Governadores defendem pragmatismo, reformas e estabilidade para atrair investimentos ao Brasil no LIDE Brazil Investment Forum
Lideranças estaduais apresentam experiências de sucesso e cobram foco em competitividade, segurança jurídica e menos ideologia para destravar o desenvolvimento.
Enquanto o Brasil disputa espaço no radar dos grandes investidores internacionais, governadores de diferentes regiões do país apresentaram no LIDE Brazil Investment Forum, em Nova York, suas visões sobre o caminho para fortalecer a economia nacional. Em comum, todos defenderam um modelo de gestão pragmático, baseado em reformas estruturantes, estabilidade institucional e uma relação madura com o setor privado.
Reformas e responsabilidade fiscal como base do desenvolvimento
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite destaca as reformas estruturantes de seu governo. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, destacou que enfrentar temas impopulares é essencial para criar um ambiente de negócios saudável. Ele apresentou o caso gaúcho como exemplo de transformação:
“Implementamos o maior conjunto de reformas entre os estados brasileiros. Fizemos a reforma previdenciária igual para civis e militares, algo inédito. Também reformamos as carreiras do serviço público, vedando benefícios como anuênios, triênios e quinquênios. Isso permitiu reduzir o comprometimento da folha de 80% para 60% da receita corrente líquida.”
Leite ressaltou que essa agenda permitiu ampliar investimentos e melhorar a segurança pública: “Fizemos tudo isso não apenas fazendo o que é certo, mas fazendo do jeito certo, sem passar por cima de ninguém, sem brigar com as pessoas, brigando com os problemas.”
Segurança jurídica e estabilidade institucional são inegociáveis
Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, defende menos ideologia no processo de desenvolvimento do país. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
Para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o principal desafio do Brasil é garantir previsibilidade para investidores. Ele foi enfático ao afirmar:
“O que nós precisamos é ter um olhar de futuro e deixar de lado as ideologias. Desenvolvimento se faz com pragmatismo, com responsabilidade, com segurança jurídica.”
Ibaneis ainda destacou que Brasília, além de centro político, se consolida como polo logístico e de serviços, com 16% de sua balança comercial vinculada aos Estados Unidos, movimentando cerca de US$ 328 milhões por ano.
Ambiente pró-negócios e eficiência como diferencial competitivo
Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, destaca indicadores do estado. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
De Santa Catarina, Jorginho Mello trouxe um discurso direto sobre a relação do Estado com o setor produtivo. “Quem paga boleto tem privilégio em Santa Catarina. A gente deixa de cobrar o ICMS para ele pagar depois, conforme o número de empregos que gera e o volume de investimento. A empresa é tratada no tapete vermelho.”
O governador catarinense destacou ainda que o Estado lidera indicadores como proporção de empregos formais e menor dependência de programas assistenciais. “Santa Catarina é um Estado que pula o Brasil. Pela qualidade do seu povo, acima de tudo”, resumiu.
Autonomia dos Estados e vocação produtiva como alavancas
Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defende mondelo político menos centralizado. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu uma descentralização maior das decisões econômicas, inspirada no federalismo americano:
“Precisávamos de ter uma cópia mais ou menos americana, onde os estados têm mais prerrogativas para legislar. O modelo tributário europeu não tem nada a ver com o Brasil.”
Caiado criticou a “incompetência em desenvolver tecnologia e inovação” e alertou: “Se continuarmos como país acessório na venda de commodities, estaremos sempre em desvantagem.”
Infraestrutura e inovação para fortalecer cadeias produtivas
Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, alerta sobre a necessidade de pragmatismo na política. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
Raquel Lyra, de Pernambuco, apresentou uma visão integrada de desenvolvimento, combinando investimentos em infraestrutura, inovação e educação. Ela foi direta ao cobrar foco e pragmatismo:
“O Brasil é local e foco de investimentos. Mas precisamos garantir que esses investimentos aconteçam e que a gente não fique fazendo discurso que não finca o pé na realidade.”
Lyra destacou projetos como a concessão de saneamento de R$ 28 bilhões, expansão do Porto de Suape e o InovaPE, com R$ 1 bilhão em ciência e tecnologia.
Confiança e governança como fatores-chave para destravar investimentos
Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, alertou sobre a insegurança jurídica. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, apontou a instabilidade institucional como barreira para o desenvolvimento econômico:
“Não há como o Brasil querer falar no verdadeiro investimento internacional se ele não tiver uma regra clara para concessões, se não tiver uma regra clara para aqueles negócios que vão ser implantados no país.”
Castro destacou exemplos de investimentos robustos no Rio, como o Porto do Açu e centros de inovação da GE, Cisco, Microsoft e Intel, e alertou: “Quem não estiver alinhado à agenda ambiental e de sustentabilidade ficará para trás na disputa por capital.”