Inovação digital é pilar para mineração do futuro, aponta estudo

A digitalização dos ativos e o avanço da tecnologia autônoma começam a ser adotados em larga escala e vão revolucionar a forma como a sociedade obtém seus minerais.

Inovação digital, produtividade e atração, e qualificação de força de trabalho são pilares para a mina do futuro. A constatação é do estudo “Riscos e Oportunidades de Negócios em Mineração e Metais no Brasil”, que acaba de ser divulgado pela EY em parceria com o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração). 

A pesquisa – que ouviu executivos das dez principais empresas mineradoras do Brasil, em março deste ano – mostra que a digitalização dos ativos e o avanço da tecnologia autônoma começam a ser adotados em larga escala e vão revolucionar a forma como a sociedade obtém seus minerais. Novos modelos de negócio como a exploração da cadeia do hidrogênio e as parcerias estabelecidas com setores como o automotivo sinalizam novas fronteiras de diversificação de receita.  

“Temos visto a transformação digital remodelando muitos negócios. Quando olhamos o setor mineral, há várias oportunidades, especialmente nos ganhos de segurança operacional”, afirma Leonardo Dutra, líder de consultoria na área de Mudança Climática e Sustentabilidade da EY. A tecnologia de reconhecimento facial, por exemplo, pode identificar fadiga em trabalhadores e a vigilância em tempo real de barragens de rejeitos pode permitir remediação precoce.  

Para Eduardo Ayroza Galvão Ribeiro, CEO da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), uma das participantes do estudo, a transformação digital é importante para toda a cadeia de valor da companhia, desde os fornecedores até os clientes. “A digitalização de ativos envolve insumos, peças e processos. Isso traz ganhos com relação a custos de operação, à qualidade e à eficiência.”  

Segundo Ribeiro, quando a empresa faz uma melhor gestão dos ativos, da qualidade e do processo, há impacto direto na segurança das pessoas e na questão do carbono zero. “Prever falhas está diretamente relacionado com a questão de segurança. Toda a digitalização serve para um melhor planejamento da lavra, um melhor entendimento geológico e, consequentemente, melhor uso desse recurso mineral. E, no caso de empresas que, além de mineração, têm etapa de metalurgia e siderurgia, a recuperação da área está conectada com toda a questão de carbono zero. Vejo o Brasil bem competitivo com relação à tecnologia digital”, afirma.  

Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY, afirma que o Brasil tem grande potencial para capturar vantagens competitivas na cadeia global no tema da descarbonização. “Temos uma matriz energética mais limpa, devido à fonte hidráulica, o que nos põe em boas condições na corrida da transição energética. Para transformar esse desafio em oportunidade, porém, as mineradoras precisam também desenvolver suas fontes renováveis, além de investir na extração de minérios cada vez mais demandados por inovações na indústria, como níquel, titânio, cobre e lítio”, completa. 

O CEO da Anglo American, Wilfred Bruijn, salienta que é necessário o tema inovação digital ser prioridade nas discussões e nas ações dos diretores das companhias. “Segurança é o foco. Quando falamos de futuro, só haverá futuro se a gente conseguir, coletivamente, garantir que qualquer pessoa que vá trabalhar no setor de mineração não sofrerá nenhum incidente e acidente. A segurança é fundamental e, com toda a tecnologia que vem nos apoiando nessa jornada, não podemos esquecer que entre todas as ferramentas e a transformação digital existe um ser humano.” 

Fonte: Agência EY
Foto de capa: da Agência Brasil