DP World e Rumo devem movimentar 12,5 milhões de toneladas de grãos e fertilizantes por ano

Fabio Siccherino, CEO da DP World Brazil, fala sobre a parceria para a construção de um novo terminal no Porto de Santos.

fabio siccherinoFabio Siccherino, CEO da DP World Brazil, fala sobre a parceria para a construção de um novo terminal no Porto de Santos. (Foto: Divulgação)

A Dubai Port World Brazil, um dos maiores e mais modernos terminais privados multipropósito do Brasil, acaba de fechar um contrato com a Rumo para a construção de um terminal para a movimentação de grãos e fertilizantes.

Em entrevista ao Show Business na Band News, Fabio Sichherino, CEO da DP World Brazil, destacou que a companhia aposta no país e está investindo mais de R$ 450 milhões para ampliação da capacidade. Confira a entrevista exclusiva à jornalista Sonia Racy.

Vocês acabaram de fechar contrato com a Rumo. Pode explicar isso melhor?

Esse contrato é para a construção de um terminal para a movimentação de grãos como milho e soja para exportação e importação de fertilizantes, porque o Brasil é deficitário nesse aspecto.
Esse terminal vai ter capacidade para 12,5 milhões de toneladas de produtos por ano, sendo 9 milhões de exportação e 3,5 milhões de importação.

Fertilizantes é uma operação nova para vocês?

É uma operação nova. Em 2018, iniciamos um processo de diversificação de cargas e, agora, chegamos ao agronegócio, com grãos e fertilizantes.

Vocês operam há quanto tempo no Porto de Santos?

Iniciamos a operação no Porto de Santos em 2013 e trabalhávamos somente com contêineres. Em 2018, iniciamos a movimentação de celulose e agora estamos migrando também para o agronegócio.

Vocês operam em vários portos pelo mundo. A maioria deles é da iniciativa pública ou privada? Como funciona isso?

A maioria é comporta por portos públicos, por concessões portuárias, como é o modelo da maior parte dos portos brasileiros. Em Santos, estamos em um terminal privado.

Você é a favor da privatização do Porto de Santos?

Essa é uma discussão longa, é difícil a gente se posicionar porque esse processo tem prós e contras. Por ser o maior complexo portuário da América Latina, você tem diversos operadores. É difícil encontrar alguém que possa assumir todo esse complexo e assumir um serviço para essa quantidade enorme de operadores portuários que estão lá. O que eu tenho dito é que precisamos encontrar soluções para que a Autoridade Portuária seja mais eficiente, mais rápida na tomada de decisões. Ainda que a gente não consiga fazer a privatização do complexo como um todo, eu acho que a privatização do canal de acesso é muito importante para a economia brasileira.

Como a Autoridade Portuária poderia cooperar com mais agilidade?

O único caminho que a gente tem a percorrer são os caminhos que já estão em discussão, como a concessão do canal, similar ao que está acontecendo no Porto de Paranaguá. Outras modalidades, como o consórcio de operadores, podem contribuir nesse processo. O importante é que a gente tome ações para que isso aconteça no curto prazo.

Qual será o investimento no Brasil nos próximos anos?

Nós anunciamos um investimento de R$ 200 milhões para aumentar o berço de atracação. Outros R$ 250 milhões serão novos equipamentos que serão incorporados, compondo um investimento total de R$ 450 milhões para ampliação da nossa capacidade.
O projeto da Rumo é de cerca de R$ 2,5 bilhões e está em fase final de licenciamento, depois, são mais 30 meses de obras.

Como você vê as nossas regras de comércio exterior?

O Brasil ocupa a oitava posição entre as maiores economias globais, mas a nossa participação no comércio é muito pequena, cerca de 1,3%, o que é incompatível com o tamanho do nosso país. Estamos passando por um processo de desindustrialização e precisamos mudar isso. A expectativa é que a reforma tributária contribua para a competitividade da indústria brasileira.

A DP World quer investir no Brasil?

Sem dúvida, os movimentos de investimentos que já fizemos demonstram o interesse da companhia e, agora, temos outros dois segmentos que estamos investindo no Brasil. Um deles é oferecer serviços porta a porta aos nossos clientes: pegamos na China e entregamos diretamente para o cliente, sem dor de cabeça. É uma estratégia global e, para isso, nos últimos meses abrimos 100 escritórios internacionais para esse tipo de operação, e temos planos de abrir mais alguns ainda este ano.

Quais são os diferenciais da companhia?

Temos 82 terminais portuários pelo mundo, com muita conectividade global. Usando nossa rede de ativos e terceirizando operações, conseguimos oferecer um produto mais competitivo no mercado.