IDV projeta crescimento real nas vendas do varejo para os próximos três meses
Pela primeira vez em oito meses, o IAV (Índice Antecedente de Vendas) projeta crescimento real das vendas no varejo para fevereiro, março e abril.
O último período em que o indicador apresentou um crescimento real foi em abril de 2022. (Foto: Unsplash)
Os últimos dados apresentados pelo IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo) para janeiro mostram um crescimento nominal de 6,1% nas vendas em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Apesar de positivo, esse valor é inferior ao observado em janeiro de 2021 e 2022. Em termos reais, quando descontado o IPCA, janeiro deste ano apresentou crescimento de 0,3%.
O último período em que o indicador apresentou um crescimento real foi em abril de 2022, tendo essa série de retrações sido, desde então, um reflexo do período de alta inflação e desafios macroeconômicos ocorridos ao longo do segundo semestre do ano passado.
O resultado nominal de 6,1% realizado em janeiro foi 2,1 pontos percentuais acima do que havia sido previsto em dezembro. Já as projeções de crescimento dos próximos meses, feitas em janeiro, também foram revisadas para cima. A expectativa nominal para fevereiro saiu de 4,8% para 6,8%, e a de março foi de 5,1% para 8,0%, tendo abril apresentado sua primeira projeção de 7,2%, sempre em comparação com os mesmos períodos do ano anterior.
Em termos reais, as projeções de crescimento para fevereiro, março e abril foram de 1,3%, 3,5% e 3,2%, respectivamente.
As projeções são feitas a partir dos dados individuais que cada empresa associada ao IDV informa em relação à sua expectativa de faturamento para os próximos três meses. Esse conjunto de 71 empresas representa, aproximadamente, 20% do total do faturamento do varejo brasileiro.
IAV Setorial
Para o setor de supermercados, hiper, alimentação, bebidas e fumo, o resultado nominal realizado em janeiro foi de 5,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, valor acima do previsto em dezembro, quando estimava uma retração de 1,5%. As previsões feitas para os próximos meses também foram revisadas de 1,0% para 6,6% para fevereiro, e de -0,8% para 6,5% para março. A primeira projeção para abril foi de um crescimento de 6,7%, refletindo a expectativa das vendas impulsionadas pelo período da Páscoa.
O setor de material de construção apresentou, em janeiro, crescimento nominal de 1,5%, consideravelmente abaixo do valor previsto em dezembro, que foi de 7,3%. As projeções feitas para fevereiro foram ajustadas de 7,0% para 5,6% e, para março houve um pequeno ajuste de 7,9% para 7,7%. Já abril apresentou uma projeção de 7,6%, sempre em comparação com os mesmos meses do ano anterior. A mudança de perspectivas vem em consonância com os altos custos da construção, tendo o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) acumulado em 12 meses apresentado um resultado de 9,05%, e as elevadas taxas de juros, que encarecem o crédito.
Já o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria cresceu nominalmente 13,1% em janeiro, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, em linha com o resultado realizado em janeiro dos últimos três anos, porém 1,9 ponto percentual abaixo do que vinha sendo previsto em dezembro. As projeções para os meses seguintes sofreram pequenos ajustes, passando de 18,5% para 16,8% em fevereiro, e de 17,3% para 15,3% em março, tendo abril apresentado a estimativa de 14,2%.
O setor de móveis e eletrodomésticos realizou um crescimento nominal de 7,2% em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano anterior, sendo este resultado 0,5 ponto percentual abaixo do que havia sido previsto em dezembro. Esse crescimento do setor segue no patamar dos resultados apresentados desde outubro/22, quando apresentou um crescimento de 8,0% após um período de seis meses de retração. Para os próximos meses há uma expectativa de crescimento de 6,4% em fevereiro, 11,4% em março e 15,1% em abril. As previsões feitas em janeiro revisaram as anteriormente feitas em dezembro em 0,3 ponto percentual a mais para fevereiro e em 1,9 ponto percentual a mais para o que vinha sendo previsto para março, sinalizando melhora das expectativas de vendas do setor.
Em relação aos resultados do setor de tecidos, vestuário e calçados, houve um crescimento nominal de 23,2% em janeiro em relação a janeiro de 2022, valor bastante acima da previsão, que era de 12,8%. Esse resultado pode ter sido impulsionado pela retomada do consumo em relação ao período pré-pandemia e pela retomada do carnaval após dois anos de proibições de aglomerações por conta da covid-19. As projeções para fevereiro foram alteradas de 16,7% para 18,6%, e de 27,2% para 28,4% em março, sendo seguida de uma perspectiva de 17,2% para abril.
O setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico apresentou, em janeiro, um crescimento nominal de 15% em relação ao mesmo mês do ano anterior, sendo este valor 0,2 ponto percentual abaixo do previsto em dezembro. Em relação às previsões para os próximos, pequenos ajustes foram feitos para fevereiro, saindo de 12,0% para 11,9%, e março, no qual o ajuste também seguiu na linha de redução de 0,1 ponto percentual indo de 13,2% para 13,1%. Para abril, a expectativa é de um crescimento de 11,4%.