo segue sendo de inflação acomodando, permitindo ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) fazer três cortes de 0,25 ponto porcentual este ano e uma taxa de 10 anos rodando no intervalo entre 4,00% e 4,50%.
"Nesse ambiente, passado a turbulência, as ações nos EUA devem seguir em alta, impulsionadas por uma economia resiliente e sob o efeito dos ganhos de produtividade da IA", estima em carta mensal publicada hoje.