Falta de planejamento financeiro é o principal motivo de endividamento das novas gerações
Daniel Bergmann orienta sobre a importância da educação financeira no Ensino Fundamental, prevista até pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
A geração millenium é mais propensa do que as anteriores a ter dívidas. (Foto: Freepik)
A geração millenium, hoje na faixa dos 40 anos, a primeira a crescer conectada, é mais propensa do que as anteriores a ter dívidas e leva mais tempo para sair da casa dos pais, comprar um imóvel ou carro. Endividada e sem bens para chamar de seus, como seus pais, a Geração Z (1995 e 2012), hoje na faixa dos 20 e poucos anos, está na mesma situação, enfrentando baixos salários, dívidas e inadimplência. Como preparar os jovens para uma educação financeira melhor?
Recentes pesquisas realizadas pelo Banco Central e Serasa Experian mostram que os jovens brasileiros não estão conseguindo pagar suas contas. A cultura consumista também contribui de forma negativa. O professor Daniel Bergmann, do Departamento de Finanças da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo, especialista em educação financeira e investimentos, explica que os motivos vão desde a má formação financeira até o aumento do custo de vida.
Os jovens precisam encontrar um equilíbrio entre o lazer – em bares, baladas e shows – e o planejamento financeiro. A dica do especialista em educação financeira é a regra dos 50, 30 e 20, ou seja, “50% da renda para necessidades essenciais, 30% para lazer e 20% para poupança ou investimentos, visando a ter uma gestão equilibrada”, explica.
Educação financeira
A educação financeira já faz parte do currículo escolar em vários países, mas aqui no Brasil ainda está fora da matemática das escolas. O professor orienta sobre a importância da educação financeira no ensino fundamental, prevista até pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A falta de um planejamento financeiro na vida jovem pode comprometer de forma significativa sua vida adulta, levando gerações à pobreza, “afetando principalmente a compra de bens duráveis como imóveis e veículos, além de comprometer a capacidade de investimento na educação continuada”, avalia.
Jovens endividados podem sofrem problemas psicológicos sérios. A Universidade de São Paulo disponibiliza um curso de orientação financeira para toda a comunidade. Trata-se do serviço de orientação financeira (SOF). A formação de uma cultura de poupança e planejamento financeiro deve ser incentivada desde a juventude. O desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o equilíbrio entre o consumo presente e a segurança financeira futura é fundamental para o bem-estar econômico.
O uso de ferramentas digitais e aplicativos de controle financeiro podem auxiliar os jovens a monitorar os seus gastos e a manterem uma disciplina financeira. Além disso, é recomendável a busca por conhecimento sobre investimentos, especialmente para aproveitar o poder dos juros compostos no longo prazo. Em suma, a construção de uma base sólida de educação financeira é um passo crucial para evitar o endividamento e promover a independência financeira na vida adulta.