‘Todos nós estamos afetados pela nossa saúde mental’, afirma Arthur Guerra no Fórum Saúde LIDE
Empresários, médicos e especialistas reuniram-se na CASA LIDE para falar sobre o futuro da saúde.
Evento reuniu empresários, autoridades e especialistas na CASA LIDE, em São Paulo. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
Em consonância com o setembro amarelo, a pauta da saúde mental foi destaque no Fórum Saúde LIDE, que ocorreu nesta segunda-feira (18) na CASA LIDE, em São Paulo. O cenário pós-pandêmico foi lembrado pelo médico psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental, Arthur Guerra, que alertou que apesar das perspectivas iniciais de melhora neste contexto após a covid-19, as doenças ligadas à saúde mental estão mais latentes na população brasileira.
Arthur Guerra, médico psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
“Todos nós estamos afetados pela nossa saúde mental. De cada 3 pessoas, uma tem problema sério”, afirmou Guerra.
Esse número impacta diretamente no desenvolvimento não só pessoal, como no profissional, com queda de produtividade e prejuízos financeiros, como trouxe em um exemplo o médico psiquiatra exemplificou. No caso, o olhar da empresa para a saúde mental de seus funcionários e aplicação de ações fez com que 93% dos pacientes melhorassem os sintomas e tivesse uma economia de R$ 4 milhões no período de quatro anos.
Para o executivo, o segredo da conquista de bons resultados é o diagnóstico precoce e a redução das barreiras de acesso de tratamento, que hoje, já contam com possibilidades de estabilização rápida dos casos. Ainda neste contexto de diagnóstico rápido, a médica neurologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e professora da UNIFESP, Gisele Sampaio Silva, trouxe ao debate a realidade das doenças neurológicas como AVC e enxaqueca, que ainda não recebem importância necessária na sociedade.
Gisele Sampaio Silva, médica neurologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e professora da UNIFESP. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
Gisele destacou que essas doenças, além de poderem ser causas de morte, são fatores determinantes para a perda de qualidade de vida dos pacientes por anos. Para evitar esse sofrimento, a médica é enfática ao defender a prevenção com o diagnóstico e tratamento da hipertensão e a inserção de uma vida mais saudável. Alexandre Kaup, médico neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, também discursou sobre enxaqueca e deixou claro que a doença não está ligada ao que se como ou estresse que se passa, pois é genética.
Alexandre Kaup, médico neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
De acordo com Kaup, são 30 milhões de portadores da enxaqueca no Brasil, tendo 600 mil crises por dia- dados que refletem em impactos financeiros negativos de R$ 67 bilhões de reais por ano no país. O médico participa do primeiro estudo clínico, nacional, randomizado com canabidiol, canabigerol e THC para o tratamento da doença.
Medicina tecnológica
O debate sobre o uso da Inteligência Generativa na saúde também foi colocado à mesa durante o Fórum, principalmente o papel de democratização da assistência e passo importante na agilidade de diagnósticos, como mostrou Jean Gorinchteyn, professor e médico infectologista, que reforçou que é preciso trazer para a população o direito justo e garantido, e não apenas privilégio.
Giovanni Cerri, médico radiologista, secretário da Saúde de Estado de São Paulo (2011-2013) e presidente do InovaHC. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
Neste sentido, Giovanni Cerri, médico radiologista, secretário da Saúde de Estado de São Paulo (2011-2013) e presidente do InovaHC, lembrou que há cinco anos a previsão era que a IA substituiria o médico radiologista, o que não ocorreu, no entanto, destacou que hoje os radiologistas que não usam essa tecnologia vão ser substituídos por aqueles que já introduziram em seu dia a dia.
Fórum Saúde LIDE (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
De acordo com Cerri, nos próximos anos a inteligência artificial vai impactar e auxiliar na simulação de casos para treinamentos de estudantes, médicos e especialistas, assim como os dados sintéticos que ajudam a inteligência artificial a refinar o conhecimento vão possibilitar que os dados pessoais do paciente não sejam usados. Apesar dos pontos positivos, o médico radiologista alerta que “IA não tem compromisso com a verdade”, o que não exclui a necessidade de revisão por parte dos especialistas.
Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, apresentou a força da IA na medicina atual com os projetos implementados na Amazônia que permitem diagnóstico mais rápido, como o banco de dados de imagem que classifica fotos de smartphones a probabilidade de uma lesão cutânea ser leishmaniose ou outras doenças infecciosas.
Equilíbrio é o caminho
José Eduardo Cardozo, advogado e professor do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e Ministro da Justiça (2011 a 2016). (Foto: Fredy Uehara / Uehara Foto & Vídeo)
No último painel do Fórum, José Eduardo Cardozo, advogado e professor do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e Ministro da Justiça (2011 a 2016), discursou sobre a atual insegurança jurídica no âmbito da propriedade intelectual. Segundo Cardozo, em uma sociedade capitalista como a brasileira, e regida por uma Constituição, é preciso que se entenda que a propriedade intelectual tem dimensão individual e dimensão social.
“Vivemos uma época de pouco diálogo. Pouca tolerância. Temos uma dificuldade imensa de refletir”, pontuou o advogado. Reforçando que o único jeito de se conquistar a segurança jurídica neste assunto é encontrar o equilíbrio entre as partes por meio do diálogo, sabendo escutar os divergentes, sem que os extremismos ganhem a discussão.